Não me recordo, até onde a memória alcança, de um aumento tão expressivo na taxa de juros quanto o decretado há pouco pelo Banco Central, de 1,5%, elevando a taxa Selic, a base para quase todos os cálculos de remuneração do dinheiro, para 7,75% ao ano.
Leio, pesquisando, que nunca houve tal salto, desde o final do governo Fernando Henrique Cardoso.
Isso representa que, de uma canetada só, o governo pagará mais cerca de R$ 50 bilhões em custo da dívida interna do país.
Só neste aumento, metade do rombo no teto de gastos, se for aprovado, Só que, ao contrário deste, a alta dos juros é saudada e comemorada pelo “mercado”. Afinal, é quem vai receber estes ganhos.
O resultado, óbvio, é uma retração ainda maior no nível de atividade econômica, objetivo típico da alta de juros voltada a conter processos inflacionários.
Mas é duvidoso o que o aumento de juros possa reduzir uma taxa de um inflação que não é de demanda, mas de custos – energia elétrica, combustíveis, alimentos .
E quase certo que vá se refletir, em aumentos, nos preços de produtos e serviços que são, na praxe comercial de “parcelamento sem juros” – que, é claro, incluem uma taxa financeira embutida no preço – seja a prazo, seja à vista.
A maioria dos analistas financeiros crê que o Brasil está contratando uma “estagflação” – estagnação da economia com inflação significativa – nos próximos meses.