Tecnicamente, a interpelação judicial do jornalista Glenn Greenwald contra Jair Bolsonaro é perfeita como peça jurídica.
Afinal, chamar alguém de malandro – quem leva a vida sem trabalho; vadio ou dado espertezas e furtos – é injuriante e infamante e, pior, alegar que o premiado jornalista casou-se com um brasileiro para ficar livre de uma possível deportação “casa com outro malandro ou adota criança no Brasil”, o que é calúnia.
A interpelação, espécie de antessala de um processo, deixa Bolsonaro diante de uma sinuca: ou se desmente a autoria ou diz que “não foi bem isso” o que quis dizer.
Confirmar, neste caso, seria assumir a prática de crime contra a honra.
Mas pode ser pior, se acolhido o argumento de que as declarações presidenciais encerram homofobia, recentemente equiparada penalmente ao racismo pelo próprio STF.
Juridicamente, porém, o pedido de Greenwald esbarra em um problema insólito : o nosso próprio Judiciário.
Dificilmente a interpelação poderá deixar de ser aceita, é verdade, diante de tão flagrante violação.
O provável é que dela, porém, venha uma resposta do “não foi bem isso” que disse
Até aceitar-se uma queixa-crime contra o presidente vão anos-luz de distância.
Ainda assim é importante.
A briga de Greenwald era com Moro e, agora, passa a ser com Bolsonaro.
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É bem possível que o analista político da embaixada estadunidense, que foi ao TRF 4 para tentar entender o que se passa com o judiciário e o ministério público lavajatista do Brasil, que estavam bombando e de um dia para o outro caíram em desgraça, tenha chegado à conclusão de que o ponto de inflexão do sucesso lavajatório tem um nome: Glenn Greenwald. Mas o que pretende o Bolsonaro com seus ataques tardios de ordem xingatória ao jornalista do Intercept? Será que ele está a farejar que vem por aí chumbo grosso do Intercept sobre ele e seu ministro favorito?
É bem possível que o analista político da embaixada estadunidense, que foi ao TRF 4 para tentar entender o que se passa com o judiciário e o ministério público lavajatista do Brasil (que um dia estavam bombando e no outro caíram em total desgraça), tenha chegado à conclusão de que o ponto de inflexão do sucesso lavajatório tem um nome: Glenn Greenwald.
Mas pergunta-se: O que pretende o Bolsonaro com seus ataques tardios de ordem xingatória ao jornalista do Intercept? Será que ele está a farejar que vem por aí mais chumbo grosso do Intercept sobre ele e seu ministro favorito? É verdade que ele sabe como atacar, porque recentemente ficou claro para o mundo inteiro que o Glenn não tolera desaforo que envolva negativamente seus filhos. Realmente, é muito pesado o que fez Bolsonaro. O que não dirão na escola os coleguinhas de crianças colocadas na berlinda pelo próprio presidente da República?
A respeito da balança comercial:
"Os ganhos da indústria petrolífera americana
Chama atenção o expressivo peso das importações de óleos combustíveis dos Estados Unidos, coincidindo com a Lava Jato e o desmonte imposto à Petrobras"
https://jornalggn.com.br/coluna-economica/a-queda-expressiva-no-saldo-comercial-brasileiro-por-luis-nassif/
A nossa justiça é bem capaz de fazer vista grossa, estilo TRF-4!!!! Podem até achar alguma coisa para culpar o Glen, quem sabe pelo aquecimento global.
Glenn é bom de briga.
As instituições estão podres. A justiça, mais do que as outras. Não acho errado Glenn acionar a justiça, pois não fazê-lo seria muito cômodo para Bolsonaro. Mas agora só podemos lutar como os povos da América Latina estão fazendo: nas ruas.