Anuncia-se, ainda para esta semana, um encontro de Lula com os comandantes militares.
Bom que aconteça, porque estes é que estão em posição difícil, não o presidente da República.
São as Forças Armadas que devem explicações e atitudes à Nação, não só pela leniência com que se comportaram com os “acampamentos” golpistas às portas dos quartéis, que se comprovaram um salvo-conduto para marginais terroristas, inclusive com fabricação de bombas.
Está na conta dos militares a inexplicável inação do Batalhão da Guarda Presidencial (e até a cumplicidade de seus chefe com os vândalos) e a intolerável recusa ao cumprimento de uma ordem judicial que mandava dissolver, na noite do próprio dia 8, as concentrações bolsonaristas, impedindo a ação da Polícia Militar.
E, sobretudo, a sombra que se lança sobre eles com a chamada “minuta do golpe”, que colocava o Ministério da Defesa à testa de uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral.
Não são apenas três situações inaceitáveis como, pela sua própria natureza, algo que nem eles terão condições de defender.
Lula, ao contrário, foi respeitoso e até concessivo aos militares. Nomeou um Ministro da Defesa de perfil conservador e com bom relacionamento com os comandos, designou comandantes pelo exclusivo critério de antiguidade, despolitizando completamente sua relação com as Forças Armadas.
O que exige deles é nada além do escrito na Constituição, especialmente no tão invocado “Artigo 142”: que o presidente da República, Lula, é seu chefe supremo e que elas, se tiverem de garantir a lei e a ordem, o farão por solicitação dos Poderes da República, não contra eles.
Não se argumente que, dispondo das armas, os militares podem agir como quiserem, fora da lei. Não, não podem, porque qualquer aventura política em que pudessem se lançar é inviável, interna e externamente.
O problema que os militares têm para resolver é o de se livrarem do que hoje virou um estigma: a sua ligação com Jair Bolsonaro, que se tornou uma vergonhosa insígnia que têm de se decidir a tirar.