Há muita gente se apressando, a pretexto (para variar) da “estabilidade das instituições”, em oferecer uma resistência tíbia ao insólito decreto presidencial anulando o julgamento do STF sobre os ataques do bolsonarista brucutu Daniel Silveira.
Com tão poucos a reagir como o caso merece – alguns, porque precisam esperar as ações em juízos, outros, por covardia e interesse, como os presidente da Câmara, mudo, e o do Senado, já declarando que o decreto é válido e concordando apenas com a inelegibilidade de Silveira – Jair Bolsonaro sente-se encorajado a ir adiante, e propor uma “anistia” a outros bandoleiros de fake news da sua turma, segundo informa Guilherme Amado, no Metrópoles.
Roberto Jefferson, Oswaldo Eustáquio e Allan dos Santos, que ainda não foram ainda julgados (e, por isso, não podem ser indultados), além do próprio Daniel Silveira, no caso do decreto de graça não prevalecer, seriam os beneficiários da manobra, a ser feita com a força majoritária do Centrão na Câmara e a pressão sobre o vacilante Senado Federal.
É claro que Silveira e os outros três não mereceriam uma vela sequer do atual Presidente pelo que são, apenas agitadores peso leve que são perfeitamente dispensáveis salvo se, como agora, estivessem prestando o serviço sujo de alimentar o confronto contra o único freio que Bolsonaro tem, já que o Legislativo tornou-se uma massa amorfa de catadores de emendas: o STF.
Não se pode aceitar que a um lado – e ao lado mais sombrio – tudo seja permitido, inclusive escapar impunes das brutalidades e horrores que despejam na internet. Isto não é um combate igual, pois um os lados, além de ter compromisso com argumentos, vê-se por qualquer crítica, enquanto outro pode ameaçar surras, tiros e outro mimos a seus adversários.
É terrível, mas necessário, o trecho do ótimo artigo do advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, hoje, no Poder360:
Parece que entramos em um ringue de luta livre, no qual vale tudo, mas nos deram a instrução de ficar dançando balé clássico. Se fosse só por cada um de nós, o mais fácil seria descermos do ringue e abandonarmos a luta, pois não nos dispomos a usar os mesmos métodos. Mas, se desistirmos, deixaremos milhões de pessoas dentro desse ringue sendo nocauteadas a todo instante. É como um estupro coletivo. Um Brasil todo sendo esquartejado.
Não temos outra opção a não ser resistir. Sem usar os golpes baixos, mas, socorrendo-me do eterno Pessoa, no Poema em linha reta, “Eu, que quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado para fora da possibilidade do soco.”
Já se faz a hora de não nos agacharmos mais….