Há algo mais que o ridículo nas atitudes de Jair Bolsonaro de criar o fato consumado e, depois, fazer o governo dizer que “não é bem isso”.
Primeiro, com o reajuste do diesel anunciado, anulado e, afinal, efetivado pela Petrobras.
Agora, com a declaração do Secretário de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz de que “não tem validade” a ordem do presidente de que fosse suspenso o filmete do Banco do Brasil do qual “não gostou”.
O primeiro traço do episódio, bem evidente, é o desejo de “por em seu lugar” os dirigentes de empresas e órgãos do governo: suas decisões serão grosseira e grotescamente desautorizadas pelo Presidente da República, quando não o agradarem ou não lhe forem convenientes.
É o “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, a “enquadrada no tranco” que é, para Jair Bolsonaro, a forma de exercer a autoridade sobre aqueles que estão na administração pública ou na política.
O segundo é o de que a disputa entre os gestores militares do governo e os agentes do clã bolsonarista está instalada dentro da Secretaria de Governo, o ministério que, admnistativamente, gere as ações do Palácio do Planalto.
A ordem para retirar o comercial do ar, formalmente, foi feita pelo secretário de Publicidade e Promoção da Secom, Glen Valente, ex-diretor comercial do SBT, trazido para o governo na semana passada por Fábio Wajngarten, nomeado para a chefia da Secom por Carlos Bolsonaro, com direito a elogios de Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo.
Carlos e Olavo, como é sabido, embora com calibre menor, atiram em Santos Cruz como fazem com o vice Hamílton Mourão.
É, portanto, evidente que a tal “Instrução Normativa” invocada como razão para a ordem de “última forma” no veto ao filmete do banco foi apenas o “gancho” achado por Santos Cruz para enfraquecer o adversário colocado goela abaixo em sua cadeia de comando.
General sabe dar tranco, tanto ou mais que ex-capitão.