A parábola da Paixão de Silva

Uma das grandes forças dos textos bíblicos, todos sabem, são as parábolas. Delas, se tiram lições e sabedorias. A do filho pródigo,a dos talentos, a do semeador, a do trigo e do joio, por séculos, nos vêm permitindo entender realidades e comportamentos.

Por isso, o autor arrisca-se a uma sem citar personagens, exceto um “qualquer do povo”, a quem chamou, por isso de Silva.

“O rei entrou na cidade montado num jegue.

Meio milhão de pessoas o aclamava. (Oitenta mil, segundo a PM)

Muitos colheram ramos de árvores e folhas de palmeiras para cobrir o chão da avenida por onde passaria. O cortejo caminhava alegre e transformou a cidade em clima de festa.

Ele era aplaudido, proclamado pelo povo que o tinha visto alimentar multidões.

Então o rei fala: “A gente tem que restabelecer a paz!”

Mas, já havia despertado, nos sacerdotes e mestres da Lei, inveja, desconfiança e medo de perder o poder. Havia uma trama para condená-lo à morte.

Parte do mesmo povo que o aclamou saiu às ruas com vestes em cores que, segundo eles, significavam a riqueza do ouro e o verde das matas. Na verdade, eram pobres fãs de general que sonegava.

As elites imperiais se encarregaram de trazer noticias para denunciar aquele rei pretensioso. Um rei que causava tanta agitação, que tirara milhões da miséria e que suscitava no povo fé e esperança.

O castigo deveria ser exemplar para que nunca mais alguém de sua laia ousasse querer reinar e perturbar a ordem estabelecida.

Na Avenida, o rei foi zombado e achincalhado pelo povo limpinho e cheiroso. Queriam-no crucificado.

O rei foi detido.

Seu caso foi examinado de forma peculiar. (“ao invés de um interrogatório domiciliar particular para contrastar as acusações recebidas ou das suspeitas que haviam sobre os seus ensinamentos”).

O contencioso legal contra o rei é levado perante autoridade federal.

Havia temores de que aquele que falava de um “reino possível” poderia ser, de novo, um perigo aos poderosos.

O procurador tinha duas formas possíveis para enfrentar a situação:

– O coercitio (castigo, medida de força) que lhe outorgava a capacidade de aplicar as medidas oportunas para manter a ordem pública. Assim, poderia infligir lhe um castigo exemplar.

– O coginitio (conhecimento), processo que se formulava a acusação. Haveria um interrogatório e, depois, se ditaria a sentença de acordo com a lei.

Optou, no entanto, pelo “cognitio extra ordinem”. Processo no qual o próprio pretor determina o procedimento e ele mesmo dita a sentença. (O promotor – ou juiz – recebe as acusações e interroga. No tribunal, dita a sentença e a condenação por um delito formal.)

Já viu-se coisa semelhante, escrita em certos versos que dizem:

Mas os líderes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam tentando suscitar um falso testemunho contra aquele homem, para que tivessem o direito de condená-lo à morte./Todavia, nada encontraram, apesar de se terem apresentado vários depoimentos inverídicos. Ao final, entretanto, compareceram duas testemunhas que alegaram:/“Este homem afirmou: ‘Tenho poder para destruir o santuário de Deus e reconstruí-lo em três dias’”.

Assim ele foi justiçado como ex-rei dos pobres.

Começa o difícil caminho.

Condenado à morte, o rei carrega a cruz às costas.

Cai pela primeira vez, encontra a sua mãe.

A mando dos soldados, um homem o ajuda.

Uma mulher – portadora da vitória – limpa seu rosto.

Cai pela segunda vez, terceira vez até o que o deixam nu e o grampeiam na cruz.

Morre.

É descido da cruz.

Sepultado.

Eis que chega o domingo de Páscoa: passagem da escravidão para a liberdade.

O rei ressuscita.”

Feliz Páscoa!

Jari da Rocha, colaboração para o Tijolaço:

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  • Talvez caiba aqui uma frase de Engels (não é Hegel, como achavam aqueles pretensos procuradores) na introdução ao livro de Marx sobre a luta de classes na França: "Se houver a possibilidade de as massas trabalhadoras ascenderem, a burguesia não admitirá a democracia e a golpeará".

  • Fernando Brito, neste momento difícil para a democracia no Brasil, é importante que lembremos que a resistência lutou contra o nazismo na Franca e que todos nós devemos manter a qualquer custo nossas conquistas sociais e regionais. A igualdade entre as regiões do Brasil é tão importante quanto a igualdade de oportunidades para todos." A qualquer custo" significa o custo da nossa própria vida. Aqui em Minas temos um sentimento de Brasil independente e grande em todo o território brasileiro desde a época da Inconfidência. "Se todos quisermos faremos deste país uma grande Nação" esta era consigna dos inconfidentes. Embora tenham assassinado os inconfidentes, seus genes foram espalhados e, nós, para desgosto dos vendilhões traiçoeiros, estaremos a postos para honrar aqueles que lutaram antes de nós. É possível que os Nordestinos e os Gaúchos sejam até mais valentes, mas nós também, mineiros, não deixaremos de cumprir nosso papel em defesa do Brasil. Não fugiremos. Que não caia sobre nós a infâmia da covardia. A liberdade esta escrita em nossa bandeira para sempre, e esta bandeira foi idealizada pelos inconfidentes e é respeitada até hoje. Que não nos falte coragem para defende-la. Não vale a pena viver se querem nos humilhar, lutaremos até a morte. E que saibam os golpistas sujos: NÃO SEREMOS HUMILHADOS. Não vai ter golpe!

  • Esse Jesus, tão humano, político e injustiçado, que aprendi a amar e respeitar ainda criança, está sendo "deletado" da história da humanidade.
    Isso de "amai-vos uns aos outros como Eu vos amei", "somos iguais porque filhos do mesmo Pai", "é mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha que um rico entrar no reino dos céus" está sumindo para deixar no lugar o Cristo espetaculoso dos milagres. "Dê o dízimo e aceite Jesus de coração que Ele consertará sua vida", essa é a nova fórmula do cristianismo(?). Então, não se preocupe, não pense, não lute. Essa ideia que se está propagando é a antítese dos ensinamentos de Jesus, que passou para a história justamente porque se preocupou, pensou e lutou. E deu sua vida por sua luta.
    Feliz Páscoa para todos!

  • Lindo e justo, o paralelo. Claro, repleto de inexatidões, também:
    - Será crucificado entre ladrões, mas nenhum lhe pedirá perdão.
    - Barrabás não é presidente da câmara na história original.
    - Os traidores do rei atual não se contentam com trinta moedas.
    - O sinédrio antigo não quebrou as tábuas da lei.
    - A polícia romana não ganhou autonomia do próprio rei.
    - Pilatos não era do mesmo partido do Rei e não teria sido sido ministro por tanto tempo depois de ter lavado as mãos.
    - Judas nunca foi vice de ninguém.
    - A Roma de hoje é sionista.
    - Satanás ainda não tinha casa em Paraty.
    - O joio não era colhido com o trigo.

  • É o sacrifício que espíritos iluminados acabam recebendo depois de promover profundas mudanças na sociedade. Chegará um tempo em que fazer o bem pelo todo será regra e não exceção.

  • … E eu pensei que terminaria Santa a minha Sexta-feira!

    … Agora à noite, encontrei-me fortuitamente com alguns familiares e amigos(as)!
    O discurso pétreo da ‘coxinhada’ é irrecuperável!
    Pedi licença para me retirar do recinto:
    “Peguem a lama da Samarco da Vale privatizada, e vá lavar os seus caranguejos!”

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