O site jurídico Conjur revelou diálogos entre os procuradores da Lava Jato, apreendidos durante a Operação Spoofing, que indicam que uma delegada da Polícia Federal, ligada à força tarefa, simplesmente forjou pelo menos um depoimento (e, provavelmente, vários) de acusados, para “ajudar” nos casos submetidos a Sergio Moro.
Pior, em lugar de tomar as providências que lhes cabiam, como fiscais do cumprimento das lei, Deltan Dalagnoll e seus colegas combinam formas de encobrir a falsificação e livrar de punição a delegada, de nome Érika, ao que tudo indica Érika Malik Marena, autora de diversos processos contra jornalistas que questionaram seu comportamento funcional, inclusive Marcelo Auler, por reportagens no seu Blog e na Revista Carta Capital.
Marena é muito influente junto aos colegas e chegou a ser a mais votada para a composição de uma lista tríplice de indicados da categoria para chefiar a PF.
Leia a reportagem do Conjur:
Polícia Federal forjou depoimentos
para ajudar ‘lava jato’, mostram diálogos
No intuito de colaborar com a atuação da chamada “lava jato”, delegados da Polícia Federal forjaram e assinaram depoimentos que jamais ocorreram. E tudo com a anuência dos procuradores de Curitiba.
É o que indicam os novos diálogos enviados ao Supremo Tribunal Federal pela defesa do ex-presidente Lula nesta segunda-feira (22/2). As mensagens entre procuradores foram apreendidas no curso da chamada operação “spoofing”. A ConJur manteve eventuais erros de digitação e ortografia presentes nas mensagens.
A constatação consta de diálogo mantido entre os procuradores Deltan Dallagnol e Orlando Martello Júnior em janeiro de 2016. Nele, eles relatam o que contou uma delegada da Polícia Federal chamada Erika.
“Como expõe a Erika: ela entendeu que era pedido nosso e lavrou termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu nada… Dá no mínimo uma falsidade… DPFs são facilmente expostos a problemas administrativos”, disse Deltan.
Orlando Martello Júnior mostra preocupação com a possibilidade de esses problemas administrativos levarem ao descrédito da força-tarefa de Curitiba. Diz que “se deixarmos barato, vai banalizar”.
Então propõe uma saída: “combinar com ela de ela nos provocar diante das notícias do jornal para reinquiri-lo ou algo parecido. Podemos conversar com ela e ver qual estratégia ela prefere. Talvez até, diante da notícia, reinquiri-lo de tudo. Se não fizermos algo, cairemos em descrédito”.
A sequência do diálogo, segundo a defesa de Lula, mostra que o uso de depoimentos forjados era algo reiterado pelo grupo de procuradores de Curitiba. O diálogo segue na mensagem de Martello Júnior a Deltan Dallagnol.
“O mesmo ocorreu com padilha e outros. Temos q chamar esse pessoal aqui e reinquiri-los. Já disse, a culpa maior é nossa. Fomos displicentes!!! Todos nós, onde me incluo. Era uma coisa óbvia q não vimos. Confiamos nos advs e nos colaboradores. Erramos mesmo!”, diz.
A preocupação é, também, com a eficiência das colaborações premiadas que a força-tarefa fez uso. “Se os colaboradores virem uma reação imediata, vão recuar. O Moura quer ficar bem com JD e demais, ao mesmo tempo em q se da de bobo e nada acontece com ele. À prova, igualmente, fica prejudicada”, complementa Martello Júnior.
“Concordo, mas se o colaborador e a defesa revelarem como foi o procedimento, a Erika pode sair muito queimada nessa… pode dar falsidade contra ela… isso que me preocupa”, responde Deltan.
A STF, a defesa de Lula destaca que ao Ministério Público realizar o controle externo da atividade policial, conforme determinação da Constituição Federal. Em vez disso, o uso de termos de depoimentos forjados no intuito de atender aos interesses da “lava jato” era algo contumaz, admitido e tolerado por seus membros.