Petróleo para a Educação. O dia 9 que virou Sete de Setembro

Amanhã começa um grande momento para a educação brasileira.

A Presidenta Dilma Rousseff sanciona a lei que destina, obrigatoriamente, 75% dos royalties do petróleo do pré-sal para a educação pública, ficando os outros 25% para a Saúde. Seriam, pelo projeto do governo, integralmente destinados à educação, mas os dongressistas impuseram essa partilha. Que seja.

Poucos estão se dando conta do que isso vai representar, porque são recursos que mal começaram a ser explorados, mas significa uma imensa massa de dinheiro que será destinado à educação básica em nosso pais.

Serão, nos próximos oito anos, cerca de R$ 140 bilhões de reais, em valores sempre crescentes, que vão nos ajudar a atingir cerca de 7,2% do PIB investidos em educação. E assim começar a corrigir a imensa distorção dos gastos públicos com a formação dos brasileiros que, além de serem baixos diante de nossas necessidades, têm uma distribuição elitista e injusta.

Vejam: o investimento do Brasil em educação aumentou de 3,5% para 5,6% do PIB entre os  2000 e 2010, segundo um relatório divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Superamos a média de investimento dos países da organização, de 5,4%e ficamos â frente de países como os EUA, que gastam 5,1% de seu PIB e próximo à França (5,8%) e ao Reino Unido (5,9%).

Calma, não estranhe….

O mesmo relatório da OCDE diz que o país investiu em média US$ 2.964 (aproximadamente R$ 6,6 mil) por estudante em 2010, contra US$ 8.382 (cerca de R$ 18,8 mil) nos países da OCDE.

Opa! Como é isso? Investimos igual e, ao mesmo tempo, menos de um terço do que os paìses desenvolvidos fazem?

Somos um paìs ainda pobre e 10% do pobre, muitas vezes, é bem menos que 1% do rico.

É óbvio que é preciso mais – e muito mais – dinheiro para a educação.

Mas aquele documento deve ficar como um alerta de que o dinheiro dos royalties deve ser quase que exclusivamente aplicado em educação básica.

Porque mostra o tamanho das defomações de nossa pirâmide educacional.

“A educação superior recebeu a maior parcela de gastos no Brasil ─ US$ 13.137 por estudante, mais que a média dos países da OCDE, de US$ 11.383, e mais que os US$ 12.112 dos Estados Unidos”

Óbvio que isso não significa que devamos tirar da educação superior para dar à básica, não apenas porque essa é essencial para o país como representa uma pretensão legítima contar com a possibilidade de uma univerdidade pública e gratuita, de fato acessível a todos.

E ela não é assim, mesmo com todos os sistemas de cotas, quando o aluno pobre chega à seleção por suas vagas em uma abismal inferioridade de preparação em relação aos jovens de famílias bem aquinhoadas economicamente.

Isso deve servir também para que comecemos a pensar na necessidade de estabelecerem-se contrapartidas sociais para aqueles que tem acesso à oportunidade de um ensino superior público e gratuito. Essa formação não é exclusivamente um ganho privado, mas uma apropriação de recursos públicos preciosos que, de alguma forma, devem ser revertidos para a coletividade, que precisa se beneficiar da qualificação de pessoal pela qual, afinal, a sociedade pagou.

De qualquer forma, essa é uma discussão longa, cheia de nuances e implicações, que deve ser travada pela sociedade e pelos educadores brasileiros.

O importante é que amanhã, o petróleo brasileiro vai se tornar, felizmente, combustível para a educação de nosso povo.

Um dia tão importante, que, não importa que seja o nove, todos nós temos o direito de senti-lo como Sete de Setembro.

Fernando Brito:

View Comments (4)

  • Se considerarmos o PIB de 2000 ( R$ 1,09 trilhão) e o PIB de 2010 ( R$ 3,67 trilhão), e considerarmos os percentuais aplicados nos dois períodos, veremos qual o grau de preocupação tucano com a educação. Isso sem levar em contas os anos subsequentes, 2011 e 2012. Feitas as contas, em 2010, o investimento em educação foi maior que 4 vezes o realizado em 2000. A tucanada tinha realmente o objetivo de educar o povo!!!

  • É pouco. Só a minha escola precisará colocar a cada mês cartazes por toda cidade informando do seu IDEB. E esse pessoal que trabalha com markig política sempre cobra um fábula por qualquier campanha

  • Essa vitória parcial foi alcançada com muita luta dos explorados. Mas não podemos descasar, caso contrário essa verba será pulverizada para empresas de propagandas e marketing e promoção da cidadania, conforme previsto na legislação educacional o que é conflitante com os interesses dos trabalhadores conscientes para quem a educação deve promover a emancipação. Tudo está alinhavado para que essa verba realize os objetivos do capital monopolista hegemônico que manda e desmanda em todos os setores da sociedade brasileira, especialmente a educação, "cuja senha é: TODOS PELA EDUCAÇÃO!".
    Organização já dos diretamente envolvidos no processo educacional: Alunos, responsáveis, profissionais da Educação, entidades representativa desses segmentos! Por uma educação emancipadora!

  • Ontem na Academia Brasileira de Letras (ABL), teve uma festança para o "ENTREGUISTA " FHC, com direito a Cobertura da Globo, de quase meia hora no JN.......Viva o Brasil.....