Petrobras: como transformar um acidente em desastre e “incompetência”

Imagine o caro leitor que você tenha comprado aparelhos de ar-condicionado.

E que chamou, para instalá-lo, uma das mais conceituadas firmas do mercado.

Bem, o instalador comete um erro e deixa cair o aparelho, que se espatifa.

Qual é a sua culpa nisso? Nenhuma.

Como, por sorte, você tem um segundo aparelho, ele é instalado no lugar do primeiro enquanto se providencia outro.

É exatamente isso o que se passou com a história da “Petrobras ter deixado cair no fundo do mar um tubo de 2,3 km”.

A Petrobras contratou a empresa Saipem.

A Saipem não é uma empresa de fundo de quintal, nem do sobrinho do gerente da filial.

A Saipem  é a maior empresa do mundo em instalação de óleo e gasodutos pelo método J-Lay, o mais adequado a instalação de dutos em águas ultraprofundas. 

É uma controlada da tradicionalíssima ENI, uma das maiores empresas de petróleo do mundo.

Que já fez serviços iguais na Alemanha, na Finlândia, na Austrália, na África, na Rússia, na Espanha, no Brasil…

A Saipem trouxe seu navio Saipem FDS 2, o mais moderno de sua frota e começou a instalar o duto.

Não é um barquinho mambembe com alguém a segurar um canudo num guincho. É este fato aí de cima, com o esqueminha de como desce o duto para o fundo do mar.

A Saipem recebeu o duto e foi colocá-lo.

Um cabo do guincho do navio rompeu-se e a “ponta” afundou.

Tudo se passou na Saipem, não na Petrobras, apenas a sua cliente.

O içamento não é impossível, mas poderia comprometer a resistência do material, que agora está vazio, mas trabalhará cheio de petróleo e sob pressão e não pode ter risco de vazamento.

E  como a operação é toda coberta por seguros, melhor repor o duto.

Você não aceitaria um ar-condicionado remendado, não é?

Prejuízo para a Petrobras?

Só se fosse no prazo.

O que não será, senão por alguns poucos dias, porque havia outro tubo, comprado para ser instalado no segundo semestre.

O cronograma de produção pouco ou nada será alterado.

Mas, para a imprensa brasileira o que importa é chamar você, digo, a Petrobras, de incompetente.

Competente é a turma da Petrobras do Fernando Henrique, quando a empresa viveu os dramas da P-36 e da inundação de petróleo na Baía de Guanabara e  estão aí, deitando regras sobre como deveria ser a exploração de petróleo…

Fernando Brito:

View Comments (22)

  • Boa noite,

    se não fizer esse alvoroço como vamos vender: veja, globo, folha e estadão e demais jornais e revistas sensacionalista. Lembro do acidente da Petrobras com o governo de FHC, lá no Paraná com o intuito de privatiza-la e não teve toda essa chamada. Será só porque é PT?

  • O PiG jamais defendeu uma CPI para investigar isto:
    http://blogpetrobrax.blogspot.com.br/2009/07/p-36-maior-plataforma-de-petroleo-do.html
    P-36: a maior plataforma de petróleo do mundo afunda

    Ou isto: http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/687534/?noticia=PETROBRAS+TERA+QUE+PAGAR+MAIS+DE+R+600+MI+POR+VAZAMENTO
    Acidente ocorrido em Julho de 2000.

    Ou isto:
    http://acidenteambientalreflexoesecriticastecbio.wordpress.com/2011/11/06/vazamento-de-oleo-na-baia-de-guanabara-2000/

    A verdade é que entre 1999 e 2001, durante a administração Henri Reichstul, 76 petroleiros morreram em acidentes de trabalho e a empresa protagonizou 29 grandes acidentes ambientais, entre eles os vazamentos na Baía de Guanabara e no rio Iguaçu no Paraná. Foram pelos menos 7,2 milhões de litros de óleo jogados ao mar e nos rios, manchando internacionalmente a imagem da Petrobrás, na tentativa de difundir na sociedade a necessidade de sua privatização. O afundamento da P-36, com a morte de 11 trabalhadores, e a encomenda da nova marca da empresa, que ao apagar das luzes do ano 2000, quase virou Petrobrax – fato este criticado por Vossa Excelência em diversos momentos da campanha eleitoral – foram outros dois episódios que marcaram a gestão Reichstul.

  • E o vazamento na Serra de Paranaguá, em que o óleo vazou por muito tempo de um oleoduto.
    Ali, quem tem dois neurônios acordados entende que o sistema de segurança estava desativado.

  • A P-36 sofreu mesmo um acidente, ou fizeram-na sofrer um acidente?
    Faço a mesma pergunta para o Apagão do FHC. O Apagão do Fernandinho não terá sido um dos episódios da submissão dessa turma, Malan à frente, ao FMI?

  • O governo tem que se manifestar contra essa imprensa vendida e mostrar ao povo quem a comprou

  • A verdade é que a Petrobras está sob um sério ataque articulado por toda a imprensa sob o comando direto da TV Globo, que resolveu agir com todo o seu arsenal contra a empresa. Todos os dias o Jornal Nacional tem duas ou mais denúncias que até podem nada ser, mas que produzem grandes efeitos sobre o telespectador desarmado, que se guia pela Globo, e que não é pouca gente. Ela insinua superfaturamento na construção do gasoduto Coari-Manaus, baseada em trocas de correspondência informais, e não explica que aquela região e seus desafios, inclusive a travessia do Rio Amazonas por um tubo de gás, não é o mesmo que deitar um cano na baixada santista. Ela coloca o fato d venda da da refinaria argentina sob o enfoque de que o comprador é um empresário "amigo da presidente Cristina", como sendo isto um atestado de que o negócio é suspeito. Por todo o ataque que a Globo e suas irmãs e irmãos da mídia corporativa vêm fazendo contra a Petrobras, é óbvio que não se trata apenas de fornecer lenha para uma fogueira de mera CPI. Trata-se de muito mais do que isso, trata-se de tentar acabar mesmo com a própria Petrobras.

    • O que falta: alguém que diga isso com todas as letras, no Congresso Nacional e em Praça Pública.

  • Fernando
    O seu empenho em rebater com argumento o que estão fazendo com a Petrobrás acaba substituindo parte da falta de animo da empresa pra se defender.Nunca ví coisa igual! Não pode ser desleixo ou incompetência pra se defender, apresentar os argumentos, a verdade dos fatos enfim. O que está se passando com a Petrobrás? Por que essa inércia? e a presidenta? Por que não vem a público pra dizer a verdade? E ainda dá dinheiro pra esses vendilhões? Já ví a manchete da Veja...um absurdo. Se não houver resposta dura e pública, na TV, em horário nobre, não sei como vai ser.

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