Anuncia, enfim, o governo algo que pode ser chamado de ajuste fiscal.
Porque o “outro” ajuste fiscal, o que vem sendo praticado desde o início do ano é “para dentro”, o mudo, o silencioso e o doloroso esforço de cortar suas próprias despesas, sem nada se obter em contrapartida, exceto nos cortes de benefícios sociais onde há – e não é inteligente negar o obvio – distorções e aproveitadores “arraia miúda”, como os fraudadores de seguro desemprego, das pensões e outros benefícios previdenciários.
Agora, anuncia um corte de R$ 26 bilhões. Metade dele sobre o funcionalismo, linear.Como aquela linha de zagueiros que a gente chama de “linha burra” no futebol.
Obvio que “congelar” vencimentos de quem ganha R$ 20 ou 30 mil por mês não é o mesmo que por no freezer o “barnabé” de R$ 1.200 mensais.
Não guardo grande otimismo sobre a viabilidade da outra metade do ajuste, a reinstituição da CPMF, agora voltada para cobrir o deficit da Previdência.
Das duas vezes que se tentou mantê-la ou recriá-la, isso não aconteceu.
Da primeira vez, quando o governo tardiamente aceitou – em lugar de propor – que ela fosse “zerada” para contas bancárias de baixa (ou média ) movimentação, às vésperas da votação no Congresso, de onde saiu derrotado.
A segunda, quando a “base aliada” era mesmo aliada e pedia a sua reinstituição.
Agora, da mesma forma “linha burra”, se propõe uma contribuição linear de dois milésimos de cada transação financeira bancarizada.
Considerada uma média de R$ 2 mil reais por correntista que mova até R$ 5 mil por mês em sua conta – desde o que movimente R$ 5 mil até o que tenha bancarizado seus proventos de R$ 800 da aposentadoria, isso significa que cada um destes pagaria R$ 4 por mês. Ou R$ 48 por ano. Isso equivale a apenas um mês e meio da média das tarifas bancárias pagas por cada correntista brasileiros, exceto os ricos, que ganham “tarifas zero”.
Se estes correntistas bancários nestas condições forem 20 milhões, o valor arrecadado deles será de menos de R$ 1 bilhão, numa arrecadação prevista de R$ 32 bilhões anuais.
Mas todos eles ficarão “mordidos” com a “mordida” inócua, que representa apenas 3% do que se planeja arrecadar.
E aí, com sorte do governo, algum peemedebista apresentará uma “emenda” isentando a classe média baixa da cobrança, o que o governo “aceitará” com certo contragosto, ficando “na fita” como algoz.
Nosso governo, enfim, dá mais uma demonstração de como fazer o certo da maneira errada, porque evita assumir aquilo que, outro dia, se chamou aqui de “ter um lado”.
Os 20 milhões de quem se pede 48 reais serão os instrumentos políticos dos dois ou três milhões que, de fato, serão taxados.
Nosso governo, que reelegeu-se por ter um lado, parece esquecer-se disso na hora de apresentar seus atos.
Parece ter vergonha de ser o governo do povo, para o povo e pelo povo.
Ainda assim foi um passo, finalmente um passo.
Imenso avanço para quem, há dez meses, marca passo.
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O problema do Brasil são os aposentados. Ah tá, entendi!!!!!
Você leu o texto?
Já as taxações que envolvem APENAS os endinheirados vão ficando na gaveta.
De outro lado a RECEITA FEDERAL resolveu se mexer para cobrar os grandes devedores. Vamos ver até onde vai isso. Para mim termina na próxima esquina.
Aos pequenos contribuintes, a grossa maioria, logo vem a anotação no CPF, cobranças, etc. Porque a RECEITA DEFERAL não faz um acompanhamento mais eficaz contra os grandes - Globo inclusive - mais a turma da ZELOTES/CARF ? Nessa hora tudo é MOROso.
Mas e o imposto progressivo sobre ganhos de capital, gente? Paga mais quem ganha mais: http://www.valor.com.br/brasil/4223734/governo-vai-aumentar-ir-sobre-o-ganho-de-capital-das-pessoas-fisicas
Ah! Sem comentário!
Gostei, um pouco, mas, já é um bom começo, prá um governo que estava morrendo de medo do pig.
Já que o Governo Dilma tem que diminuir seus gastos, que se corte a Bolsa PIG.
A democracia vai agradecer muito o fim da Bolsa PIG.
Concordo plenamente!!!!
O Levy é um desastre arrogante, é o Malan de roupagem nova.
Esse plano econômico nada tem a ver com o PT.
Esse é plano light do PSDB.
Com isso a Dilma começou mal o goveno dela.
E abandonou quem a elegeu.
Ainda há tempo de mudar, é só deixar a teimosia de lado.
Este blog está cheio de porra louca que nunca passou na porta da Faculdade de Economia, dando palpite sobre problemas complexos!!!!!!!!!!!!
Dois mandatos de Lula, uma mandato de Dilma e a constatação: governam para o capital em detrimento do povo.
Do rombo nas contas nesses treze anos consecutivos de petralhismo infere-se: os ricos e altos burocratas serão blindados e ficarão com mais faturamento; a classe média será penalizada mas vai chiar tanto que terá um alívio próximo às eleições; agora os pobres vão receber no lombo o peso do 'ajuste' cada dia mais, com direito a uma caramelo de vez em quando.
Receita de Lula-dilma-Pt:
juros altos, arrocho salarial, aumento tributário, cortes no social, corrupção à vontade e demagogia barata, muita demagogia barata.
Querido Brito,
Dilma tem lado, mas a elegemos uma massa de deputados cujo lado é o seu próprio.
Um congresso mais "popular" (tiriricas e pastores) e mais conservador.
Dilma tem de fazer política em altíssimo nível, negociar, oferecer contrapartidas e ela tem um grande defeito que é intolerância total com corrupção e barganha suja.
E nós, nem quando ela anuncia que vai taxar quem tem mais, damos um crédito a ela?
Cadê o programa de governo de Dilma ?. Ela continua fazendo o jogo de fritar ovos com Ana maria Braga.
Taxar os ricos ,isentar os pobres.É simples.