Flávio Bolsonaro e Marcelo Odebrecht ocuparam hoje as manchetes dos sites de notícias.
São dois “filhos” – nada demais, todos somos, apesar de, no discurso do presidente, só termos como comprovante que papai e mamãe transaram aquela amarelada certidão de nascimento.
Mas, apesar de não estar escrito nelas o sobrenome “filho”, ambos são o que são apenas por serem filhos.
No fundo, esta é a “profissão” de ambos.
Fizeram, de per si, quase nada ou rigorosamente nada.
Tornaram-se adultos no mando, administrando pedaços do que já estava pronto, brandindo o sobrenome que, nas suas atividades, abria portas e negócios.
Tudo podiam, porque o poder do dinheiro e da política herdado lhes permitia.
Agora, na desgraça, tomam atitudes opostas no sentido, mas semelhantes na natureza.
Um ergue-se contra o pai que lhe deu o comando de uma megaempresa.
Outro agarra-se no pai que lhe deus mandatos e, agora, uma senatória que é o céu na terra.
Num e noutro caso, porém, não consideram nada de mais os destruírem para safarem-se.
Um empurra o pai para a ruína política. Outro o confronta e sai demitido por chutar as ruínas da empresa que o enriqueceu.
Por mais diferentes que sejam os dois casos, há este traço comum: os herdeiros a destruírem os impérios herdados.
Meus pais não me deixaram votos ou fortunas, nem eu os deixarei para meus filhos.
Caráter é o único barco que não afunda.
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AVE BRITO!
"Meus pais não me deixaram votos ou fortunas, nem eu os deixarei para meus filhos.
Caráter é o único barco que não afunda."
Há um ditado que diz algo parecido com isto: pais trabalhadores, filhos indolentes, netos degenerados. Não concordava, mas agora estou reconsiderando.
Esse ditado cai como uma luva para a história de muitas famílias ricas, e de famílias nem tão ricas assim. Conheço muitos casos.
Exceto talvez pelo trecho dos pais trabalhadores. Ainda não conheci o caso de um enriquecimento fruto do mero trabalho.
Há outro ditado parecido, e que serve para povos e nações "Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis geram homens fracos, mas homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis geram homens fortes." Esse ditado cai como uma luva para os nossos tempos.
Podíamos substituir homens por gente nesse ditado né ?
Há um ditado que diz algo parecido com isto: pais trabalhadores, filhos indolentes, netos degenerados. Não concordava, mas agora estou reconsiderando.
Concordo....porém " os herdeiros a destruírem os impérios herdados" :Impérios ou um cavalo de Tróia(uma bomba da época dos pais q explodem no colo dos filhos) ?
Prezado Brito: Caráter ? E isso se come (ou se aproveita de alguma maneira, útil) ?... De que vale se ter caráter (bom caráter, pressupõe-se), se isso de nada adianta ? É certo que, mesmo para um materialista igual a mim, alguma coisa há de ficar, permanente, duradoura, absoluta, passando de geração em geração, entre os seres humanos, em prol da civilização, mas é criticável, muito criticável, combater desonestos com "armas" de antemão ineficientes, idealistas, sobejamente neutralizadas por quem utiliza TODAS as possibilidades disponíveis em determinados contextos já viciados. Não faz sentido se a-penas para manter a educação (recebida, da tradição, já deslocada no dinamismo do tempo) e, como instrumento efetivo de luta, mostra-se, como já dito, ineficiente, ineficaz, inócuo. Como muito bem disse o Leminski (poeta Paulo Leminski), "En la lucha de clases todas las armas son buenas: Piedras Noches Poemas"... O resto é ... poesia. Aconselho também ler Brecht, sem o viés do olhar de moralismo da classe média. Por um esquerdismo (progressista) de resultados, pragmático, coerente, lógico, racional, materialista, já que a matéria é pura e simplesmente a primeira e (também tão bem) a última das instâncias humanas. Depois a gente corrige as eventuais (possíveis) mazelas (menores, em relação aos objetivos) surgidas de uma forma de luta tão eclética.
Ao rondar pelos noticiários internacionais, volta e meia se depara com o nome Odebrecht sendo usado como símbolo de corrupção. Até em filme sobre corrupção (A Lavanderia) a Odebrecht tem destaque. E cabe indagar: Haverá futuro para a Odebrecht? No Brasil certamente poderá haver, já que aqui um aval de sanidade da mídia é o suficiente para o perdão coletivo. Logo a marca e o prestígio se sobreporão à má fama gerada pelos acontecimentos, de resto confusos e polêmicos, da Lavajato. E no exterior? Tem-se como exemplo a Parmalat, envolvida na Itália em escândalos que geraram um buraco de 20 bilhões de euros, e a prisão de seu fundador. A Parmalat foi fatiada e vendida aos pedaços, mas a marca sobreviveu, apesar de se tratar de produtos alimentícios de consumo imediato.
Lembro da construtora Mendes Junior que nos governos militares era tão famosa quanto a Odebrecht é hoje. Lembro que a Mendes Junior também foi envolvida em escândalos. Pensei até que tinha falido, pois não li quase nada sobre ela por décadas. Porém, ela participou da construção da Transposição São Francisco. Então, assim como a Mendes Junior, a Odebrecht vai conseguir sobreviver, mas não com tanto glamour que um dia possuiu.
Sim, interessa à mídia internacional associar a Odebrecht com corrupção, pois a empresa estava passando suas concorrentes em todo o mundo. Tio Sam não admite isso.
Esses herdeiros que vivem do vovô são na maioria bolsonaristas batedor de panelas. Raivosos e com muito medo de pobres.
.."os herdeiros a destruírem os impérios herdados".
Isso acontece não é só com as grandes empresas, mas também com muitas médias e pequenas. Na minha cidade que é de porte médio, -(cerca de 450 mil habitantes)- foram muitas dessas cujos herdeiros conseguiram destruir. É triste ver um patrimônio feito com muita labuta e sacrifício pelo pai, ser dilapidado por filhos irresponsáveis
Cada diretor (mais de 70) da Odebrecht recebeu uma Mega-Sena acumulada para fazer delação.
A franquia Bolsonaro vive de estuprar os cofres públicos. A prática nefasta da rachadinha é comum em todos gabinetes da família. Queiroz começou no gabinete do pai.
De fato, nada santos.
Texto maravilhoso, parabéns Brito. Irretocável!