Tenho matutado uma decisão nas últimas semanas.
Trata-se de uma sugestão que os leitores vem me fazendo há tempos, mas que só agora enxergo os seus contornos revolucionários.
E talvez só agora também se encontre madura para ser implementada.
É uma maneira eficaz de iniciar um processo concreto de democratização da mídia: fazê-lo antes em nós mesmos.
Explico.
Não podemos ficar sem informação, certo?
Sobretudo informação política, insumo principal deste blog e de seus leitores.
Pois bem, então façamos o seguinte.
Vamos mudar nossos hábitos. Ao invés de colher a informação pela mídia. Façamo-lo diretamente pelas fontes primárias.
Farei uma lista do que considero Nível Básico de Informação Política Direta, ou seja, fontes primárias que nos permitirão reduzir o contato com a mídia tradicional a um mínimo possível.
Como a maioria das coisas certas, trata-se da solução mais simples que se possa imaginar.
Para evitar fontes “chapa-brancas”, ou seja, que tenham afinidade com as nossas próprias opiniões, basta acessar diretamente as páginas da oposição e de seus principais parlamentares.
1) Página Oficial da Câmara Federal.
http://www2.camara.leg.br/
Obs: Se criássemos o hábito de visitar com mais frequência o site da Câmara, e comentá-lo, contribuiremos para que ele, e outros como ele, melhorem de qualidade. É um site com bastante conteúdo. Ficaríamos surpresos com a quantidade e riqueza de projetos que a Câmara e seus inúmeros departamentos analisam e pôem em debate, em prol do nosso país.
Você pode acompanhar o trabalho de cada parlamentar, e montar boletins eletrônicos com os assuntos que mais lhe interessam.
Há uma TV Câmara, onde se pode acompanhar, ao vivo, os debates. Se desenvolvermos este hábito, saberemos quais os melhores dias e horários, onde acontecem as melhores intervenções.
Os vídeos são todos arquivados, de maneira que podemos sempre fazer pesquisas sobre o desempenho passado dos parlamentares.
2) Página Oficial do Senado.
http://www.senado.gov.br/
As mesmas observações feitas para o site da Câmara valem para o Senado.
Para não estender muito o post, vou apenas enumerar os sites políticos que podemos acompanhar mais perto, a partir deste ano. Apenas acrescento que, ao fazê-lo, estimularemos o surgimento de uma outra cultura política, e incentivaremos as instituições democráticas a aperfeiçoarem seus serviços de informação.
Para mim, é um xeque mate nos setores do Congresso que têm medo da mídia e estão fazendo o jogo dos barões. Será como dizermos à eles: ué, vocês não querem que a gente assista aos debates diretamente na TV Câmara? Não querem que acompanhemos diretamente a performance de cada candidato através da internet?
3) Página do Planalto.
http://www2.planalto.gov.br/
4) Página dos principais partidos políticos, sobretudo de dois deles, o PT, líder da base do governo e PSDB, líder da oposição.
– PT.org.br
– PSDB.org.br
5) Página do STF.
6) Página da Procuradoria Geral da União – MPF.
http://www.pgr.mpf.mp.br/
7) Página da Polícia Federal.
http://www.dpf.gov.br/agencia-de-noticias/
Resumindo, monte uma listinha pessoal com algumas páginas institucionais a nível federal, outras a nível local, sem esquecer dos principais partidos que disputam o poder nestes dois universos. Escolha algumas páginas de opinião política de sua preferência.
Use um pouco de criatividade. Navegue um pouco à esmo pela internet.
Pronto, estará bem melhor informado do que um indivíduo lendo um jornalão convencional e seus colunistas raivosos.
Melhor também do que se informar apenas pelas redes sociais.
Mas as redes sociais são fundamentais, é claro. Na verdade, elas são a principal ponta-de-lança contra a mídia corporativa e familiar.
Montar uma conta de twitter sintética, racional e variada, é uma forma bastante simples de se manter bem informado.
Eu mesmo vou começar a fazer mais isso, a reduzir minha atenção dada à grande mídia e me concentrar mais em discutir a partir das fontes primárias de informação.
Vamos começar a democratizar a mídia de uma maneira que os advogados da concentração, no legislativo, nas empresas, nos partidos e nos governos, não poderão jamais impedir: usando a nossa liberdade.
Claro que isso não basta. A democracia da mídia terá de ser discutida no congresso e implementada pelos governos, mas enquanto isso não acontece, a gente pode contribuir para a formação de uma nova cultura política e uma nova cultura de informação.
Quanto mais acessamos a informação via fonte primária, mais pura e menos manipulada pelos interesses políticos, tanto os interesses dos governos quanto da oposição, será a nossa informação.
Esta me parece uma estratégia, inclusive, supra-ideológica.
Vale para a esquerda e para a direita, coxinhas, comunistas, social-democratas, reacionários, revolucionários, moderados, para todo mundo.
A concentração da mídia não prejudica apenas a esquerda, mas o processo democrático como um todo.
Essa estratégia nos libertará da desnecessária tortura de engolir as mentiras e manipulações diárias da nossa mídia.
Talvez ela nos poupe algum tempo, que podemos usar lendo mais livros, assistindo mais filmes, ou simplesmente não fazendo nada.
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Excelente proposta!
Esse é mesmo o espírito da web.
Eu nunca mais abri o uol desde o editorial sobre a ditabranda.
Depois de um tempo até esqueci que ele existia.
Sabia decisão, há muito me pergunto como vocês blogueiros independentes, no intuito de nos informar "melhor", suportam as firulas da merdia convencional. Menos versões ( mesmo que seja só para desmacarar os seus inventores) e mais fatos. Já disse um pensador : para derrubar uma idéia errada não adianta dizer que ela é ruim, temos que apresentar uma melhor. Parabens.
Acho que é por ai também, o que nos falta é uma cultura de informação, o nosso povo em geral se tornou indolente, essa mídia que combatemos nos fez assim, queremos as coisas mastigadas e sendo assim comemos sem sabor. Estamos iguais aquelas crianças criadas com a avó com tudo na mão e fica mal acostumada, sem iniciativa.
Ótimo! Isso soa como uma espécie de alforria informacional e o nascimento de um novo leitor. Gostei demais!
Caro Fernando,
Esta medida é muito revolucionária e fantástica. Merece que os principais blogueiros progressistas se reúnam em torno dela para aperfeiçoá-la ao máximo. A lista de sites deve ser maior. E merece uma página própria explicando todo o contexto, todos os porquês dessa ação e reinforçar a necessidade de democratização da mídia. Eu acredito que o PIG vai sentir o baque. Eu próprio tenho reiteradamente conversado com meus amigos sobre a necessidade de se informar por fontes além do PIG. Um a página da web que reúna tudo isso que eu citei será maravilhosa e tenho certeza que todos nós contribuiremos até financeiramente , caso seja necessário. Abs
Bom dia,
concordo, mas ai ficaria 90% da vida nisso, ou seja , pesquisa de páginas e demais acessos a internet. O que se tem de fazer o faça, seja na força ou ou não. A mídia tem que ter um controle como as demais empresas do Brasil tem, o que ela é diferente das demais, pois "ela" mídia é isenta de regulamentação,porque, assim como os jornalistas que não precisa de estudo só de uma carteirinha da profissão?
tenho minha lista nos favoritos onde busco informação diária. Boa dica, incluir a câmara e o senado. Hoje mesmo acessei o portal da Câmara e participei de uma enquete.
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/EDUCACAO-E-CULTURA/480053-PROPOSTA-LIMITA-COBRANCA-DE-DIREITOS-AUTORAIS-A-5-DO-TOTAL-DE-EVENTO-MUSICAL.html
valeu Miguel!
FFBB, o problema é o tamanho da mídia contrária, mentirosa, insana e outros que tais! E extra-pauta: Outras Palavras nos traz um importante artigo do jornalista português, Nuno Ramos de Almeida, onde diz das eleições antecipadas para 25 de janeiro, na Grécia. O fmi e a Alemanha já chantageiam. Afinal o modelo de exploração bancária corre risco. Em http://refazenda2010.blogspot.com
O primeiro passo para a busca de informações precisas é desligar a rede globo e esquecer dos jornalões.
É o suficiente para fugir da censura vigente, e de quebra, melhorar o humor. A proposta do Miguel faz de cada internauta um jornalista, natural, é isto que eles deveriam fazer, mas não fazem.
Se você leva a roupa suja para a lavadeira, e ela te devolve ainda suja, o remédio é procurar outra. Se todas as lavadeiras disponíveis também não desempenham como esperado, o jeito é meter as mãos na massa (no caso no tanque) e lavar a roupa você mesmo.
Resta que ou você tem tempo e se dedica, ou não terá a roupa limpa.
Por sorte podemos contar com jornalistas que cuprem seu papel, como o Miguel, mesmo porque informação não é como roupa limpa. Você não precisa vestir a informação limpa para sair na rua, basta não vestir a suja para não pagar mico.
Já vai para mais de década que não leio ou assisto o PIG, e me sinto muito bem informado, graças a gente como Miguel do Rosário...
Não sinto a obrigação de saber quais maldades tramam os maus neste momento, minha ação pessoal raramente será efetiva a ponto de evitá-las (fosse jornalista, não faria outra coisa), então simplesmente prescindo do PIG, e ponto.
Mas deveríamos todos adotar o hábito de escrever para colaborar com os blogs "sujos", sempre que nos depararmos com alguma informação relevante, que não percebemos suficientemente veiculada, deem-nos ouvidos, ou não. É isto que fazemos aqui, a internet é pista de mão dupla, e nela, sim, nossa colaboração é efetiva, pois azeita o veículo, e ajuda a fluir a informação.
Digna de aplausos a proposta. Há muito tempo não assisto nem leio a mídia tradicional. Tive a grata surpresa de acompanhar pelo canal do governo a posse da Presidenta Dilma. Excelente, com comentaristas especializados e não partidarizados. Leio diariamente os chamados blogs sujos e sou critica à repercussão que dão às fofocas e manipuladas informações dos meios de comunicação claramente oposicionistas ao projeto Brasil.
É chegada a hora dos blogueiros progressistas se unirem e formarem uma associação que congregue recursos e colaboração intelectual. A Democracia agradece. E nós, os leitores, também.
Ano novo, novas ideias.