O pedido da Polícia Federal ao ministro Alexandre de Moraes – relator do caso no Supremo Tribunal Federal – para indiciar Jair Bolsonaro por difundir mentiras associando a vacina contra a Covid com o desenvolvimento de Aids é uma enorme preocupação para a campanha do atual presidente.
Não porque isso vá resultar em consequências jurídicas imediatas para ele – como deveria acontecer – mas porque era o fato que faltava para voltar à discussão política a ação negacionista e antivacina do presidente da República durante o período mais duro da pandemia.
E isso, sim, andava meio escondido do debate, talvez até por nossa tendência inconsciente por deixar de lado as lembranças daquele período de apreensão, dor e luto.
Recordando o caso: em 21 de outubro passado, Bolsonaro disse, em uma live na internet, que “relatórios oficiais do Reino Unido” teriam sugerido que pessoas totalmente vacinadas contra a Covid estariam desenvolvendo Aids “muito mais rápido que o previsto”.
É claro que não havia relatório “oficial” dizendo algo sequer parecido. É tão verdadeiro quanto a versão anterior, a do “virar jacaré”.
Bolsonaro falou ainda que a maior parte das vítimas da gripe espanhola, no início do século 20, morreram em por causa do uso de máscaras e não pelo vírus. O presidente visava, com isso, desestimular o uso de máscaras contra a Covid.
A delegada Lorena Lima Nascimento, diz que Bolsonaro disseminou as informações falsas “de maneira voluntária e consciente”, porque tinha consciência de sua falsidade e portanto, estimulou a violação de medidas sanitárias previstas em lei.
A Covid entrou na campanha.