Os analistas de política da grande mídia viciaram-se a tal ponto em ter o antipetismo como Norte que adotam sempre esta âncora para balizar seu pensamento sobre os fatos.
O grande obstáculo que veem à aproximação entre Geraldo Alckmin e Lula é, para eles, a vaga de candidato ao Governo de São Paulo.
Não conseguem entender que este é um problema de Márcio França, não de Alckmin, que já fez, na prática a composição com o ex-presidente.
Alckmin não é tolo de pensar que, feita toda a movimentação que o desgasta – reconheça-se – entre boa parte de seu eleitorado vá apoiar uma “batida de pé” do PSB por uma cabeça de chapa paulista que, como já se apontou aqui, não tem favoritismo e, pior, empurra o eleitorado petista para a candidatura de Guilherme Boulos ao ponto de dar-lhe uma musculatura capaz de surfar numa possível “onda Lula” nas eleições de 22.
Pelo contrário, vê passar à sua frente não só o cavalo encilhado para a vice-presidência da República mas, sobretudo usa-la como estribo para galgar a posição de articulador nacional de um partido de centro e inscrever seu nome na normalização da vida política brasileira, depois de passados os ventos podres do período Bolsonaro.
Alckmin vira um marco de que restrições ao PT não podem ser mais fortes que compromissos com a ordem democrática e com a recuperação do caos a que foi lançado o país.
Aponta-se-lhe incoerência, depois de tantos confrontos duros com Lula e o PT, mas isto será justificativa diante da emergência nacional de remover o entulho que nos governa, se é que governa?
A patética reação dos nossos colunistas é tão frágil que até Ricardo Noblat, mil anos luz distante de “lulismos”, escreve hoje em seu blog no Metrópoles:
Para essa gente, até outro dia, Geraldo Alckmin tinha as qualidades e fazia por merecer governar São Paulo pela quinta vez. Antes ele do que Fernando Haddad e Guilherme Boulos, candidatos do PT e do PSOL, e Rodrigo Garcia, do PSDB.(…)Uma vez que Alckmin parece atraído pela chance de ser vice de Lula, virou saco de pancada. Dele agora se diz que não deveria ser vice porque nada acrescenta a Lula; e que se virar e Lula se eleger, será um um vice-presidente decorativo como Temer foi de Dilma.
A pergunta, óbvia, à qual não podem responder é, se é assim “um nada” a inesperada aproximação Lula-Alckmin, porque se importam tanto?