Põe o bode, tira o bode e a sala fica perfumada

O presidente Jair Bolsonaro é um grande homem.

Veta hoje o que seu governo anunciou ontem.

Seja comercial de banco “descolado” tirado do ar e, agora, a “CPMF” da Previdência, anunciada na Folha pelo Secretário da Receita, Marcos Cintra, que substituiria o recolhimento previdenciário de patrão e empregado e seria, em tese, o sustentáculo da transição entre o atual regime para o de “capitalização”.

Cintra disse que haveria a taxação de 0,5% para pagador e recebedor de qualquer transação econômica, inclusive “igreja, a economia informal, até o contrabando”.

É algo que, pelo impacto, não pode ser uma “simples ideia”, mas objeto de debate e decisão na equipe econômica e não é possível que esta não tenha sido tratada com o Presidente da República, mesmo este sendo um confesso ignorante de economia.

Mas aí este vai para as redes sociais e anuncia que “em nosso governo nenhum novo imposto será criado,em especial contra as igrejas”.

Uau! Estamos salvos do “mal” graças a Bolsonaro, embora o dito “mal” – e nada mau, aliás – não existisse e estivesse  sendo proposto por um agente do próprio Bolsonaro.

Faz-se o herói de sua própria vilania.

Como quem vai ocupar postos de destaqwue no governo Jair Bolsonaro não tem, mesmo, lá um grande caráter, fica por isso mesmo. Tomam na cabeça em homenagem ao chefe.

Fernando Brito:

View Comments (26)

  • Desse caráter o mundo está cheio . " trabalhava numa empresa e fazia a seleção de pessoal . Quando da contratação o patrão fazia questão de ele anunciar e participar pessoalmente , fazia o relacionamento se fosse mulher , traçava as criaturas , Na hora de despedir pedia para eu fazer ". São sempre os salvadores .

  • Uma estratégia "brilhante", quando aplicada em bolsominions debilóides, zumbis idiotizados e outros tipos assemelhados.

  • Essa novelinha aí já encheu o saco, é sempre assim, os ministros e secretários lançam o balão de ensaio, obviamente com o conhecimento do capetão, e aí após uma avaliação rápida da receptividade da ideia (ou neste caso nem isso porque é evidente que novo imposto vai trazer descontentamento), surge o salvador da pátria prá dizer "imposto novo não vai ter taokei". É mais primário e ensaiado que escorregão de palhaço no circo, mas haverá plateia para aplaudir...

  • Isso faz parte do CIRCO do Papa BOZO (autor da mais recente encíclica, a do LAVA PAUS).

    BOZO esta sendo usado como escaramuça enquanto o desmonte segue com força em direção a política do ALINHAMENTO e submissão.

    Os MILITARES, iludidos que estão, pensam que BOZO irá ajudá-los a combater o risco do unico inimigo que, ironicamente, lhes deu valor nas ultimas décadas, o PT.

    BOZO é o bode na sala ..se precisar, os MILICOS o sacam e se apresentam como olor verdadeiro

  • CPMF seria prova contra transações da milícia da qual uma parte do governo é parte

  • Um diz e outro desdiz, depois vem a compensação. "Vocês precisam invadir a Venezuela". "Não, isso é impossível. Não há a mínima possibilidade de que isso aconteça". " Pois então, pelo menos mantenham o Lula preso!". "Bem, vamos ver... Isso parece mais fácil de garantir."

  • E por acaso,alguém já viu,um BANDO DE SEM VERGONHAS REUNIDOS,que não estejam tramando algo,contra o próximo?

  • Pois é.....Imagine o atual governo taxando as igrejas, o pessoal do contrabando (fornecedores da turma da milicia) e outros aliados...Ia ser um deus nos acuda...Com a popularidade derretendo, o presidente não pode se dar ao luxo de desagradar seus apoiadores, não é?? Vai daí esse vai e volta das decisões (ao sabor das circunstancias).O que podia se esperar de um governo sem projeto?

  • Uma outra análise importante, que precisa ser esclarecida ao povão: A natureza do imposto em si (ou o seu genérico), seria até uma fonte de arrecadação anti-sonegação e robusta para a combalida situação fiscal do país.

    O problema central, é o fato de propor incidir sobre toda e qualquer transação econômica (incluindo aquelas sobre as quais já se incidiam os ICMS estaduais e taxas únicas de arrecadação) com uma alíquota que, somadas as partes de pagador e recebedor, chegava ao absurdo 1% (lembrando que o CPMF era, ao todo, 0,3% aproximadamente para o lado que transacionava apenas).

    Ou seja, da função de imposto progressivo que a antiga Contribuição tinha, em certa medida, seu “aperfeiçoamento” o transformaria em altamente regressivo.

    Tal qual a ideia de imposto de renda com alíquota única, para todas as faixas, que se ventilava durante a campanha.

    • Uma alíquota dessa monta realmente geraria graves distorções num país com a inflação baixa que temos hoje. O importante é que tenha cunho fiscalizatório, e se vá em cima daqueles que realmente sonegam.

      Hoje em dia, para fins de fiscalização, a alíquota de IR retido na fonte sobre operações em bolsa no mercado à vista é de 0,005%

      No caso dessa nova CPMF, mesmo que a alíquota ainda fosse um quinto disso - 0,001% - já daria para rastrear operações a partir de R$ 1.000,00.

      Uma pessoa que ganha R$ 1.000 pagaria apenas 1 centavo de imposto. E os filhos do Bolsonaro teriam que fazer milhares de depósitos abaixo disso nos caixas eletrônicos da Alerj para burlar a fiscalização.

      • De pleno acordo com relação aos efeitos de fiscalização e redução da sonegação. Forçaria os “laranjais” a serem ainda mais fracionados nos eventuais depósitos, aumentando as suspeitas de movimentações sucessivas abaixo do teto de R$1K.

        A questão toda é que, sendo uma contribuição que incidiria sobre toda a atividade econômica, provocaria efeito de bitributação ao se considerar a base do ICMS (e/ou do ISS), por exemplo. Com efeitos danosos não só aos preços, como também à concentração da renda.

        • Mas, como sobrevivemos a uma alíquota de 0,38% há pouco mais de uma década? Não me consta que tenha havido grande mudança na base de cálculo dos demais tributos, como ICMS e ISS.

          Sem falar que nunca se questionou o fato de que se pagava CPMF até mesmo para pagar outro imposto - como a quitação de um boleto de DARF, por exemplo. Uma dessas "idiossincrasias" da leniência com os tucanos.

          • Porque a base de incidência passa a ser toda a atividade econômica. Não mais, movimentações financeiras.

            Se levar em consideração os principais impostos estaduais, não havia impacto sobre sua base. Exceto no ato do pagamento em si. Não na própria circulação da mercadoria e serviço.

            E quem, de baixa renda, paga por um produto/serviço cujo valor final já teria repassado o efeito dessa tributação, pagaria proporcionalmente mais em função da sua apertada renda, do que quem tem mais.

            Sobre a CPMF em si: Se voltasse, sempre defendi a ideia de que deveria haver um “piso” de movimentação sobre a qual ela incidisse. Que não onerasse pobres e classe média C.

Related Post