O anúncio de que Jair Bolsonaro vai manter dois mortos-vivos – Ricardo Salles e Eduardo Pazuello – nos ministérios do Meio Ambiente e da Saúde não tem relação, apenas, com o fato de considerá-los “ministros excepcionais”, porque ambos seguem, sem questionar, as políticas absurdas desejadas pelo presidente em suas áreas.
Há – e basta olhar os episódios recentes – outra questão: onde achar personagens que, a esta altura, aceitem integrar um governo que para a maioria das pessoas com algum senso, é e só poderá ser um fracasso e um desastre?
Tenho dito aqui que assumir um posto na administração (se é que podemos chamar assim) Bolsonaro significa transitar da condição de nulidade para a de vilania. Ou, quando não, já ser uma nulidade vilã.
Quem é que pode aceitar ser ministro da Saúde, por exemplo? Já precisa entrar se indispondo com toda a comunidade médico-científica pela aceitação bovina da poção mágica da cloroquina. Depois, deve aceitar a tutela, inclusive verbal, de qualquer medida de apoio a restrições de aglomeração, algo tornado tabu pelo próprio presidente que, mesmo infectado e em quarentena, ontem defendeu o “abre tudo” mais irresponsável.
Francamente, não consigo ver quem aceitaria isso muito longe do padrão Osmar Terra.
Na Educação não foi fácil, até encontrar alguém que fosse “blindado” dos extremistas por ser evangélico e cuja maior virtude, segundo os elogios da mídia, foi a de não falar coisa alguma senão obviedades banais. Nenhuma formulação, nenhum projeto, nenhuma ideia sobre o MEC ser o reitor do processo de retomada das atividades escolares, rigorosamente nada.
Na área da Cultura, se Regina Duarte foi um desastre prático, ainda contava com certo sucesso de público, se não fosse o fato de que, ao lado do ridículo de sua atuação, também teve de engolir o”olavológicos” que seu inexpressivo sucessor,, um ilustre desconhecido, afinal, não em problemas e aceitar para executar sua plataforma do nada.
Também duvido que pudesse achar alguém minimamente respeitável para o Meio Ambiente, porque ninguém vai, como faz Ricardo Salles, assumir o cargo para liquidar definitivamente o Ibama e o ICM Bio para liberar garimpos, madeireiros e turismo predatório, que são a menina dos olhos do presidente.
Ter cargo no governo Bolsonaro, para usar a linguagem da moda, não agrega valor à biografia de ninguém. Embora, é claro, sempre seja uma gazua para aumentar a pecúnia.
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É redundante dizer isto, mas o Brasil enlouqueceu como nação. Temos um presidente ao nível de um Idi Amin Dada, que faz propaganda de remédio e fala mal das máscaras, ministros que acham que a Terra não é redonda, militares que trabalham e batem continência pra bandeira de outro país, políticos que dão tiros na bandeira de outro partido, juízes e promotores que são orientandos pela CIA e FBI. E um povo hipnotizado, anestesiado, abestalhado que, quando perceber a própria estupidez, vai enlouquecer de vez.
O brasileiro do berço ao túmulo é ensinado que o país é uma merda e que bom mesmo é nos EUA .
Aí fica fácil qualquer golpe.
O brasileiro do berço ao túmulo é ensinado que o país é uma merda e que bom mesmo é nos EUA .
Aí fica fácil qualquer golpe.
Se o Brasil enlouqueceu como nação, é sinal de que eles estão tendo um sucesso extraordinário. Vamos tentar por todos os meios manter acesa a chama da lucidez, durante a longa travessia do pântano bolsonariano.
No zero ambiente é fácil, sempre vai se encontrar um miliciano disposto à boca podre. Já na doença, pra que mudar, o populicídio desemboca com um desmanivrado metendo bronca na ofensiva.
O problema com a Regina Duarte é que ela não tinha o suficiente perfil de destruidora. E a destruição da cultura é fundamental para a destruição da identidade nacional, que por sua vez é fundamental para a destruição do país como nação.