Quem é brizolista não vai fugir de enfrentar Crivella

É inacreditável que o PDT vá “para Paris” no segundo turno da eleição no Rio de Janeiro e ficar em cima do muro, como anuncia, hoje, o jornal O Globo.

Que incoerência para quem tinha, como eixo da campanha da neófita Martha Rocha (além do “Delegada” com que vendiam uma imagem policialesca) a ideia de que este seria um “voto útil” para tirar Marcello Crivella da disputa final.

Evitar a reeleição de Crivella é um dever para com o Brasil – pelo que representa para a sustentação de Jair Bolsonaro – e para com o Rio de Janeiro, soterrado por um mediocridade fundamentalista e absolutamente fisiológica.

Claro que, aqui, não é o mesmo que dar automaticamente apoio a Eduardo Paes, como em São Paulo se deve dar a Guilherme Boulos. É preciso exigir compromissos do ex-prefeito com a educação, respeito às populações de rua e ao comércio informal (ainda mais em tempos de pandemia) e um afastamento do bolsonarismo, aliás necessário pela grande possibilidade de que o presidente, ante ao provável massacre eleitoral de seu candidato, venha fingir que passou a ser “neutro” no segundo turno.

O partido, nos tempos em que Paes tinha as vacas gordas, apoiou-o e participou de suas administrações. Não há, portanto, uma incompatibilidade histórica que pudesse justificar a recusa sem, sequer, algum tipo de diálogo.

O resultado é que o tal “voto útil” que pretendia usar a seu favor se voltará contra a legenda, da qual não faço parte há muitos anos, mas pela qual conservo do carinho construído em 30 anos de militância, na qual há inúmeras pessoas que respeito e admiro, embora já não tenha o direito de dar palpite em suas decisões internas.

Mas é terrível ver uma atitude destas, assim, precipitada, em nome de interesses de pessoas que chegaram agora no partido e já se assentaram não na janelinha, mas na boleia.

Espero que os dirigentes do partido que vêm do brizolismo recordem-se do ensinamento do grande líder que tivemos , o de que não se pode ficar à margem do processo político-social.

Pois se ficarem, os que tivemos Leonel Brizola como inspirador político não iremos ficar.

 

Fernando Brito:
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