Quando a gente pensa o Brasil, não pode pensar nele como um país “normal”.
Porque não somos, em nenhum aspecto. Desde o tamanho, a riqueza natural, a cultura e tudo o que faz único, até a história escravagista, elitista e burra de nossas elites, que também é única no mundo, agora que os boers holandeses já se foram da África do Sul e da face da Terra.
Pensar o progresso do povo brasileiro, portanto, não pode se pautar, apenas, nos sentimentos de justiça e distributivismo da riqueza que essa elites sempre nos negaram.
Significa, sempre, reverter o retardo no desenvolvimento da riqueza que elas nos legaram.
As elites brasileiras sempre viveram das migalhas do que transferiam de nossa riqueza para o exterior. Do pau-brasil, à cana, ao ouro, ao café, ao ferro, à soja, nossa história foi transferir riqueza.
Natural, portanto, que desejem que o nosso país, internacionalmente, fale fino com os poderosos e, com os fracos, seja o menino de recados que leva a vontade do “sinhô” à senzala e ainda se ache “o máximo”, por poder frequentar a “casa-grande”.
A direita brasileira sempre se preocupou em manter essa postura. É famosa a frase do udenista Juraci Magalhães de que “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.
Por isso, ao analisar o comportamento de Dilma, acha que “isso não vai adiantar nada” e que se trata de um simples aproveitamento eleitoral interno.
É coerente com o mundo, tal como o enxergam e nele vêem o Brasil.
Eles não conseguem imaginar outro lugar para nós que não a gravitação em torno dos Estados Unidos e seu modelo de vida, riqueza e progresso. Tal como seus antepassados, há dois séculos, viam as metrópoles coloniais europeias.
Por isso mesmo, acham que até é admissível um certo palrar nacionalista, desde que seja para “inglês (ou americano) ver”.
Então, não percebe – parte delas, porque muitos percebem mas fingem que não – aquilo que eu disse no post anterior: que a diplomacia segue o rumo de todas as outras relações de troca entre países, especialmente as comerciais.
Nas exportações, que se multiplicaram por quatro em uma década, as compras norte-americanas no Brasil foram as que menos cresceram: 76,6%, passando de 15,6 para 26,8 bilhões de dólares.
Ou de um quarto do total de nossas exportações para 12% do total exportado.
Isso é uma decisão de não vender aos americanos? Ora, isso não passa pela cabeça de nenhum exportador, o que ocorre é a decisão de não comprar.
Compare isso com a Ásia, com a China em específico, com o Mercosul…aqui, inclusive com a fixação de barreiras comerciais nas quais os pregadores do liberalismo são mestres.
Nas importações, o quadro é bem parecido, e até um pouco mais desfavorável ao Brasil, que embora tenha ampliado as compras nos EUA bem mesmo que com qualquer outra parte do mundo ainda assim o fez num ritmo maior do que o de suas vendas para lá.
A visão americanófila que “fez a cabeça” das camadas conservadoras das elites brasileiras, de Juraci a Fernando Henrique cabe dentro das cabeças miúdas, mas não cabe mais na realidade econômica do país.
Portanto, caros e raros leitores e leitoras, essa é a visão que o nosso jornalismo econômico não lhes dá, para que possa ser compreendido nosso papel no jogo de forças mundial que, como ao longo de toda a história, é regido por dinheiro e poder.
É óbvio que não se toma aqui uma postura infantil de “yankees go home” até porque as boinas verdes vêm, com mais eficiência, na forma de notas verdes.
Mas, sim, de enxergar nossa polìtica externa, nossa diplomacia, como a projeção dos nossos princípios e dos nossos interesses.
Talvez agora fique mais fácil entender porque o Brasil pode ter tanto peso no jogo de forças mundial e porque não é a republica bananeira que as nossas elites pensam que somos.
Concluo o raciocínio com que abri este post. Para pensar o Brasil, é preciso pensar o nosso tamanho. E ver que somos, entre as nações de um mundo que se divide em hegemonias, uma das poucas que pode aspirar a um destino próprio.
Os que rastejam jamais serão capazes de ver horizontes.
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Este seu fecho foi demais, Fernando. Que brilhante fecho!
Irretocavel analise e perspectivas para nosso momento. So posso dizer que: Deus continue nos ajudando.
A UDN é isso: entreguistas, capachos, oportunistas e indolentes...
Jamais se constituiram(a UDN) em ELITE(pensante) mas em exploradores ENDINHEIRADOS...
Assim minha sugestão, Fernando Brito, é tratá-los pura e simplesmente de ENDINHEIRADOS...
Para esse leitor de seu blog, elite é o Fernando Brito!!!
O que dizer de uma "elite" que vende a imensa riqueza do Brasil por 30 moedas: Judas, Joaquins Silverios dos Reis. Traíras.
Sao profissionais. Bacterias especializadas em tirar proveito da miseria e da ignorancia.
Sonhando;Matéria para 5 minutos de TV.Imperdível.Como fazer para mudar a cabeça dessa classe média influenciada pela mídia golpista.Que ódio baseado no modismo essa classe tem de um governo trabalhista que só quer o bem de seu povo e do país.
A direita e extremamente eficiente em perverter o cerebro em formacao dos jovens. Ensinam que os mais perversos serao os vencedores.
Creio que o título do artigo está errado.
Não seria: "Porque me UFANO de meu país ..." ?
Para dirimir dúvidas:
http://aulete.uol.com.br/afanar
http://aulete.uol.com.br/ufanar
Um abraço.
Por isso mesmo. O título de um livro famoso do Conde Afonso Celso, um bobalhão do início do século 20, é "Porque me ufano de meu país". Era uma baboseira de ufanismo nacionalista vazio, fixado na visão da elite sobre o Brasil. O que quis dizer é afanam, mesmo. Afanam, roubam, surrupiam, tiram fraudulentamente. Ou não nos fazem isso com nosso próprio país?
Creio que nesse caso, então, deve-se dizer:
"Por que afanam meu país" (Por que roubam meu país).
Ou mesmo "Por que ME afanam meu país" (Por que me roubam (tiram de mim) meu país).
"Por que me afanam DE meu país" está dizendo "Por que me roubam DE meu país" (Por que me tiram (ou tiram-me) DE meu país).
Creio, ainda, que o "por que" em questão deve ser grafado assim mesmo: "por" (espaço) "que" ;-)
Não pretendo dar aulas de gramática, só está me parecendo um pouco ilógica a sentença, com relação ao que se pretendeu expressar. E é preciso não dar margem a que os inimigos façam esse tipo de crítica. No mais, o texto está primoroso.
Ressalto, também, que não faço questão de ver publicado este meu comentário.
Um abraço.
Adorei o "Tijolaço" na cabeça das nossas elites! Toma!
Campos mostrou-se, afinal. Não prosperará. Marina, com seu blalblabla, permanece como maior oponente.
Alguém ainda le o que esse vampiro fala....?
Tanto faz o Cerra quanto o Aético do p´o, ambos são vendilhões privatistas sem qualquer compromisso com a sociedade brasileira.
Ví uma fala do fhc, dizendo que o Aétlco pode comandar o país, só vejo o Aético comandando o PCC, pois entende muito de farinha branca.