A decisão do PSB de Eduardo Campos de se aliar a Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, e a Lindberg Farias (PT), no Rio, ambos candidatos a governador, confundiu a cabeça de analistas.
Entretanto, nada melhor para estimular um analista do que uma confusão desse tipo. Permitam-me, portanto, dar alguns pitacos sobre o significado desse movimento.
Minha primeira impressão é que o fator determinante para esse “jogo duplo” de Eduardo Campos, de ter um pezinho em ambos os lados do tabuleiro, é o fiasco, até o momento, de sua aliança com Marina Silva.
Quando Campos anunciou, meses atrás, a entrada de Marina em sua chapa, lembro-me que comentei algo assim: é genial, é brilhante, mas talvez tenha sido genial demais, brilhante de demais. E citei um verso de Bezerra da Silva, o filósofo das favelas cariocas: “malandro quando é malandro demais, vira bicho”.
“Bicho”, na gíria carioca (já um pouco fora de uso), quer dizer fora-da-lei, mas também pode ter um significado mais leve, tipo: pessoa desagradável, incômoda, mal vista, antissocial.
Arrisco um pensamento bem ao gosto de filósofos de botequim: em política, é preciso ser esperto sem parecer ser esperto demais.
Talvez tenha sido isso que tenha atrapalhado a “Operação Marina” empreendida por Campos. O eleitorado entendeu como uma jogada “esperta” demais, que passou justamente a imagem daquilo que as pessoas menos gostam em política: a de que vale tudo para se eleger.
As pessoas até tampam o nariz para as espertezas de seus candidatos quando entendem que se trata de uma operação necessária à vitória. Acredito que o eleitor comum é mais compreensivo e mais pragmático do que intelectuais e próceres da “crise da representação política” pensam. O eleitor, tanto da esquerda, quanto da direita, protesta contra as certas “alianças”, porque entende que precisa marcar posição e forçar o seu candidato para o seu lado do espectro. E isso é saudável e democrático. Mas ao cabo ele vota no PSDB ou no PT independente desses protestos.
Mas o problema é que Marina vinha exatamente com uma proposta de “nova política”, cujas alianças seriam sempre “programáticas”, e não “pragmáticas”.
A “terceira via” ainda não vingou no Brasil.
Há o voto de protesto, maior ou menor em cada eleição, mas que é outra coisa.
A eleição presidencial está se polarizando de uma maneira muito acentuada, entre voto no governo e voto na oposição.
Diante desse quadro, a candidatura Campos desmilinguiu-se. Daí se explica a estratégia do PSB de assegurar pontes com ambos os espectros políticos: com a direita, através da aliança com os tucanos de SP; e com a esquerda, através da aliança com PT e PCdoB no Rio.
Como blogueiro de esquerda, eu lamento a decisão em São Paulo, e louvo a decisão no Rio, que alimenta esperanças de que o PSB abandone seus flertes com a direita e volte às suas origens, apoiando Dilma num eventual segundo turno.
Entretanto, como eu também sou um blogueiro um pouco malvado, fiz uma coletânea das frases de Marina Silva quando anunciou sua aliança “programática” com Eduardo Campos.
De repente, aquele discurso parece ter sido pronunciado há cem anos…
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https://soundcloud.com/senador-requiao/discurso-do-senador-requiao-na-convencao-estadual-do-pmdb
Nada tenho a dizer sobre a Marina, ela se tornou uma pessoa nula.
Quanto ao PSB, eles se mostraram um verdadeiro partido de aluguel, que pretende estar ao mesmo tempo com a direita e com a esquerda, achando que é possível se aliar ao atraso em São Paulo e ao avanço no Rio sem sofrer nenhuma consequência.
Quanto aos verdadeiros socialista que estão no PSB, eles têm a obrigação de expulsar os fisiológicos, os oportunistas e purgar o partido. Ou então abandonar de vez essa agremiação política.
Em São Paulo há muito tempo que o PSB se transformou num apêndice do PSDB. Seria o caso de fechar o PSB de São Paulo? A deputada federal Luiza Erundina se situa como numa seção do PSB que se tornou uma seção do PSDB?
Faltam 9 dias para Barbosa deixar o STF!
Os votos que a Marina teve na última eleição se dividiam em três partes mais ou menos iguais: a primeira, era dela mesma – dos ambientalistas ingênuos; a segunda era oriunda dos insatisfeitos com o PT e; a terceira dos que não suportam o PSDB, por tudo que representa de desgraça ao país. Portanto, os votos de Marina somariam menos de 10% dos eleitores. Somariam, mas não somam mais, os eleitores de Marina tiveram uma prova que não esperavam e antes não pediram sobre a consistência e coerência dos propósitos políticos da ex-candidata. Eduardo se lascou, melhor, lascou-se, melhor ainda, “se lascou-se”. A vida política do país agradece, em ambos os casos.
MEUS. Deuses,,,,, agorinha uma senhora me falando que não vai votar no Campos pois ele está descartado, estão usando esse cara, só ele que não quer ver a Marina já viu!!!,está anojada e já sabe onde entrou , mas da tempo Marina caia fora dessa cambada de safados!!!!,
O PSB está praticando a aliança desesperática, depois de dar com os burros n'água o que cair na rede é peixe. A Marina vai cair fora mesmo, ela sempre cai fora de todos os partidos que não conseguiu dominar, ela gosta é de viver no bem-bom às custas dos endinheirados, se fazendo de vítima, sem nenhum compromisso verdadeiro com o Brasil e muito menos com o povo brasileiro.
O povo só ta esperando a atitude do Barbosa, dai então terão a certeza que tudo foi maracutaia e o que me falam!!!,e não e uma pessoa são várias...estão esperando pra ver !!,eu já vi!!!, acho que lê não vai ser mesquinho , vai ficar fora pois ele sabe da cartilha!!!,Ah!!,ele deve saber!!!!,
O Povão gosta mesmo é de peixe frito ...sem dar muita bola pra esse tal de colesterol. Tempera com alho e limão, passa na farinha de trigo ou de mandioca, umas gotinhas de pimente e fica uma delícia. Encosta um vinho ou uma cerveja e tá feito o carreto. É isso "Traíra" frita no almoço...e "Dourado" frito na janta...fui claro?? Saúde>
[Não consegui postar a foto-flagrante]
POLÍTICA
Aécio recebe apoio do Solidariedade e diz que até PT quer mudança
Renato Onofre, O Globo
Sem a mesma agressividade dos últimos atos, o senador Aécio Neves, candidato do PSDB à presidência, voltou a atacar o PT durante a convenção nacional do Solidariedade que homologou o apoio da legenda aos tucanos. No encontro, Aécio também anunciou o apoio do PTB a sua candidatura.
Questionado se haveria algum tipo de constrangimento em receber apoio de um mensaleiro, já que historicamente o PTB é comandado pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson, condenado e preso no processo do mensalão, Aécio minimizou. "É uma aliança de partido. Não cabe a mim fazer avaliações individuais", afirmou Aécio.
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[Como você definiria esses três?]
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Aécio e Serra e Paulinho da força na convenção do Solidariedade em São Paulo. Foto: Fernando Donasci / O Globo
(Pena que não possa postar a foto - o programa do site não aceita. Mas ela está lá, no blog do Noblat).
PSB: Partido Sul-realista do Brasil.
É de direita, mas também de esquerda.
É a nova política , estúpido!
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