Petrobras: fatos, factóides e o pré-sal

Está nos jornais que o mesmo Ministro que confirmou a retirada da Certidão Negativa de Débitos com a Fazenda Nacional da Petrobras, por uma suposta dívida que ainda está em discussão, mudou de ideia e devolveu o documento à empresa.

Algum fato novo? Algum acontecimento? Nada, rigorosamente nada.

Ou melhor, algo aconteceu.

O escândalo, que se fez a partir de uma decisão que não resistia a um mínimo de bom-senso, custou uma perda de 2,5% no valor das ações da empresa, invertendo uma alta de 3,7% na véspera.

Como volume de ações da Petrobras equivale a mais de R$ 200 bilhões, dá para entender o peso de tal “sobe-e-desce”, não é?

A verdade é que a empresa está e vai continuar sob fogo cerrado até, pelo menos, o leilão – já sob a regra da partilha, em lugar da concessão – da primeira e mais importante área do pré-sal brasileiro: o campo de Libra, onde se estima possam ser retirados de oito a 12 bilhões de barris de petróleo. A cem dólares o barril, calcule…

A verdade é que, mais nestes dias do que sempre, as notícias sobre a Petrobras devem ser lidas mais que com atenção, com desconfiança. Há coisas por detrás delas.

Por exemplo: a “comemoração” pelo resultado que o “bônus de assinatura” vai ajudar a fazer na conta do superavit primário do Governo Federal. Ó que não é dito é que isso não só exigirá um esforço da petroleira brasileira para honrar 30%, no mínimo, de um alto valor como, também, inibirá a conquista de uma fatia maior do que a garantida em lei. E quem será o pedaço que a Petrobras não puder alcançar? Adivinhou?

Pois é, das multinacionais, pois dos nacionais nem o Eike Batista (que não é flor de jardim de convento) que, de oitavo homem mais rico do mundo, está convertido pela mídia em alma penada, porque o mercado, tão inocente, descobriu que tinha sido iludido por ele. O mercado é “bobinho” demais, dá até vontade de tentar vender um bonde na Bovespa…

Outra notícia é que a Petrobras está vendendo ativos porque sua dívida está estratosférica e a empresa está mal vista por isso.

Como é que pode estar afundada sob o descrédito uma empresa que, mês passado, lançou – a taxas mais baixas que há um ano – US$ 11 bilhões em títulos no mercado internacional e a procura por eles atingiu quase quatro vezes mais esse valor?

Conversa fiada. A Petrobras está vendendo ativos periféricos em sua atividade para se capitalizar para o leilão do pré-sal e poder jogar ali uma cartada alta e decisiva.

De agora até outubro, a Petrobras vai ser criticada até por soltar passarinho. E olhe lá se a sabotagem vai ficar só no discurso negativista.

Toda essa campanha de mídia e desinformação poderia dar certo, não fosse uma coisa.

Será que Lula e Dilma ampliaram o investimento da empresa, mudaram o regime de exploração, capitalizaram a Petrobras para, agora, o Brasil entregar fácil a dulcíssima rapadura do pré-sal?

A pressão contra a Petrobras é, portanto, pressão sobre Dilma, muito mais do que sobre a empresa, que é e será lucrativa com ou sem uma cota maior no pré-sal.

Quem terá prejuízo e prejuízo irreparável, eterno, é o Brasil, isto sim.

Esse é o jogo pesado que se está jogando. Quem quiser entrar de tolinho na onda midiática, fica avisado.

Fernando Brito:

View Comments (7)

  • Estávamos precisando do retorno do TIJOLAÇO POR ESSA E POR OUTRAS, os outros companheiros estavam se sentindo muito só.

  • Fez muita falta, mas voltou com tudo. Cada dia melhor. Viva o Tijolaço! Obrigada, Fernando Brito, por tudo isto. (Sinto uma saudade de Brizolinha)!...

  • Mas porque a Dilma não faz nada em relação a Comunicação do governo? Porque o hibernando continua lá, fazendo nada? Porque a mídia continua prestando esse desserviço todo para o povo brasileiro e trazendo todo esse prejuízo para o país? Isso é permitido por lei, que ela prejudique o país? Vai ficar por isso mesmo? Isso não é lesa-Pátria? Eu só gostaria de saber, porque estou cansando da militância anônima enquanto o governo....

  • Pode ser. Não li na imprensa a tal mudança do ministro de devolver o documento de regularidade para a Petro. Porque não publicar isso em matéria paga? Porque a pretensa dívida, originada entre 1999 e 2002, não continuou acontecendo? A imprensa também publicou uma declaração da petro de que não tinha caixa para pagar esta pendência e esta foi uma delcaração infeliz. Se é falsa, é preciso processar o jornal que fez isso, Como esta matéria esclarece, o "mercado" sofre grandes impacto com isso. Outro ponto crítico, aí vindo do lado mais a esquerda, é a informação que circula de que o Brasil está cedendo toda a sua reserva para as multis. Quanto do faturamento e do produto extraido fica com a Petro e com o governo? Acredito que isso possa estar claro para os iniciados, mas porque não difundir a matéria de forma clara e objetiva?