O anúncio feito por Jair Bolsonaro de que vai contratar uma empresa privada para dizer se é ou não seguro o processo eleitoral brasileiro e que, se a conclusão de seus contratados for de que é “impossível auditar o processo”, o TSE e seus ministros vão “ficar numa situação bastante complicada” tem todo o jeito de ser uma bravata para tumultuar as eleições.
Em primeiro lugar, auditoria de eleição antes que ela se realize, como quer Bolsonaro – é uma verificação de eficiência, confiabilidade e integridade dos programas usados nas urnas eletrônicas. Isso é permitido e se faz a cada eleição, primeiro com a abertura dos códigos-fonte e depois com a realização de testes de integridade do processamento.
Não se registraram, aí, em nenhuma das eleições informatizadas, defeitos graves e aprimoramentos de segurança foram recomendados, diversos deles incorporados ao sistema.
Em 2014, o PSDB, sob o comando de Aécio Neves, contratou uma auditoria privada, que custou, à época, R$ 1 milhão, levou um ano para ser feita e não encontrou fraudes, embora os tucanos dissessem que o sistema era “inauditável”.
Se a empresa escolhida pelo bolsonarismo for igual à dos tucanos, nem haveria eleição.
Bolsonaro disse ainda que a empresa “pedirá os dados do Exército” para sua avaliação. Como isso não é uma pasta que se mande pelo reembolso postal, significa que os contratados terão reuniões e orientação dos militares brasileiros?
Se a empresa de tecnologia for estrangeira – desconhece-se haver nacionais capazes deste tipo de desafio – será que eles considerarão um risco para a segurança nacional abrir o sistema público de votação para gente do estrangeiro?
Dificilmente uma empresa séria e com preocupações com sua imagem entrará nesta “roubada”. Associar-se a uma iniciativa golpista não é bom marketing para ninguém, muito menos para uma empresa de auditoria.