Qual é a incerteza?

Ouvi e li muito ontem à noite e hoje cedo sobre as “incertezas” do mundo diante a crise deflagrada pelo assassinato do “número 2” do Irã, Qassem Soleimani.

Francamente, não vejo “incerteza” alguma.

Não há a menor dúvida de que haverá uma retaliação iraniana, não há dúvida que será logo, não há dúvidas de que será forte, embora, possivelmente, tendo em consideração a inesperada simpatia mundial que se despertou pelo Irã, em razão da escandalosa quebra do Direito Internacional levada a cabo pelos Estados Unidos.

Tanto que o que se lê no “The New York Times” são referência ao assassinato do iraniano, embora aqui escreva-se. simplesmente, mortes.

O Brasil, ao apoiar a ação norte-americana, seguiu sua nova tradição de alinhamento automático e renúncia antecipada à moderação.

Forma e data da retaliação iraniana importam pouco e o que vai ocorrer é uma “surpresa anunciada”. Na condição de incerteza, apenas, o grau de reação norte-americana à reação dos iranianos que, na temporada pré-eleitoral, tradicionalmente perde freios.

Para nós, as consequências já chegaram.

Durou três dias a euforia do “agora a coisa vai” econômico.

Os jornais, com a ajuda luxuosa do próprio Presidente da República, são unânimes em prever reajustes em breve os preços dos combustíveis. Claro que isso vai para as contas da indústria e dos serviços, o mais tardar na segunda-feira. Quando o cenário sombrio transformar-se em realidade, vai de novo.

Quem assistiu a Globonews, ontem, percebeu que “importamos” uma guerra distante para o cenário interno antes que ela chegasse aqui.

Fernando Brito:

View Comments (38)

  • Também não vejo incerteza. Aliás, bons tempos aqueles em que se falava das "incertezas afetando a economia". Agora tudo está escancarado. E o Trump, apesar de ser o troglodita fascistóide que é, nada fez além daquilo que todos os demais presidentes americanos (democratas ou republicanos) sempre fizeram. Aproveita as ameaças de terrorismo que os EUA ajudaram a implantar nos países estratégicos, como o Iraque, e usa para fazer valer seus interesses: venda de armamento, garantia de seguir com o roubo do petróleo local e uso marqueteiro das "ameaças externas" para apavorar o eleitorado jeca que pode lhe dar a reeleição. O que há de novo?

    • depois de abocanharem o que querem e destruir tudo, deixam um marionete no governo e entram com sua indústria de "reconstrução"

    • Fora os q querem passar 3 anos nas forças armadas p bancar a faculdade

    • E tem mais, o barril do petróleo vai subir. O posto Ipiranga do Paulo Guedes vai sifu.

    • O que há de novo? O Irã. Os persas não são comparáveis aos árabes circunvizinhos, nem em importância geopolítica e econômica, nem em sua postura. São orgulhosos, insubmissos, não cansam de lembrar a qualquer ocidental que já foram um Império e não costumam engolir desaforos de ninguém. E, ao contrário dos boquirrotos que vendiam mais imagem do que poder, como Hussein, Kadhafi e Al Assad, costumam deter mais poder do que mostram e são mais silenciosos e eficientes em suas ações. Vêm desafiando a comunidade mundial há mais de uma década, na questão nuclear, e agora não terão mais freios neste tema. Não são uma autocracia familiar imposta a ferro e fogo à sua população, como os sunitas da casa de Saud, mas uma teocracia que tem grande apoio interno. E, sempre lembrando, tem a seu lado uma ligação comercial e cultural muito antiga com a segunda e terceira maiores potências bélicas do planeta, de quem têm auxílio material e humano no preparo militar, além da posição estratégica que ocupam entre o Oriente Médio e a Eurásia, assim como em relação ao Golfo Pérsico. Eis o que há de novo. Se a situação é similar a outras, um dos protagonistas não é. Bush e Obama souberam vê-lo muito bem, aliás, e tiveram a prudência de não chamar brigas. Mas a sensatez política anda em falta em Washington nestes últimos tempos...

  • Não caia nessa Brito, o Irã não tem a mínima condição de contra-atacar os eua. Esta propaganda de "vingança" nas manchetes da cnn e globo, tinha que ser alí, são justificativas e atenuantes para o ato do trump. É tudo propaganda difundida por eles mesmos. É como se na fábula os cordeiros prometessem vingar do leão.
    O Iraque foi totalmente destruído sem razão nenhuma e o que foi que aconteceu? Está lá até hoje, e mandando em um punhado de "dirigentes" locais fiéis. Sempre há os araújos por aí.

    • Não compare o Iraque com o Irã. O Irã tem um poderio bélico, população e soldados muito maior que o Iraque. Um bombardeio aéreo no Irã não tiraria os aiatolás do poder. Poderiam arrasar cidades, mas os EUA não teriam condições de invadir o país com tropas, muito pela geografia do país. Sem essa de "facilidade" para os EUA. E eles sabem disso.

    • globo difundindo propaganda iraniana ?. eu quero é morte aos eua e a globo.
      fascista. o IRÃ NUCA SERÁ FASCISTA . ACORDA MILITANTE DO BOZO.

    • Depende do que você chama de contra-atacar. O Irã não tem condição de atacar o território americano e nem interesse em uma guerra total no Oriente Médio. mas eles tem total condição de explodir refinarias, poços de petróleo, instalações militares americanas menores no Iraque e na Síria. Mais provavelmente através de seus aliados e não diretamente .
      A propria expulsão dos EUA do Iraque que está sendo discutida no parlamento pode vir a ser vingança suficiente.

    • Embora haja uma tendência de propagandear pseudo-ameaças para "justificar" agressões reais do imperialismo, discordo da primeira frase. O Irã é geopoliticamente importante na esfera mundial, está longe de ser o despreparado e desguarnecido Iraque, tem tecnologia (russa e autóctone) e treinamento militar para estabelecer defesas de altíssimo custo humano e tecnológico a qualquer ataque de forças regulares (basta pensar no estrago que as Pantan S-300 podem causar a qualquer aviação de caça, e a sociedade estadunidense não tolera caixões com bandeiras em cima por nenhuma razão claramente politico-eleitoreira) e, acima de tudo, não precisam tentar atos impossíveis às suas forças para causar dor naquilo que mais dói aos norte-americanos: o bolso. Atacar alvos territoriais dos EUA para quê, se podem tranquilamente usar os mísseis que têm para transformar o Estreito de Ormuz na antessala do inferno e jogar à estratosfera os preços do petróleo no mundo? Quanto tempo uma economia altamente vinculada a esta commodity como é a estadunidense aguentará antes de quebrar? Não há chances de expansão mundial de conflito armado, mas o de escalada de uma catástrofe financeira, há sim. Os gringos arriscam muita coisa, mas não podem arriscar o dólar. E para qualquer esboço de insensatez prepotente envolvendo o uso de tecnologia nuclear para simplificar resultados, a Rússia e a China já apontaram o rumo das coisas. Duvido que Putin e Jinping concordem com a aniquilação física e política de um e seus maiores e mais antigos aliados, deixando forças hostis estabelecerem-se à vista de suas fronteiras, e duvido que os EUA estejam dispostos a trocar mísseis contra quem dispõe de capacidade igual. Eles são muita coisa, mas idiotas nunca foram, diversamente a seu atual líder.

    • Tem toda razão, Irã sozinho não tem força para contrapor aos EUA, e ao que me parece, China e Rússia não irão embarcar numa guerra nesse momento.... Só propaganda mesmo para enganar os pobres iranianos

  • Esse imbecil poderá atrair a ira dos fundamentalistas islâmicos. Falo de fundamentalismo, pois o Islã não é essa religião belicista que os americanos tentam vender ao mundo, como se todo o seguidor do Islamismo fosse assassino ou homem bomba. Só quem estuda as religiões sabe disso. O povo árabe ou o curdo não querem guerra, mas viver em paz. Infelizmente, para eles, é que estão sentados sobre bilhões de barris de petróleo - assim como a Nigéria, Brasil e Venezuela - e o governo americano se acha dono dessas reservas.

  • Sr.FERNANDO BRITO.Não estamos em idade,de nos iludirmos.Vai continuar,como está,ha mais de dois séculos.Os RICOS,fazendo o que bem entendem,e os POBRES,na quase totalidade,tentanto transformarem-se,em NOVOS RICOS.O resto, é romance.Somente o FUSIL,ensina alguma coisa.Ao longo da historia,provou a sua eficácia.No máximo,o que A CULTURA DE HEGEMONIA DE UMA CLASSE,SOBRE AS OUTRAS,ensinou,foi que resta aos que não concordam,O VELHO FUSIL DE GUERRA.Pra ter-se uma ideia,A CLASSE DOMINANDE,a minoria,ESCREVE FUSIL,COM A LETRA Z.E os parvos,creem.E são os PARVOS,a maioria,que creem,nessa ABASTRÇÃO CHAMADA "DEMOCRACIA".

  • Provavelmente a vingança iraniana não será contra o território americano. Isto seria bastante complicado. Mas acredito que aviões transportando cidadãos americanos poderão ser abatidos em diferentes áreas do planeta, menos nos Estados Unidos. Neste ponto o Irã vai ferir a América com a mesma moeda e vai fazer os americanos pensarem duas vezes antes de embarcarem em aviões em qualquer parte do mundo.

    O Brasil é um local muito apropriado para atacar cidadãos americanos. Não temos segurança em aeroportos, nem nas ruas, nem em casa. Qualquer comando iraniano planeja e executa facilmente um atentado em aviões que partem do Brasil levando americanos. Isto pode doer muito nos americanos. Mais que um confronto militar.

  • Bozo já escolheu o seu lugar na guerra: vai prestar serviço no barril.

  • Trump fez a mesma coisa que Bush. Governo e popularidade vão mal, arrume uma guerra para unir os estadunidenses e conseguir a reeleição. Porém o Irã e muito mais forte que o Iraque. Será a reedição da Baía dos Porcos? Guerra de guerrilhas? Não sei. Porém, o Irã não pode levar a guerra para o seu território.

  • Trump faz questão de uma reação forte do Irã. Foi para isso que ele cometeu o assassinato. Mas o objetivo é outro. Tem a ver com o dia "D" de 31/01/20, quando o governo americano possivelmente tenha de declarar a falência financeira. Com um conflito de grandes proporções Trump poderá excepcionalmente editar algum decreto de "estado de exceção" ou o nome que queira dar, para, rogar à si o poder (sem necessidade de aprovação do Congresso) de prorrogar pagamentos e rolar a impagável e insustentável dívida interna e externa, além de, no "canetaço", aumentar o teto dessa dívida, que via Congresso, dessa vez não passará/passaria. Não se surpreendam se no meio desse imbróglio o FED fabricar mais uns 500 bilhões de dólares e esparramar mundo afora, criando uma liquidez forçada e artificial. Inclusive derrubando o valor do dólar, que serve também aos interesses de Trump.

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