Problema das redes é monopólio, não ‘ataque’

A internet, quando concebida pelos militares norte-americanos, baseava-se num conceito: o de absoluta descentralização, uma espécie de rede neural onde a informação não transitava necessariamente por um ou mais “centros” de conexão.

A pane ocorrida ontem no Facebook e em outras redes pertencentes a eles – Whatsapp, Instagram e Messenger – mostra que é necessário que, por todas as razões, sejam criados mecanismos internacionais que impeçam a manutenção de oligopólios no controle das redes sociais.

Não foi apenas o impedimento do acesso dos usuários aos aplicativos de mensagens que caiu: toda a internet sofreu as consequências do “apagão” do sistema de Mark Zuckerberg, muitos sites acusavam estar com a conexão indisponível, o que indica que, de alguma forma, o tráfego até eles poderia, de maneira aleatória, estar passando pelos servidores do Facebook.

Aparentemente, não foi a primeira vez que isso aconteceu: em 2013, vários sites ficaram indisponíveis por conta de problemas no Facebook, se os usuários estivessem logados no aplicativo.

A razão provável é que o Facebook passa a fazer parte do roteiro da solicitação eletrônica de endereço (DNS) por conta da coleta de informações sobre preferências e hábitos do internauta.

Hoje, isso se tornou mais grave ainda, por praticamente já não haver sites que deixem de coletar informações pessoais dos usuários. Todo mundo sabe que você buscar por um produto na rede significa que surgirão anúncios de semelhantes ou da loja online que você acessou.

Além disso, seus “algoritmos”, um segredo guardado a sete chaves, tem o poder de dirigir, pela visibililidade, quem deve ser visto ou não na rede. Qualquer site de informação e opinião sabe que, desde 2020, sua receita publicitária despencou com as regras algorítmicas que Facebook e Google passaram a adotar.

Google e Facebook, para vasculharem os que usam a internet submetem suas conexões a um tráfego monstruoso que, quando recusado, como ontem, é capaz de deixar a internet “capenga” ou até inservível.

Resta saber quem será o governante que levará o mundo a discutir esta questão.

Não é o hardware da Huawei quem coloca a segurança da comunicação cibernética mundial em questão, é o fato de que os gigantes da rede, com sua fome insaciável de dinheiro, tornaram-se nós por onde passa toda a informação que colhem de cada um de nós.

E estes “nós vitais” são exatamente a antítese da internet.

Fernando Brito:
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