Petrobras responde aos urubus com mais produção

Anteontem, a presidente da Petrobras, Graça Foster, deu entrevista confirmando que a empresa manterá os níveis de produção este ano e, até 2020, dobrará a quantidade de petróleo extraído no Brasil.

Ontem, entrou em produção o navio FPSO Cidade de Parati, este da foto, que progressivamente chegará a 120 mil barris diários no campo de Lula Nordeste.

Ontem, também, a empresa anunciou ter estabelecido novo recorde de processamento em suas refinarias – 2,11 milhões de barris de petróleo por dia, na média de maio – e atingido a maior produção de gasolina já registrada, com 2,51 bilhões de litros durante todo o mês.

Mas a campanha contra a petroleira brasileira não arrefece.

Ontem ainda a Exame publicou matéria com o revelador título “Descoberta recorde da Petrobras preocupa investidores“.

O caso esdrúxulo de empresa que descobre petróleo aos montes e “preocupa investidores” é explicado assim: “ah, ela não tem dinheiro para extrair tanto petróleo”.

Já que não podem apelar para a questão da capacidade técnica para a exploração em grandes profundidades, no que a Petrobras dá de goleada nas demais, usam o argumento de que a empresa está endividada.

Ora, dívida é grande ou pequena em razão de duas coisas: a relação com o seu patrimônio e a sua capacidade de ter caixa para honrá-la nos prazos.

Quanto ao primeiro ponto, o gráfico aí ao lado mostra que o endividamento tem guardado proporção muito semelhante ao patrimônio da empresa. Está abaixo do que as próprias agências internacionais de classificação de risco consideram preocupante: 31%, contra um indicador de 35%. O lucro tem se mantido estável justamente porque a empresa tem investido muito na expansão da produção, o que leva tempo para se refletir em receita e ganhos.

No que tange à capacidade de caixa para honrar pagamentos e poder investir, não há melhor prova do que o recente lançamento de US$ 11 bilhões em títulos da empresa no exterior, a maior já realizada por uma companhia de país emergente e, este ano, menor apenas que a da Apple, de US$ 17,3 bi.

Houve procura quatro vezes maior que a oferta e as taxas de remuneração aos aplicadores, para títulos de 10 anos,  baixaram de 6%, nas emissões anteriores, para 4,5%.

Portanto, os investidores não parecem estar arrancando os cabelos. Talvez fosse melhor dizer que isso é atitude dos especuladores, loucos por medidas irresponsáveis, de geração de lucro a curto prazo e, no longo prazo, suicidas, e por tudo 0 que lhes permita embolsar depressa lucros com as ações que compraram na baixa.

Fernando Brito:

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