Quando se desmente aqui, todos os dias, a armação catastrofista que se monta para a economia brasileira, não se está, como sempre acentuamos, dizendo que é ótima situação de nossa economia ou que a política econômica é a mais correta.
Mas a crítica que se faz à economia brasileira, quase toda ela, parte do olhar “mercadista”, que ataca seus pontos positivos e faz toda a forçado mundo para nos empurrar a políticas recessivas, quase uma onipresença na vida brasileira.
Pois é justamente o medo de romper decididamente com políticas assim que tem sido o, chamemos assim, “limitador de velocidade” do crescimento brasileiro.
O economista João Sicsú, da UFRJ, e um dos principais colaboradores de Márcio Pochmann no Ipea durante o segundo governo Lula, é uma das vozes que faltam – como o é o próprio Pochmann – no debate econômico interno do Governo.
Como qualquer pessoa de bom-senso, reconhece que a deterioração da confiança empresarial na política econômica é um dos fatores de “travamento” do crescimento do investimento e, por conseguinte, da economia.
Mas também entende o óbvio: que essa confiança se dá a partir da existência de uma política econômica com horizontes bem definidos, onde o varejo da administração da economia jamais ofusquem os objetivos da política econômica.
Quando não os deixamos claro, quando não o transformamos numa causa, capaz de animar os agentes econômicos, passamos, como agora, a administrar por balancetes, onde cada índice quinzenal, melhor ou pior, assume o controle de nossos pensamentos e ações.
O artigo que ele acaba de publicar na CartaCapital deixa bem claro que nos ocorreu esse mal do pensamento “in the box” dos economistas conservadores – embora muitos deles nem o sejam, do ponto de vista político e e de viés ideológico.
Não atrairemos o interesse dos investidores, do capital, porque somos ideologicamente confiáveis . O que nos torna atraentes é nosso mercado interno, como é, por exemplo, o mercado chinês o que torna “adoráveis” aqueles comunistas de olhos puxados.
Ele, muito mais do que qualquer “tripé macroeconômico”, foi o responsável pelo ciclo virtuoso do “nunca antes na história deste país”.
Claro que ninguém está querendo romper com a responsabilidade na gestão da economia.
Mas, em nome dela, não se pode abolir o sonho.
Na economia, como na política, precisamos lembrar sempre que são os desejos e as necessidades do povo o que deve guiar nossos passos e, antes disso, nossas mentes.
A campanha eleitoral, também neste campo, é momento espetacular para relembrar isso e reaproximar nossos laços.
O povo precisa tanto de um governo para administrar quanto de um governo para sinalizar seu caminho.
Foi o que mudou do primeiro para o segundo governo Lula.
E deve ser o que mudará no segundo Governo Dilma.
Afinal, o segundo mandato é o último. E é nele que se define se alguém veio para governar ou para liderar.
João Sicsú
Sem dúvida que em 2013 o nosso crescimento foi semelhante ao crescimento mundial, excetuando o crescimento chinês que foi muito superior. Mas isto foi apenas uma coincidência. O crescimento mundial não é causa determinante do nosso crescimento e nem deve ser motivo para conformismo. Afinal, a economia brasileira conquistou certo grau de autonomia em relação à dinâmica mundial. Temos um montante bastante elevado de reservas internacionais, mas mais importante: construímos nos últimos anos um enorme mercado de consumo de massas com mais de 130 milhões de brasileiros.
Em 2009, reagimos à crise internacional apoiados no nosso mercado doméstico. A economia brasileira, em 2009, tropeçou, mas não caiu em profunda recessão tal como diversos países com economias relevantes. Portanto, o Brasil conquistou algum grau de imunidade. Então, se este argumento valeu para 2009, deveria valer para 2013.
Há influência do preço internacional de commodities e do modesto crescimento mundial sobre o desempenho da economia brasileira. Isto não pode ser descartado da análise, mas o ponto relevante está no Brasil, está na política econômica que foi adotada em 2011. Naquele ano decidiu-se derrubar a trajetória impetuosa de 2010, de crescimento de 7,5%, que assustou os economistas que optam por decisões conservadoras em nome da gestão rotulada de responsável.
Política monetária e fiscal restritivas com câmbio em valorização foi a direção adotada em 2011. A crise internacional somente emergiu no 4º trimestre daquele ano. O resultado foi uma queda da economia que ingressou na trajetória de crescimento dos 2%. A trajetória de 2007-2010, a despeito da leve recessão de 2009, estava no patamar de 4,5%. O redirecionamento de 2011 não foi responsável apenas pelo resultado de 2011, crescimento de 2,7%. O que houve foi a mudança de patamar para uma nova trajetória de crescimento (saímos da trajetória de 4,5% e ingressamos na trajetória dos 2%). O choque conservador de política econômica de 2011 desmontou o cenário de expectativas positivas que emergiu do período 2007-2010.
Quando a economia ingressou no patamar de modesto crescimento, optou-se pela política de redução de juros e isenções tributárias variadas. Buscou-se incentivar uma economia que tentava se proteger da falta de demanda esperada por seus produtos. Foi inócuo: é o mesmo que dizer para os empresários investirem somente porque o crédito está mais barato e houve aumento do volume de recursos para o autofinanciamento. A questão mais importante é que faltava motivação devido ao clima geral de desaquecimento internacional e nacional provocado pela própria política econômica de 2011.
Há condições de retomar o patamar de trajetória de crescimento do período 2007-2010. Afinal, a realidade econômica não se deteriorou – apesar da nova trajetória de crescimento modesto. O desemprego continua baixo. O investimento voltou a crescer. A inflação é moderada e está controlada. O endividamento público está em nível saudável. Basta ousadia, autonomia e responsabilidade para mudar a política econômica. A economia brasileira precisa de uma política fiscal anticíclica, uma política monetária de juros baixos e um câmbio equilibrado para que a indústria tenha produtos competitivos nos mercados doméstico e internacional. O caminho atual de uma política econômica em zigue-zague, varejista, coloca os investimentos, variável-chave do crescimento continuado, em situação crítica de stop-and-go (tal como é mostrado no gráfico).
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Tem que retirar do banco central a capacidade de definir tx de juros. eles querem controlar preço do pepino com aumento da selic. Estabelecer uma tx de juros de 0% ou no máximo 1% ao ano.Com esta medida os governos,federal,estaduais e municipais deixarão de pagar juros 200 bi/ano, podendo fazer investimentos em infraesturas e em melhorias dos serviços. As dividas de estados e municipios têm que ser renegociadas.
Que linda a criação da Bandeira do Brasil...
Estamos vivendo momentos criativos em nossa
Nação, há perigos, sim há...Mas é bela nossa
Nação..