Queda do preço do petróleo destrói investimento no “shale oil”dos EUA

Enquanto os nossos “especialistas-urubus” ficam dizendo que o petróleo caro se acabou até aonde a vista alcança, a imprensa norte-americana começa a alertar para a inviabilidade dos investimentos na produção do “shale oil” e do “shale gas” que dobraram a produção de petróleo do país e, com isso e a recessão mundial, forçaram a baixa mundial do preço, uma vez que os países da Opep – sob o comando da Arábia Saudita – não aceitaram reduzir sua produção, criando excesso de oferta global.

Reportagem do fina de semana do San Antonio Express News mostra como está se reduzindo drasticamente o número de sondas de petróleo e gás em território norte-americano em todas as áreas, até mesmo na mais rentável delas,a formação geológica conhecida como “Eagle Ford”, no Texas.

Em outubro de 2014, quando os preços começaram a cair forte, eram 1609 sondas operando nos EUA. Semana passada, baixou este número para apenas 516, ou 68% a menos.

Na formação Eagle Ford, onde em julho de 2014 218 sondas operavam, quinta-feira passada não chegavam a um terço: 71, apenas.

Adkins Marshall, diretor de pesquisa de energia da Raymond James, em Houston, citado no jornal, diz que as áreas de exploração do shale “estão se tornando rapidamente um terreno baldio” e que “abaixo de US$ 50 a indústria simplesmente não funciona”.

O desafio do Brasil – e da Petrobras – é atravessar este período desastroso com paciência e critério. Reduzir as expectativas de produção é correto, bem como concentrar investimentos onde a produção tem um custo menor, como o pré-sal. E prospectar alternativas de alongamento do endividamento que a empresa realizou para os investimentos no pré-sal é indispensável. Pensar em exportação de petróleo cru é algo fora de cogitação, exceto em acordos bilaterais, em quantidades determinadas e com cláusulas de variação de preço que absorvam ao menos parte de uma valorização futura.

Há caminhos para isso, porque no mundo não há bocós (ou falsos bocós) como na mídia brasileira para dizer que o petróleo se acabou como commodity. 

A China está gastando, com crise e tudo, está gastando  bilhões de dólares para acumular reservas estratégicas de petróleo em tanques subterrâneos. Sinal que há mercado comprador de longo prazo, que ao Brasil interessa prospectar.

Coloco, para que vocês compreendam melhor o que está acontecendo com o “shale” os gráficos interativos do San Antonio Express News, para que se possa ver que tudo o que falam sobre crise na Petrobras, lá é muitíssimo mais grave.

Fernando Brito:

View Comments (20)

  • Realmente, Fernando a sua coluna é admirável como meio de informação de uma área tão importante tanto economicamente como de caráter estratégico de logística energética como a área de Petroleo nesse deserto de informao que é a imprensa brasileira

  • Fernando o que acontece no mercado de petróleo é o feitiço virando contra o Feiticeiro, no caso os EUA.

    Foi por iniciativa dos EUA que cooptando a Arábia Saudita como aliada, forçou nos últimos 4 anos a contínua queda do preço do petróleo com a massiva produção e investimento no Shale Oil e a colaboração Saudita em não reduzir sua produção.
    A Arábia Saudita e os EUA visavam conjuntamente o Irã e a Rússia por razões políticas e comerciais diversas, queriam quebrar suas economias, acontece que tanto um quanto outro não quebraram.
    Souberam se defender e os EUA queriam desistir do intento...
    Acontece que a Arábia Saudita tem OUTRO inimigo COMERCIAL até então oculto o Shale gas Americano.
    O que agora a Arábia Saudita quer, é continuar a manter sozinha a baixa do petróleo pelo tempo que der no intuito de quebrar a maior parte da indústria do Shale Gas e ter de volta o seu cliente americano plenamente... Mais sedento do que nunca...

  • O Tijolaço Brito sozinho, consegue ser melhor e mais eficiente que toda a cara estrutura midiática do governo, incluindo-se a incapaz logisticamente TV Brasil, sem contar a PR, que não fala com o povo há mais de um ano, em plena batalha do Golpe Paraguaio, através da operação Conta Gotas, patrocinada pela justiça política e pela mídia monopólio, auto anunciada líder da oposição. Enquanto Zé Cardozo segue republicanamente firme e devagar, quase parando, junto com a agência de desinformação do governo, Franklin Martins permanece treinando em separado, no Instituto Lula, para "não cutucarem o inimigo com vara curta". Só mesmo gargalhando com essa sábia da política esotérica ou seria reversa?

  • Fernando da umas aulinhas pró pessoal do Paulo Henrique, lá tem uns 3 na equipe que não tem essa visão prospectiva. Agora imagina uns três trabalhando com VC, viraria um jornal. Tem lá um tal de Allison que deve ser PSDB, grosador e sem idéias próprias.

  • Excelente, Brito! Até os tucanalhas lobotomizados e inferiormente complexados conseguem (querendo...) aprender algo com as suas preleções.

  • Eu estranho a falta de ação de grupos como Greenpeace acerca da exploração do xisto (ou folhelho) nos EUA uma vez que o risco ambiental é grande. Conforme o Wikipedia.

    "A extração do gás de xisto é polêmica, pois o processo de fraturamento hidráulico pode gerar contaminação de lençóis freáticos e da água potável que os cidadãos consomem. O risco ambiental envolvido na extração do gás, que ocorre com a utilização de uma mistura tóxica de aproximadamente 600 produtos químicos, é considerável, e não há estudos que comprovem que a tecnologia usada na extração não ofereça riscos"
    https://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s_de_xisto

    • Mário,
      Nos EUA, grupos como o Greenpeace andam bem comportados pois a distância do que eles fazem e terrorismo é muito pequena.
      Na Índia eles foram declarados ilegais poucos meses atrás, por fraude financeira, embora também as acusações de sabotagem do país sejam encontradas.
      Na Rússia e na China, nem se fala. Eles piam baixo.

      Pode ser que haja riscos na extração do gás de xisto. Mas também tem muita "lenda" em torno do assunto.

  • Este gráfico sobre demandas de sondas nos EUA é o retrato do efeito de preços artificialmente deprimidos pelos produtores do Oriente Médio. Sem atividade de sondas a consequência natural é a queda da oferta de petróleo. Carência de suprimento necessariamente levará a nova elevação de preços em breve. Outra consideração, faz tempo que a descoberta de hidrocarbonetos baratos acabou. O pré-sal brasileiro pode ser considerado dos mais baratos para se produzir. Sem nenhuma dúvida a produção do petróleo do pré-sal vai trazer boa lucratividade. Mais ainda, sua qualidade favorece sua colocação. Este fato já ocorre aqui . Antes do pré- sal o Brasil era obrigado a consumir petróleo leve importado para atender nossas necessidades de refino. O que viabilizou o "shale oil" foram preços elevados que não se sustentam no momento.

  • De quebra, o baixo preço do petróleo arrasa pode arrasar as já cambaleantes indústrias de carros elétricos e de etanol de milho. Esta última, uma vergonha, um crime contra a humanidade e contra o meio-ambiente.

  • O termo "rig" refere-se às sondas, às torres de perfuração; não às plataformas de produção. O fato de haver tido uma queda na perfuração não significa, necessariamente queda na produção. Pode-se alegar que, com a redução do esforço exploratório, a produção venha a se reduzir. Não se iludam.

  • Prezado Jornalista Fernando Brito,

    Desculpe-me, muito fora de pauta deste seu excelente artigo aqui postado, contudo fiquei curioso sobre esta matéria postada no JB, que lí hoje, 12.01.2016, em sua coluna Opinião, sobre a qual não tenho a menor idéia do que se trata.

    O texto está muito cifrado, subjetivo demais...Será que tem carne debaixo desse angú? Será que ela, eventualmente, daria um post aqui no Tijolaço?

    Um fraterno abraço,

    CZ

    País - Opinião
    11/01 às 12h39 - Atualizada em 11/01 às 12h50
    MP deveria investigar o 'misterioso' anúncio de missa de 2001
    Jornal do Brasil
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    Em tempos de devassa em empreiteiras acusadas de envolvimento em negócios ilícitos e pagamento de propina, o Ministério Público deveria se debruçar sobre um fato ocorrido em 2001, mas que retrata muito bem a rotina duvidosa de parte do mundo empresarial.

    Naquele ano uma nota paga - e cifrada - em jornal expunha relações nebulosas de uma empreiteira. Quem publicou foi um ex-executivo da própria empresa. De acordo com reportagem da Veja de 3 de outubro de 2001, Roberto Amaral, aposentado da empreiteira, mandou publicar em jornais do Rio e de Minas Gerais um anúncio misterioso no qual se refere ao seu sucessor, José Rubens Goulart Pereira, como um defunto. O texto comunica a realização de uma missa pela passagem do quinquagésimo dia da "morte" de José Rubens. A missa teria acontecido na Fazenda Guanabira, uma propriedade que Roberto Amaral tem no município de Bananal, no interior de São Paulo.

    Contudo, José Rubens estava vivo, e substituiu Roberto Amaral em 1998 na diretoria paulista da empreiteira, chegando a assumir a presidência de um dos braços do conglomerado. Entre debochado e ofensivo, o anúncio também fala de políticos que teriam sido lembrados na tal missa, como os ex-governadores de São Paulo Orestes Quércia e Paulo Maluf. Fala por fim num misterioso Mr. Swenka, do "Banco Helvético Cordier", numa aparente mensagem cifrada.

    No anúncio, de quase um palmo de altura, Roberto Amaral apresenta o desafeto usando o apelido de "Dolly", numa referência à primeira ovelha clonada do mundo.

    Veja o texto do anúncio:

    Roberto Amaral e família comunicam a realização, ontem, dia 24 de setembro, do quinquagésimo dia in memorian de José Rubens (Dolly), realizada na Fazenda Guanabira. Auxiliar dedicado por 28 anos, sócio minoritário por 17 anos (até 2001, ano em que não prestou contas, como fazia rigorosamente todos os anos), o autor de inúmeras cartas na qual demonstrava sua eterna lealdade e gratidão, deixou patrimônio real considerável. Presentes estavam entre outros, Mr. Swenka, do Banco Helvético Cordier, Gabriel Donato de Andrade e Sérgio Andrade - donos da empresa Andrade Gutierrez. Os donos da empresa lideraram com fervor o entoar de um salmo em louvor e solidariedade ao Dr. Paulo Maluf e seu filho, Flávio, para que terminem as persecutórias agruras que estão enfrentando. Ao piano, José Carlos Martins, o abandonado no caso Pau-Brasil. Gabriel e Sérgio também fizeram penitência pedindo perdão a Orestes Quércia.

    Tags: empreiteira, investigação, jato, lava, obra, propina

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