Atingido em cheio, era previsível que Jair Bolsonaro reagisse com mais agressividade a sua inevitável responsabilização pelos crimes cometidos na condução do combate à Covid-19.
E a reação veio hoje, ao chamar de ‘canalha’ quem é contra tratamento precoce para a Covid, em discurso no Palácio do Planalto e dizendo que oferecimento de “doses cavalares” de cloroquina em Manaus foi o responsável pelo “sucesso” do enfrentamento da doença ali.
Jair Bolsonaro vai seguir agarrado à cloroquina, porque sabe que não há maneira de dissimular mais que
foi essa a politica de Governo em relação à pandemia.
Para tornar isso mais claro e para lançar suspeitas sobre interesses econômicos sobre a questão das vacinas, afirmou que estas rendem muito dinheiro:
—Por que não se investe em remédio? Porque é barato demais? É lucrativo para empresas farmacêuticas ou para laboratórios investir no que é caro? Nós conhecemos isso.
Voltou ao discurso antiChina, dizendo que “ninguém sabe se (o vírus) nasceu em laboratório”, que podemos estar em uma guerra “guerra química, bacteriológica e radiológica” e que os chineses poderiam estar se beneficiando disso porque, sem dizer o nome são o “país que mais cresceu o seu PIB”.
Bolsonaro não acha que há um problema de saúde a enfrentar, mas prefere considerar tudo uma conspiração globalista, reunindo chineses, cientistas que considera “comunistas” e as indústrias farmacêuticas.
Prefere porque isso lhe permite criar conflito e tentar isentar-se do genocídio que decisivamente ajudou a causar.
Bolsonaro é autor de um crime confessado e continuado e pretendente a outro, anunciado: o de, como prometeu, impedir que governadores e prefeitos mantenham ou adotem suas pequenas e insuficientes medidas de isolamento social.
Sabe que não pode mas, de bravata em bravata, quer ser o herói do “abre tudo”, porque só morre quem recusa a cloroquina.
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Por que não se segue a rota do dinheiro (follow the money) para constatar quem lucra com a venda da cloroquina?