Que fase, Bolsonaro!

Há dois dias, antes de estourar a bomba do assédio sexual na Caixa Econômica Federal, escreveu-se aqui que, à medida em que vai ficando claro que o governo Bolsonaro caminha para ser derrotado, “mais e mais imundícies vão aparecendo”.

Resta saber se a próxima será “inédita” ou se virão de desdobramento das duas atualmente em exposição – se as aventuras de Pedro Guimarães e/ou as de Milton Ribeiro, do MEC.

Novas ou desdobradas, já é possível ver o estrago no discurso presidencial.

Trocou o “no meu governo não tem corrupção” por “tem casos isolados que pipocam e a gente busca solução”, embora sustente que “não há corrupção sistêmica” o que, numa campanha eleitoral, demanda notas de rodapé para ser entendido.

De resto, na sua apresentação de hoje na CNI, depejou uma torrente de asneiras e nenhum projeto real de reerguimento da economia: puxou os olhos com os dedos para simbolizar uma invasão chinesa – inclusive com uma “espiã do grafeno”, sugeriu que o ministro Luiz Roberto Barroso que eleger Lula para legalizar o aborto, que o Brasil é o “fazendão do mundo” e que os Estados Unidos precisam investir aqui para que sejamos um obstáculo à América Latina que estaria “se transformando em um continente vermelho”.

Como se vê, uma pauta incapaz de sugerir que a indústria possa fabricar um prego ou parafuso, quanto mais se reconstruir num mercado mundial marcado pela modernização, a eletrônica e a automatização.

Resta a distribuição dos “vales”, numa festa pré-eleitoral desavergonhada, que não se porá em prática senão em agosto, a 60 dias da eleição (se é que não terá problemas judiciais) e com data para terminar logo, logo, depois de fecharem as urnas. A ver quantos se iludirão.

O que lhe sobrava, a pauta de costumes e a exploração religiosa, ficou seriamente avariado com os últimos episódios escandalosos.

Das muletas eleitorais do Centrão, pelo silêncio em que andam e pela agitação de seus deputados em “blindar” suas preciosas emendas do relator para que um novo governo não elimine esta aberração, parece que pouco ou nada o “Mito” pode esperar.

 

 

 

 

 

 

Fernando Brito:
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