Era mais que necessária – e foi tardia – a decisão do ministro do Supremo, Luiz Edson Fachin, de proibir operações policiais nas favelas e comunidades de periferia do Rio de Janeiro, salvo em situações excepcionais e com a supervisão do Ministério Público.
É evidente que o quadro explosivo que há 11 dias os Estados Unidos exibem após o assassinato monstruoso de George Floyd, em Minneapolis influiu em que fosse tomada, talvez mais que a morte do menino João Pedro, em São Gonçalo, mais um entre as dezenas de crianças mortas “por engano” em ações da polícia, que matou 177 pessoas neste abril da pandemia, 43% a mais que no mesmo mês de 2019.
O fato de que crianças, sem aulas, estejam em maior número nas comunidades durante o semi-isolamento social que temos nas grandes cidades, mas não é isso que as faz morrer por balas da polícia e, não faz muito, a menina Ágatha Félix, de oito anos, a tiro de fuzil.
Não duvidem que a estupidez bolsonarista e policial vai reagir a essa ordem.
Como não há um governante agora a acusar – porque tanto o governador quanto o presidente apoiam o morticínio – vão se voltar contra o STF, que já odeiam por seu desejo de transformar em ditador o “mito” da morte.
Mas não dá para deixar de ficar contente pelas vidas que se vão poupar como, no meu caso, de ver reconhecido, mais de 30 anos depois, tudo o que defendemos nós, brizolistas, há 40 anos: que a ação policial numa favela tem de respeitar tanto as vidas humanas como faz em Ipanema ou no Leblon.
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Além de todos os condicionantes e causas históricas estruturais conhecidas, penso que o que torna possível nosso brutal apartheid social é a indiferença, isto é, o descaso, a negligência, o desinteresse, a falta de consideração, o desdém, o menosprezo, a ausência de interesse, a insensibilidade, a frieza, a incapacidade de emocionar-se, de solidarizar-se, de colocar-se no lugar, de experimentar sentimentos de afeição, de amor, de piedade, de solidariedade para com nossos semelhantes e concidadãos.
Bernard Shaw, o dramaturgo irlandês, estava corretíssimo quando afirmava que o pior crime para com nossos semelhantes não é odiá-los, mas demonstrar-lhes indiferença e que ela, a indiferença, é a essência da desumanidade.
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Ou, como já foi dito na internet: "A falta de humanidade é pior que a falta de imunidade"
Então, o Fachin não é mais "nosso"?
Até os "nossos" podem escorregar mas serão devidamente perdoados quando ao ninho voltarem.
Pronto, Fachin virou o mais novo comunista.
Onde já se viu, impedir que os policiais entre no stande de tiro ?! Com tantos alvos por lá.
Lembrei do fecho do romance de Lima Barreto, quando "Clara dos Anjos", personagem título, fala com a mãe: - Nós não somos nada! Ainda não, como vemos, mas a novidade está chegando via redes, mídia,,, (citação de cabeça).