Documentos: Moro tirou da própria cabeça “urgência” e ameaças à Lava Jato

A grande imprensa noticiou, com foros de verdade e sem verificar coisa alguma, que a Polícia Federal do Paraná foi, de canequinha, esmolar dinheiro ao Juiz Sérgio Moro para pagar o conserto de automóveis e e pagar contas de luz.

E que Sérgio Moro, o homem bom, liberou recursos – “embora não seja muito recomendável” – porque “a Lava Jato não pode parar”.

Não coube ao “jornalismo investigativo” apurar se havia algo que ameaçasse a Lava Jato de parar.

Ninguém fez o “dever de casa” de verificar se não havia verbas para que os carros da PF paranaense fossem reparados.

Este blog o fez e mostrou que havia dinheiro, até com sobras, para isso. E o fez não por competência extraordinária, pois toda a comprovação de que não faltava estava em documentos públicos, acessíveis pela internet.  A história estava evidentemente mal contada e fedia a política baixa.

A grande  imprensa submeteu o povo brasileiro a uma mentira, a uma patranha.

Agora, o Ministério da Justiça revela a correspondência oficial entre a Polícia Federal e Sérgio Moro.

São ofícios, numerados e datados.

Neles, fica claríssimo que a liberação de recursos por Sérgio Moro se deu  em 2014, mais precisamente no dia seis de agosto, e nada tinha a ver com a Operação Lava Jato, para instalação de câmaras de segurança.

A câmaras na sede da PF foram instaladas, o que não aconteceu apenas no pátio de veículos e objetos apreendidos na Vila Hauer, bairro de Curitiba onde nenhuma atividade investigativa se dá.

Sobrou, portanto, um saldo, que a PF pede para aplicar – atenção! – “por exemplo” em “manutenção de viaturas/combustível e/ou  contas de luz”. Não há menção à Operação Lava Jato.

Embora indevido, o pedido é seco e conciso.

É Moro quem se espalha.

Introduz  a Operação Lava Jato no assunto, como só de Lava Jato devesse se ocupar uma Superintendência  da PF num estado sensível às questões de droga e contrabando se ocupasse.

Diz que há urgência ( diz e repete) quando não existe  sequer esta palavra ou sugestão dela  na solicitação, que pede que ele analise e se manifeste sobre a possibilidade de usar as sobras do investimento em despesas de custeio exemplificadas.

Afirma que “tem presente”  que “a autoridade policial  não solicitaria este remanejamento se não fosse absolutamente necessário”.

Ninguém lhe disse que era e ainda assim ele liberou os recursos sem a oitiva do MP, como é regular.

Poderia, sem prejuízo de nada, ter feito um despacho sóbrio, concordando ou recusando, sem politicagem.

Mas fez isso e ainda acrescentou que o fazia para que a Lava Jato não fosse paralisada, o que só pode existir em seu cérebro obsedado.

Não quero discutir se o Dr. Sérgio Moro é um caso patológico, porque não tenho formação para dizê-lo.

Mas digo que sua decisão fere um princípio jurídico básico, que é  o do extra petita, quando o juiz vai além do que pede e argumenta o requerente. Juiz não acrescenta razões e argumentos, analisa os que lhe são apresentados: e nem urgência nem ameaça de paralisação da Lava Jato lhe foram ditos ou sugeridos. E se foram, informalmente, sua obvia obrigação era dizer: Doutor, então bote isso por escrito…

Sérgio Moro seria um  caso disciplinar, se o Conselho Nacional de Justiça existisse para valer.

Como isso  está além do alcance dos mortais, pois estamos tratando de uma corporação de deuses, já seria alguma  esmola saber quem autorizou os gastos da PF do Paraná, se houve licitação e quem autorizou a pedir o uso do saldo e a pagar “por fora” despesas regulares da PF.

Se não, os PMs da patrulhinhas que filam a bóia de graça no resstaurante do bairro para ficar com a “viatura”  parada nas imediações também vão poder dizer que estão fazendo isso para “aliviar o Erário”.

Reproduzo, para que não pairem dúvidas, as correspondências oficiais, para que se veja como Sérgio Moro, que consegue convencer muitas pessoas de boa-fé agiu como um politiqueiro.

Documento 1 –

 A PF do Paraná não perdeu dinheiro,
ganhou recursos extras

Documento 2 –

 A PF do Paraná não falou em urgência,
nem em ameaças à Lava Jato

Documento 3-

Sérgio Moro inventa, em despacho,
urgência e carências da Lava Jato

Fernando Brito:

View Comments (54)

  • Sabe quando vao parar o Juiz? Quando vazarem nomes de juizes na lava jato, porque nao me digam que essa balburdia toda passou sem aval de lava mao de juiz.
    Se vaza de um lado, vaza de outro, é só querer Carbozo,,

    • Inclusive 3 deles foram denunciados pelo Delcídio, cadê abertura de investigação? colocaram o Delcídio nas grades numa rapidez enorme, quebrando todos protocolos, porque será?

  • Que despacho mais fraco!
    Tinham me falado que ele era competente.
    Se não fosse Juiz, esse despacho seria ignorado por qualquer alfabetizado.
    Concurso pra Juiz foi palha na época dele.

    • RCruz, o problema do Moro não é tanto questão de competência. O problema do Moro e também de procuradores federais e delegados da Polícia Federal que integram a operação Lava-Jato parece ser fundamentalmente fanatismo político-ideológico de direita. Esses caras estão tentando de todas as formas, legais e ilegais, prejudicar o PT e o governo Dilma, ainda que isso prejudique consideravelmente o Brasil e o povo brasileiro. É uma grande ingenuidade alguém acreditar a essa altura dos acontecimentos que essa gente está combatendo a corrupção. A corrupção é apenas um pretexto para atacar o PT e o governo Dilma. O Moro e seus comparsas estão mais para loucos fanáticos de direita. Se apenas uma pequena fração das irregularidades cometidas por esse juiz e seus comparsas prejudicasse tucanos, por exemplo, o PIG cairia de pau em cima do juiz, dos procuradores federais e dos delegados federais e os omissos (e/ou cúmplices) CNJ, STJ e mesmo STF entrariam rapidamente em cena e puniriam os responsáveis pelas irregularidades, e a própria Operação poderia ser extinta (ou anulada) devida às irregularidades cometidas. Mas enquanto esses absurdos e arbitrariedades são contra petistas e seus aliados não se faz nada para coibi-los. É a nossa justicinha - falsa, hipócrita, cínica, corrupta, de dois pesos e duas medidas - a serviço dos interesses da plutocracia, da Casa Grande. Alguém ainda tem alguma dúvida a esse respeito?

  • Quer aparecer, sérgio moro? Bota uma melancia furada na cabeça e sai gritando por aí "hoje é halloween! Hoje é halloween!

  • O problema esta justamente nas manchetes, ele faz o que quer, e as pessoas acreditam . Até quando isso vai continuar acontecendo, confesso a você que já estou cansada de ver esse juiz de meia pataca, fazer e acontecer sem punição.

  • Caro Fernando
    Há sempre que se inventar qualquer mentira, para continuar a jogar o povo contra o PT.
    Eles estão sempre renovando os vazamentos seletivos , agora mais essa, e o pior, tem gente que acredita.
    O blog melhorou, sem aqueles jagunços do tio Sam.
    Saudações

  • Quando irão se dar conta que esse juizeco safado é um déspota e fascista? O que falta? Senão, vejamos:
    - Prisões "temporárias" sem provas e com o intuito de forçar na marra a delação (ou "deduração") premiada.
    - Cerceamento do trabalho de advogados.
    - Prisão de pessoas inocentes (cunhada do Vaccari) por suspeitas lançadas pela imprensa.
    - Célebre declaração de "não vem ao caso", quando as denúncias envolvem tucanos e apaniguados.

    Até quando????

  • O famoso "juiz" deveria aproveitar as férias de final de ano na Espanha para ver como se comporta um Juiz de verdade como os que julgam os dois principais casos de corrupção daquele pais: um envolvendo os esquemas de corrupção e financiação no Partido Popular (conhecidos como casos Gurtel e caso Barcenas), e outro envolvendo a filha e o genro do rei (caso Nóos). O juiz que instrui o primeiro caso chama-se Pablo Ruz (1975!) é considerado um juiz progressista mas muito discreto e muitíssimo distante dos holofotes midiáticos (para nossos padrões brasileiros seria considerado um claustro). O mesmo ocorre com o juiz que instrui o segundo caso, o juiz Castro, José Castro de Aragón (1947). Estranhamente nossa imprensa "desconhece" esses casos e a atuação desses juízes apesar da proximidade e do caráter dos casos que estão sendo julgados nestes últimos anos no Brasil. Neste caso o paralelo, para usar o mote do famoso juiz, "não vem ao caso". Sérgio Moro é só mais uma aberração de nosso sistema judicial, como a atuação de nossa PF é uma aberração policial. A lava jato é a junção articulada dessas duas aberrações. Pensávamos que Justiça e Polícia política existiam e resistiam só em ditaduras. Até nisso conseguimos inovar. O mesmo deve ser dito do benefício delação premiada dado pelo juiz Moro a Alberto Youssef, será que existe algum precedente histórico de um juiz que conceder a um mesmo condenado o mesmo benefício em dois crimes diferentes?

    • Policarpo, são muito interessantes tuas observações. É claro que nossos deuses estão muito acima dos juizes da Espanha...
      PS não podemos confundir justiça com judiciário, que no Brasil frequentemente são coisas diametralmente opostas!

    • Policarpo, muito interessantes as tuas observações e informações para os demais leitores. Mas nossos deuses estão muito acima dos Juizes da Espanha.
      PS não podemos confundir a justiça com o judiciário, pois no Brasil, frequentemente são coisas diametralmente opostas!

  • Vazamentos de juízes? Nunca em tempo algum. Afinal deuses são intocáveis, assim como os parceiros golpistas.

  • Fernando: tatu não sobe em árvore. A PF e o Juiz não são marinheiros de primeira viagem, nem ingênuos, a ponte de um erro grosseiro como este. Ou essa grana faz parte de "agrados" entre ambos, ou é um pagamento do tipo "lava jato" entre as entidades. A grande mídia já demonstrou a vontade firme e cega desse magistrado (e seu grupo, pois não navega nestas águas turvas sozinho) de ferrar o atual governo, custe o que custar. Não se trata de Justiça (que disto devem rir a vontade), mas de pura Vingança, política e pessoal. Penso que se procurar direitinho, há de aparecer outros "mimos" entre o Judiciário citrado e a PF, que parece não conseguiu o reajuste salarial que tentaram impor ao governo federal.

  • A lava jato é a única razão da visibilidade de um Moro. Sem ela, a republiqueta do Paraná jamais teria existido.

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