Professores da Unicamp expõem neoliberalismo de Aécio e Marina

Professores da Unicamp expõem neoliberalismo de Aécio e Marina

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A Unicamp, um dos últimos bastiões de uma escola econômica fundamentalmente humanista, assume, espontaneamente, na figura de seus intelectuais, a vanguarda na luta contra o neoliberalismo.

Neoliberalismo, nunca é demais lembrar, que destruir milhões de empregos no país, destroçou as finanças do Estado, e nos levou a vender estatais estratégicas a preço de banana.

O artigo abaixo é uma resposta Armínio Fraga, que, na sequência das declarações de Aécio Neves sobre a necessidade de “medidas impopulares” andou falando que os salários no Brasil “cresceram muito“.

Mas deixam claro que, na opinião deles, o projeto de Marina Silva contaminou-se pelo mesmo vírus neoliberal.

*

Dois projetos econômicos em disputa

Por Pedro Rossi e Jorge Mattoso, da Unicamp.

Ainda que o clima eleitoral possa encorajar posturas mais militantes, esperávamos que um economista experiente como Arminio Fraga se dispusesse a dialogar com opiniões divergentes com alguma serenidade. Lamentamos o tom e os termos de sua resposta ao nosso artigo publicado em 1º de setembro neste mesmo espaço.

Mesmo assim, agradecemos sua resposta. Ela reforça nossa constatação de que desqualificar o interlocutor e apresentar questões econômicas como um problema técnico seriam apenas uma tentativa de esconder divergências essencialmente políticas ou determinados interesses econômicos.

Divergências no campo da economia têm diferentes pontos de partida. O paradigma keynesiano fundamenta o papel do Estado na preservação de bancos públicos, no incentivo à diversificação da estrutura produtiva, no provimento de serviços sociais universais e na redução das desigualdades. Nessa perspectiva, os mecanismos de mercado seriam incapazes de garantir uma distribuição de renda mais igualitária ou o acesso de todos aos direitos sociais fundamentais.

Já o paradigma neoclássico, que fundamenta o atual liberalismo econômico, tem outra visão do papel do Estado e das políticas sociais e da desigualdade de renda. Alguns economistas neoclássicos, como Gregory Mankiw, justificam explicitamente a desigualdade de renda e os supersalários do setor financeiro alegando que as remunerações de mercado refletem a meritocracia e remuneram fatores de produção de acordo com a contribuição que esses proporcionam à sociedade.

Esse argumento crê que a criação de riqueza depende de incentivos de renda. Por isso, a desigualdade seria funcional ao crescimento e deveria ser “corrigida” pelo próprio mercado. Com relação às políticas sociais, os neoclássicos defendem a focalização em detrimento do acesso universal aos serviços sociais. Ao Estado caberia apenas cuidar dos mais pobres, enquanto os demais buscariam no setor privado o atendimento de suas demandas.

Portanto, além de refratários à distribuição da renda, há também evidentes contradições entre a visão neoclássica e o Estado de bem-estar proposto pela Constituição de 1988.

No debate brasileiro, os economistas neoclássicos mostram seu liberalismo ao defender a redução do Estado no setor produtivo e no sistema financeiro. Mas quando tratam da questão social e distributiva, o liberalismo esbarra em suas próprias contradições. Talvez venha daí a dificuldade de Arminio Fraga em explicar claramente aos brasileiros por que os salários cresceram “muito” e por que, na visão dele, isso seria ruim para a economia e a sociedade.

Essas concepções marcam a diferença entre um projeto econômico liberal e outro em que o Estado seja ativo na garantia dos direitos sociais e na busca do crescimento econômico com distribuição da renda.

O projeto liberal reaparece nas candidaturas de Aécio Neves e de Marina Silva trazendo de volta a possibilidade de o país retomar um padrão de crescimento concentrador de renda e de desmontar nosso incipiente Estado de bem-estar social.

Em contrapartida, nos últimos 12 anos, o Brasil caminhou na direção da redução de nossa histórica desigualdade de renda –mesmo em meio à turbulência da crise internacional– e a candidatura da presidenta Dilma Rousseff vem reafirmando esse compromisso.

Se ninguém tem o monopólio do repúdio à pobreza, existem concepções diversas sobre igualdade, meritocracia e justiça social que diferenciam os dois projetos econômicos em disputa nesta eleição e que precisam ser cada vez mais explicitadas no debate público.

JORGE MATTOSO, 64, economista, é professor aposentado do Instituto de Economia da Unicamp. Foi presidente da Caixa Econômica Federal (2003-2006)

PEDRO ROSSI, 33, é professor do Instituto de Economia da Unicamp

Fernando Brito:

View Comments (41)

  • parabens ao professor-vamos bater de frente contra o tarifaço...o arrocho e o retrocesso...

  • Onde está o plano de governo da Dilma? Onde está o trem bala que ela prometeu que construiria?

    • É duro falar com gente ignorante igual esse aí. Eu perguntei porque até agora o PT não apresentou o plano de governo seu mal educado. E a Dilma prometeu o trem bala em 2010 e não fez. E que coisa feia querer que alguém leve um tiro na cabeça. Será que é assim que o PT pensa? Quem não votar no PT merece um tiro?

      • Queria ver vc falar assim quando tiver pagando um juros absurdos e desempregado. E vá tentar colocar seu veneno em outro lugar.

      • Claro que nao, Luís.! NINGUÉM merece tiro algum na cabeça.
        O que o tal JUBA fez foi um trocadilho totalmente infeliz e descabido. Foi um mal entendido.
        Acredito que o que ele quis dizer é que se o governo não fez o "trem bala" isso não deve ser motivo para você votar nem em Marina nem em Aécio, porque como O PROGRAMA DE GOVERNO DELES propõe uma política econômica prejudicial para os salários e conquistas sociais e trabalhistas, isso sim é que seria como se fosse "uma bala na cabeça do brasileiro" {porque estaríamos perdendo muitos direitos e conquistas - o sentido é figurado, entendeu? O Banco central não pode ser entregue a um banco privado - isso é grave! Eles querem controlar os juros para favorecer os interesses deles! Procure se informar sobre a gravidade dessa medida. É uma ousadia !

        Luís, leia a parte do programa de governo da Marina ou do Aécio que você vai entender o quanto estaremos ferrados com a medidas que eles vão tomar. É, sim, um retrocesso econômico e gerará desemprego, juros altos, privatizações, inflação, estagnação do salário mínimo, perda de direitos trabalhistas..

        Nao sou eu que estou dizendo - isso está no programa de Marina e Aécio. Leia !

        Com a Dilma mantem-se o controle da economia (inflação hoje é menor que 1%), correção automática do salário mínimo acima da inflação, ela não vai retirar nenhum direito trabalhista( Já Marina quer rever o direito do 13° salário, fundo de garantia e horas estras - isso não é bom, entendeu?).

        Pense em tudo o que perderemos com Marina ou Aécio SÓ PORQUE NÃO FOI FEITO O TAL TREM BALA.

        Se Marina for eleita, será [como] um tiro no coração da Petrobrás e no coração do trabalhador brasileiro porque estaremos perdendo direitos. É nesse sentido que se poderia dizer que a "bala entrará na nossa cabeça ou no nosso coração" e nos golpeará. Acho que você entendeu..

        Somos respeitosos aqui. Discutimos idéias.

        Houve um mal entendido com comentário infeliz do JUBA.

        Venha sempre que quiser.

        É isso.

        • Luiza, é por causa de gente assim que vocês vão perder a eleição. Imagina, alguém desejar a morte de outra pessoa?! Absurdo! É por isso que vocês vão perder a eleição.

          • Honestamente, vai em qq portal de noticias (eu particularmente recomendo o yahoo!) E olha o nivel dos comentarios do povo que defende a oposição... são agressivos, preconceituosos e vazios de informações (algun simplesmente repetem o coro do camarote do Itau na copa, outros são adeptos do "tem que matar tudo esses petralhas e militontos"). Existe grande chance do Juba ser escaldado com esses reaça e "atacou" primeiro...

        • Luiz e sem contar a entrega do pré-sal que é o que as empresas de petroleo la de fora almejam antes para o PSDB digo PSB o pré-sal era uma invenção, como isso hoje é uma realidade isso incomoda à eles imagina eles repartilhando o que ja foi partilhado é o fim de investimentos em saúde e educação imagina o BC "independente" como eles dizem que na verdade ai para as mãos dos privados será o fim do crédito para os mais jovens se financiar e o que voce da privatização da CEF e do BB os unicos bancos estatais com linhas de crédito mais barato isso incomoda muito o banco ITAÙ e eoutro mais então você ainda vota na Marina ou no Aécio.

  • A próxima dos neoliberais vai ser falar que a UNICAMP não é uma instituição séria. Que esse tipo de artigo é válido apenas pra professores que trabalham nos EUA. Aguardem.

    • a próxima? um dos economistas da Marina já disse isso, um tal de Alexandre Rands. ele deu uma entrevista para O Globo e obviamente o Constantino postou-a com aqueles "ótimos" comentários dele. disse mais ou menos que "há alguns consensos na teoria econômica, para 95% da academia. a escola da Unicamp, de cujos economistas a Dilma se cerca, é a única que está isolada".

      • Isto é o que ainda salva o Brasil, há sempre pelo menos um alguém ou instituição que confronta-se com a mediocridade generalizada.

    • É por estas e outras que o nordeste vai avançando em relação ao resto do Brasil apesar de todo o preconceito. Sergipe, Piauí, Maranhão, Paraíba e Pernambuco, todos praticam salários além do piso determinado pelo gov. federal, ao contrário de Minas, SP e RJ. Outros que investem bem são MT, MS.

  • O trem bala depende de autorizsçao do congresso (orçamento fedeal) na qual sr senador caroneiro alvaro ias e contra e lidera posicionamento no congresso contra entao va cobrar de tus pates conservadores luiz voces dao o tapa e escondem a mao sempre se fazendo de maus informados fazendo perguntinhas de ocasiao, e o progeto da dilma ta ai e os pac e o resto e' balela.

    • É mal informado ainda por cima. Ela tem maioria no Congresso, querido!

      • Maioria com o PMDB, isso não é maioria, são uns traíras, só chantagem e nada mais, tanto assim que vários ja se rebelaram, pois não tiveram suas reivindicações atendidas.

      • Não tem, meu amigo! Cada um por si!
        Pensa que a luta por um Brasil mais justo é o que a maioria quer?

  • A PRESIDENTA DILMA trabalhou incansavelmente por 4 anos para deixar a vida da grande maioria do povo Brasileiro mais digna e mais humana, e recebe em troca uma ingratidão de parte deste mesmo povo beneficiado que beira ao mau caráter institucional. Qualquer povo no mundo que tivesse NOÇÃO DE NAÇÃO e sentimento minimamente humanitário, que desviasse o olhar num raio de 1 metro do próprio umbigo, pegaria uma Bandeira -não do PT,PP,PC do B, PMDB,,,PPPPPPPPPPP, mas sim
    com o rosto da Presidenta Dilma estampado e sairia às ruas em agradecimento pelo trabalho que ela realizou pelo povo deste País e da América Latina. Mas a grande maioria das pessoas só lembra de gratidão quando cruzam o "Portal de um Templo ou de uma Igreja, ou de um Sinagoga, ou um Terreiro de Candonble ou se dobram pra praticar qualquer Seita Oriental". É por que só nestes momentos se permitem um pouco de contemplação holística a respeito da vida e da própria existência, e transmitem todas estas "realizações" a um ser SUPERIOR, porque fica fácil agradecer ao ZERO, ao NADA, ao INTANGÍVEL, ao IMAGINÁRIO, e é até uma demonstração de COVARDIA, ao invés de agradecer à quem DORME E ACORDA DIARIAMENTE PENSANDO E TRABALHANDO PARA O BEM COMUM, em troca de um salário menor que qualquer MAGISTRADO DE MERDA, que se considera acima da LEI e acima DO BEM e do MAL!!!

    • E digo mais. DILMA não tem só um CORAÇÃO VALENTE...Ela tem um ESTÕMAGO HERÓICO,
      caso contrário, seria acometida de uma ÚLCERA VULCÂNICA, por tanta INGRATIDÃO!

  • Neoliberalismo é a privatização do lucros e a socialização dos prejuízos.

  • Pedro Bó, o programa de governo a Dilma apresenta em todos os horários eleitorais e trem bala de prata qualquer um que acompanha um pouco de política sabe porque até agora não saiu.

  • O Salvatore , pesquise sobre o "Trem Bala " e descobirá que a Dilma tentou bancar sua construção porém foi vencida pelo looby do petróleo do qual faz parte grande parte de sua base de apoio.
    Como pressidente não é Rei que pode impor sua vontade foi vencida em sua pretesão.

    • Não tenho que pesquisar sobre o trem bala, não fui eu quem prometeu construí-lo. Se sabia que não daria pra construir, então não deveria ter prometido. A gente só promete aquilo que pode cumprir.

      • Eu que estou morando no Guaruja...cujo governador do Estado é o PSDB ha 20 anos....prometeu a construçao do tunel Santos-Guaruja ha 15 anos........E fizeram? Claro que nao.....Nem por isso perderam. Os. Eu poderia citar aqui infinitos exemplos, mas vou ficar só nesse.

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