A Assembleia Legislativa e o Governo do Estado escreveram, nesta quarta-feira, um dos capítulos mais lamentáveis de sua história. Um governo afundado em um estado de calamidade, marcado pela incompetência na gestão e pela corrupção, não consegue construir nenhuma saída para a crise e impõe aos servidores públicos uma pena inaceitável.
A Assembleia Legislativa se colocou como cúmplice deste crime ao aprovar a medida do pacote de maldades que coloca a crise na conta dos trabalhadores. O mais absurdo é constatar que 39 deputados estaduais, eleitos certamente com voto de muitos desses servidores, compactuaram com essa medida inaceitável. Deram ao governo Pezão o aval para infligir a profissionais de saúde, da educação, da segurança pública, da administração e todos os demais, na prática, uma redução inaceitável de seus vencimentos.
Nem o governo Temer, que trabalha para retirar todos os direitos duramente conquistados pelos trabalhadores, teve a ousadia de propor tal absurdo. O PMDB do Rio está sendo mais realista que o rei. Não o vimos propor medidas como suspensão das isenções fiscais, que causaram prejuízos incalculável aos cofres públicos, ou endurecer com a cobrança de dívidas das grandes empresas. O caminho escolhido foi o mais fácil para quem tem poder e não depende de seu salário para pagar as contas: penalizar o elo mais fraco.
E a fórmula para efetivar esse golpe contra os servidores foi a de garantir maioria na Alerj – sabe-se lá a que custo – e colocar a tropa de choque, blindados e cavalaria nas ruas contra quem ousou defender seus direitos.
Este dia 24 de maio de 2017 ficará marcado como o dia em que o PMDB no Rio de Janeiro golpeou os servidores com a anuência da Assembleia Legislativa e deu mais um passo nacionalmente em direção à ameaça da democracia no plano federal, ao convocar as tropas das forças armadas contra manifestantes. Eu e mais 25 deputados votamos contra este lamentável aumento.
Ontem deveria ser um dia para ser esquecido, mas espero, sinceramente, que seja lembrado pra sempre, para que nunca mais se repita.
*Gilberto Palmares é deputado estadual do PT no Rio de Janeiro.
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Parabéns, Gilberto Palares! Estava saudoso der um pronunciamento seu!
"Não o vimos [o PMDB] propor medidas como suspensão das isenções fiscais, que causaram prejuízos incalculável aos cofres públicos, ou endurecer com a cobrança de dívidas das grandes empresas."
"Não o vimos propor medidas como suspensão das isenções fiscais, que causaram prejuízos incalculável aos cofres públicos, ou endurecer com a cobrança de dívidas das grandes empresas."
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Apropriar-se dos chamados dos fundos públicos e, via privatizações - doações, na verdade -, assenhorear-se do que resta do patrimônio pertencente ao povo. Este é o mandamento seguido pelo grande capital, seja a nível municipal, regional ou nacional, seja no Brasil ou em outros países.
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Para atingir este intento, não haverá meios de que não se utilizarão. Até engabelar o povão com uma suposta caça aos corruptos, com Moros e procuradores exibicionistas, enquanto corrupção ainda maior, muitíssimo maior, incalculavelmente maior, é aplicada/utilizada para a pilhagem.
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É a grande crise do capitalismo, amigo, conjugada, inevitavelmente, com a crise moral, esta última, intrínseca a este sistema. Para tentar salvar-se, cada capitalista vai procurar pegar sua parte no butim, senão todo ele. Quem ficar com pouco ou nada... que vá reclamar ao Papa.
E como votou cada deputado?
Revirei o site da Alerj e não encontrei (só encontrei a transcrição dos discursos).
Será q o Brito sabe onde pesquisar?
Ou se o Sr. Gilberto Palmares poderia indicar onde isso fica registrado?
O PMDB carioca acabou com o Rio.
Carlos Augusto Cruz excelente comentário! O PMDB carioca recebeu mais ajuda no governo do Lula e da Dilma do que o governo do "Farol de Alexandria" FHC. Infelizmente eles foram ingratos. Aliás um dos mentores do golpe são cariocas como o Cunha, Aécio e a Globets. Também temos um ex governador preso (Cabral), o atual governador Pezão que vive em Brasília e um vice paradão Dornelles. Aliás o Dornelles é tio do Aécio.
Também temos o amiguinho do Temeroso, Moreira Franco (PMDB), Maia pai e filho (DEM) e as famílias Picciani (PMDB) e Bolsanaro.
Ano que vem o povo carioca vai votar nesses deputados todos novamente.
Eles sabem disso!
Boa noite,
"Diz-me no que votas e eu te direi quem tu és"...
Pra ver se o povo aprende a não votar mais em candidatos do PSDB, PMDB, DEM, PP... essa turma toda que apoiou o impeachment fraudulento e apoia o governo temer nas reformas trabalhistas e da previdência. A maioria dessas legendas partidárias são contrárias ao interesse do povo (salvo rara exceção de alguns políticos ).