Jair Bolsonaro disse hoje, ao falar no cercadinho montado à porta do Alvorada, que se não houver a privatização da Eletrobras – que está sendo criticada até pelos “privatistas” – haverá “caos energético”. Isto é: apagões e racionamento.
“Você sabe o imposto que é pago na sua cidade? De luz? Você não sabe, então, não discuta comigo. Eu sei que você é sindicalista aí. Então, esse discurso, não vou aceitar discutir aqui sobre privatização. Bem, se não privatizar acaba tendo um caos no sistema energético no Brasil, porque roubaram tanto, roubaram tanto… Que ninguém fala nisso”.
O governo Bolsonaro teve dois anos e meio para apontar a “roubalheira” e não o fez.
Teve dois anos e meio para ordenar providências que melhorassem o manejo dos reservatórios e acelerasse – como anuncia agora – a entrega de novas usinas – sobretudo as eólicas – que permitissem uma maior retenção de água nas represas. E, igual, não o fez.
Agora, quando o país enfrenta uma escassez de chuvas (estariam os esquerdistas sabotando São Pedro?), Bolsonaro aponta a esquerda como responsável?
É um ensaio do que ele fará diante dos prováveis apagões que nos aguardam dentro de quatro ou cinco meses: culpar um vago passado de bandalheiras que ele, coitado, não conseguiu reverter com a privatização – mesmo sendo livre para nomear que quiser para a Eletrobras e suas subsidiárias.
Ou, se consegui-lo, dizer que isso é assunto dos empresários que assumiram a empresa.
Aliás, os empresários que assumiram geradoras no governo FHC pouco ou nada fizeram para ampliar a geração de energia.
E, é claro não vão fazer chover, o que é a única coisa que pode evitar, no curto prazo, o “caos no sistema energético”.
Jair Bolsonaro, como se vê, não governa, nem tenta resolver as crises do país.
Se morre gente aos montes, é porque não o deixaram dar cloroquina.
Se há desemprego, a culpa é de quem pede medidas preventivas contra a Covid.
E se faltar luz, a culpa é de quem se opôs à privatização.
Afinal, “eu sou messias mas não faço chover”.
Mas os que vão abocanhar a Eletrobras fazem: fazem chover dinheiro para seus cofres.