Inacreditável, porém reveladora, a entrevista do procurador Carlos Fernando Lima – apontado como “cabeça” da turma de procuradores da Operação Lava Jato – dizendo que a investigação está ameaçada pelo fato de o ministro Teori Zavascki ter redistribuído a investigação sobre a senadora Gleisi Hoffman por não ver nela conexão com os desvios na Petrobras.
“O temor de Lima é que, a partir daí, a investigação sobre essa etapa (e inclusive outras, que não tratem da Petrobras) seja remetida para outra vara federal, até mesmo fora do Paraná, e deixe de ser conduzida pela força-tarefa e pelos policiais federais da operação.“, diz a Folha.
Quer dizer, então, que outro juiz, outros promotores e outros policiais conduzirem a apuração é algo “temível”. Por que?
Lima responde: “O que queremos mostrar é que não estamos investigando a Petrobras. Nós nem começamos a investigação por ela”, afirma Lima. “Estamos desvelando a compra de apoio político-partidário pelo governo federal, por meio de propina institucionalizada nos órgãos públicos. Se não reconhecerem isso, vai ser um problema.”
Opa! Quer dizer que está se fazendo não uma investigação sobre desvios em empresas, mas sobre “a compra de apoio político-partidário pelo governo federal”. Quer dizer que não se parte de fatos – como sempre afirma Rodrigo Janot – mas se perseguem (ou se criam) fatos para sustentar a tese de “compra de apoio político partidário pelo governo federal”?
É uma investigação com Norte político previamente definido ou, como deveria ser, uma investigação sobre beneficiários de desvios na Petrobras que beneficiam, como já está evidenciado, além do PT, o PMDB, o PP, o PSB e até o PSDB, com os milhões dados a Sérgio Guerra que, ao lado de Álvaro Dias, esvaziou uma CPI no Congresso?
Não, pois o objetivo é apurar a compra de apoio político partidário pelo governo federal”.
O resto não vem ao caso.
E que história é essa de ser Sérgio Moro o único juiz em todo o território nacional com independência e honestidade para julgar? Todos sabem que, nos processos, as provas e depoimentos se comunicam de processo a processo, basta requerê-lo. O depoimento de Youssef a Moro vale para o juiz A, B ou C e se este considerá-lo insuficiente pode, perfeitamente, chama-lo a depor outra vez. Supõe-se que o doleiro, nos próximos meses, não esteja tão ocupado que não possa prestar novas declarações, não é?
Será que se Alberto Youssef ter dado 50 reais a um guardinha de trânsito também cairá na jurisdição do Dr. Moro por “conexão”, já que aqueles “cinquentinha” podem ter sido uma das notas que veio nas falcatruas feita com Paulo Roberto Costa? Afinal, o doleiro está sob os cordéis de Sérgio Moro desde o caso Banestado, como seu “delator de estimação”,
Distribuir como “juiz prevento” para Moro – e para a turminha “manda-brasa” do MP de Curitiba – toda e qualquer suspeita de corrupção em estatais por empresas, mega-empreiteiras que sejam, é uma evidente violação do princípio do juiz natural, um dos pilares do Estado de Direito.
Não se trata de entregar a um juiz “amigo” – até porque a distribuição é aleatória, por sorteio – mas de assegurar, pela impessoalidade, o equilíbrio do julgamento. E da apuração, pois a atribuição de procuradores acompanha a atribuição de varas judiciais, automaticamente.
Do contrário, é deformar todo o processo judicial, transformando-o num brinquedo torturante na mão de um grupo de homens que pode conduzir, ao seu talante, toda e qualquer investigação e julgamento de acordo com seus desejos.
E fazer uma intimidação às demais instâncias judiciais de que, entendendo diferente do Dr. Moro – a manchete de o Globo hoje dizendo que João Vacari foi “condenado por doações legais” é um espetáculo de cinismo – serão apontadas como “coveiras” da Lava Jato e promotoras não julgamentos, mas de “pizzas”.
As declarações de Carlos Fernando Lima colocam sob suspeita não apenas os ministros do STF, mas todas as centenas de juízes federais e os milhares de membros do MP e da Polícia Federal nas mãos de quem poderiam ser colocados investigação e julgamento dos casos.
Todos são suspeitos no Brasil, menos Moro, os promotores da Lava Jato, os delegados ferrabrazes do Paraná.
Natural, foram sorteados por Deus para moralizar o Brasil.
View Comments (46)
Um STF que baixa a cabeça e as calças para a mídia. Esse é o verdadeiro problema da justiça brasileira.
O procurador, a meu ver, traiu-se e abriu o jogo, confessando o que já estava mais do que claro, óbvio, evidente, cristalino.
Concordo contigo Edson.
Mas infelizmente ninguém (STF) vai fazer nada. Se alguém, fora dos blogs, arriscar emitir juízo sobre esta declaração será execrado pela mídia.
E mesmo os que arriscam e escrevem sobre o tema, são deixados de lado.
Esses caras vão acabar se enforcando na corda que, pra eles, a mídia estende.
A vara do Dr.Moro,faz justiça ao coletivo de PORCOS.Chama-se,VARA.Que o Aurélio me ajude se estou enganado.Não passam de porcos,cuja vara,fede! O JUDICIÁRIO BRASILEIRO CAUSA " MEDOS " !
Na verdade é um BANDO (coletivo de aves). Tucanos ou de rapina?
Os governos estaduais dirigidos pelos tucanos, como o de SP, PR e o de Minas (até 2014, durante 12 anos), certamente não cometeram qualquer deslize. São santos os tucanos. As doações que eles recebem em volumes até maiores do que as do PT são, como lembrou o deputado Jorge Solla benzidas pelo Papa e saem diretamente do banco do Vaticano. O tesoureiro do PT, Vacari, pegou 15 anos de cadeia sem qualquer prova contra ele, a não a delação premiada de quem realmente roubou muitos milhões de dólares e que serão absolvidos. Já as denúncias contra os caciques do PSDB envolvendo Petrobras, Furnas, Trensalão, etc., claro, isso não vem ao caso. Se quiserem, a gente retira essa parte... É essa a democracia dos Moros, Gilmar Dantas, Barbosas e outros paladinos da justiça criada para blindar a Casa Grande.
É que o dinheiro tucano veio direto da Opus Dei do governador paulista. É abençoado.
O Jurista Pedro Serrano deu depoimento magnífico no Blog do Nassif diz " busco alertar para as graves consequências que o país caminha ao fazer da relação entre a imprensa e o Judiciário uma interação não racional. "O que ocorre é que nessa relação, muitas vezes, a mídia pelo fato de cobrir e de querer narrar aquela história, na narrativa folhetinesca que muitas vezes adota, acaba ingressando no tribunal a sua lógica. O tribunal acaba agindo de acordo com a lógica da mídia, da notícia na notícia, e não de acordo com a lógica do lícito e ilícito", afirma. "Isso gera erros judiciais, gera problemas, fundamentalmente acaba com a ideia do processo dos direitos garantidos individuais", completa.
Casos como esse podem ser reconhecidos no caso Isabella Nardoni, em que a imprensa tomou as rédeas de um julgamento de "maquiagem", de um processo "que a defesa não foi uma realidade". Serrano caracterizou esse como um fenômeno da "corrupção sistêmica, no sentido de funcionamento equivocado, irracional do sistema, por conta de o tribunal ter funcionado na lógica da notícia pela notícia".
É quando a mídia adota um ponto de vista político-ideológico como alternativa de poder e a impõe para o Judiciário que ocorre um estado de exceção "Ou seja, se busca perseguir um inimigo suspendendo os seus direitos elementares como ser humano. Essa pessoa deixa de ser tratada como ser humano e passa a ser tratada como um inimigo. Um ser desprovido de liberdade jurídica", explica. Nesses casos, "não há um mero erro judicial", mas a lógica invertida de "poder e não poder", ao invés de a Justiça determinar o "lícito e não ilícito", disse.
Em sua pesquisa de pós doutorado, Serrano trouxe exemplos da América Latina, como países como Honduras e Paraguai, onde se chegou a haver a interrupção do ciclo democrático ou por decisões do Judiciário. "A farda foi substituída pela toga", afirmou. "Isto para mim ainda não ocorre no Brasil, mas é uma potencialidade. A fala do ministro Gilmar [Mendes], outro dia, assumiu uma postura ideológica durante um julgamento que deveria ser jurídico. Assumiu ali, claramente, durante quatro horas uma posição política. Eu já falava desse tipo de perigo há anos. Eu via o Judiciário se construindo como agente de Exceção", afirmou o jurista.
"O Judiciário é aquele que tem a potencialidade de ser Exceção no sistema. Tem que se adotar muita cautela no Brasil para que dali não venha e não corrobore com qualquer tipo de medida interruptiva do processo democrático. Na palavra mais comum da imprensa, com qualquer golpe", alertou.
A pior corrupção é a "compra" da justiça pela mídia golpista.
O que também cabe pontuar,é que a VARA DO MORO,não passa de um aparelho GOLPISTA DE DIREITA.Nada mais do que isto!
Dois pesos e duas medidas.....assim e' a "justiça" desta terra de capitanias hereditarias.
Esses promotores de justiça da Lava Jato são as piores escrecências.
Espumam o canto da boca quando falam do PT.
Abrem a boca só sai abobrinha.
Como pode um criminoso recorrente, como o doleiro cagueta, pegar só 9 anos de cana na vara de Guantânamo?
Será que precisa desenhar?
O medo destes elementos, é que alguma investigação caia nas mãos de um JUIZ imparcial, e este mande engaiolar os tucanos corruptos que eles estão acobertando.
Perfeito. Mataste a charada!
Eis aí o motivo da grita do procurador.