É mais preocupante que alvissareira a notícia de que, afinal, a Fiocruz receberá no sábado à noite a primeira carga de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para a produção de 2,8 milhões de vacinas contra a Covid-19 que serão entregues para uso nos primeiros dias de março.
A quantidade esperada era de 10 milhões de doses.
Nada explica que, depois de meses de espera, a Fundação Oswaldo Cruz tenha tão pouca matéria prima para trabalhar – algo que pode ocupar suas linhas de produção por apenas três dias de funcionamento.
É quase o mesmo do “cata-vacina” que fizemos na Índia, com aqueles dois milhões de doses.
Mesmo que haja ainda entrega (ou entregas) de IFA em fevereiro, a quantidade é ridícula para quem anunciou que, até julho, forneceria 100,4 milhões de doses da vacina.
O que, aliás, era suficiente apenas para um plano de vacinação que já levava incríveis 16 meses.
Se este for o ritmo de entrega semanal, 100 milhões de doses, só em outubro ou novembro.
A Fiocruz está sendo estrangulada na sua capacidade de produzir as vacinas e as razões têm de ficar claras para a população. A Fundação é um patrimônio do país, não um quartinho do Governo Federal.
Quem está retendo as entregas contratadas, a China – que tem o crédito de não fazer o mesmo com o Butantan nas remessas da Sinovac – ou a fábrica da Astrazêneca em Wuxi, em território chinês?
O Butantan terá, ao final do mês, entregue 17 milhões de doses enquanto, nesta data, a Fiocruz terá apenas alguns frascos de “amostra grátis” para exibir para a imprensa?
Realmente querem que nossa respeitável e centenária instituição “pague este mico”, sem que seja exposta a verdade?
A Astrazêneca está em grandes dificuldades nas suas entregas na Europa, onde está fornecendo uma parcela apenas do que tinha sido contratado,
Há o mesmo em outras de suas plantas?
É a falta de vacinas que está segurando o plano (tudo menos) nacional de vacinação a passos de cágado, tendo alcançado menos de 1,5% da população em 16 dias de aplicação de vacinas que representa menos de um terço do total de doses disponíveis, mesmo que a escassez que é de conhecimento geral?
Parece que se está cuidando, à base de restrição e desconhecimento, de laiviar a pressão por vacinas,
Mais de duas semanas e não há, ainda, vacinação em massa no Brasil.