Em apenas três dias, 9.602 imóveis vendidos, 6,5% a mais que no ano passado.
O movimento do “Feirão da Casa Própria” da Caixa, encerrado ontem, no Rio, é o maior desmentido de que esteja havendo uma forte retração no ânimo econômico da população.
E olha que, no caso do Rio, tem muita gente adiando a decisão de compra de imóvel na esperança de que o término da Copa dê uma aliviada nos preços.
O que pode até acontecer, em muito pequena escala porque , infelizmente, é improvável que os preços “devolvam” parte significativa do que subiram acima da inflação.
Porque não há nenhuma “bolha imobiliária” no Brasil, o que há é uma imensa demanda reprimida pela falta de crédito para moradia.
Os financiamentos imobiliários no Brasil representam 7,7 do Produto Interno Bruto, dez vezes menos que no país da “bolha”, os EUA, onde passam de 70% do PIB. É muito menor que o de outros países com o nosso nível de desenvolvimento: o Chile, por exemplo, tem 16%.
Claro que há especulação e é bom que as grandes construtoras/incorporadoras estejam com alguns milhares de imóveis não-comercializados e se vejam, pela primeira vez em muitos anos, elevando os preços de venda em níveis menores que a inflação.
Mas a carência de imóveis no Brasil se acumulou de tal forma desde os anos 80 que vai ser preciso mais tempo, muito mais tempo, para que os preços deixem de ser pressionados pela demanda.
E um tempo em que haja crédito, não aquele em que se meter num financiamento imobiliário era uma aventura para loucos.
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Luto no PiG. Que faz silêncio a respeito. E tem gente que ainda acha que a grande imprensa está no ramo do jornalismo...
De acordo com alguns dizeres, quando o comprador vai tomar financiamento pelo banco (no ato da entrega das chaves pela construtora), este se vê em maus lençóis e corre atras do distrato.
Os dados dos distratos, por sua vez, não aparecem em nenhum "release" delas. Creio que "financiamento imobiliário" X PIB por si só não detecta bolha.
Fernando, acredito sim que há uma bolha imobiliária e que essa notícia em nada diz respeito a ela. Também, não tem lógica comparar a relação com o PIB porque nem toda bolha tem de ser igual. A espanhola não foi parecida com a americana.
O Feirão da Caixa foi um sucesso... para as camadas mais baixas, para os financiamentos com subsídio do governo.
Nosso déficit habitacional é localizado justamente onde não há bolha imobiliária: nas classes C, D e E.
Hoje, é fácil encontrar um 2/4 no Rio por R$ 750 mil.
Numa simulação aleatória na Caixa, alguém que ganhe R$ 20 mil por mês poderá comprar este imóvel dando R$ 250 mil de entrada e parcelando o restante em suaves 25 anos com a primeira parcela de R$ 5.300,00.
Com os R$ 250 mil que ele tinha no banco, mas deu como entrada, ele deixou de ganhar, sendo conservador, R$ 1.250,00 (numa aplicação que rendesse 0,5% ao ano).
Ou seja, por mês, é como se ele desembolsasse R$ 6.550 para morar neste apto. Isso sem considerar que ainda estaria sem os R$ 250 mil.
Tá... as prestações são decrescentes... mas atualizadas pela TR. Rezemos para que de fato decresçam (e isso não vem ocorrendo nos últimos anos... tenho amigos com financiamento habitacional).
Alguém com salário de R$ 20 mil certamente está na classe dos mais ricos do país. Vai mesmo querer morar num 2/4 de 70 m² num prédio construído há 30, 40, 50 anos?
Acredito que a bolha existe e que vai estourar (não pelo crédito abundante bla bla bla, mas porque ninguém tem condições de pagar isso e, os que tem, não querem mais morar nos aptos que podem pagar) e os efeitos não serão catastróficos, como os da bolha americana.
O principal resultado, acredito, vai ser um monte de família que tinha o sonho de ficar milionária sem esforço vendendo um apto básico, tendo de baixar os preços.
Não haverá quebra generalizada, como uns tolos propagam.
Abraços!
Parabéns Bruno, análise perfeita:
Não há no Brasil, uma bolha generalizada, mas há obviamente uma bolha localizada: notadamente quem apostou em imóveis de alto padrão pode ter um revez nos próximos meses.
Acontece que o preconceito está até na hora do investimento: A classe média alta tende a adquirir imóveis em áreas nobres se recusando a investir em imóveis de "padrão inferior". Acontece que esta população já está atendida: ou está locando ou morando em imóvel próprio. A demanda por imóveis está nas classes C, D e E (principalmente classes D e E). Os muito ricos (proprietários das maiores construtoras do país) ao contrário, parecem ter menos preconceito, e estão ganhando dinheiro a rodo, enquanto que os leitores da óia estão a ver navios...
eh simples:
>as construtoras& incorporadoras se acostumema ganhar menos.
Alias, já houve outras antes:
a bolha do boi gordo... a bolha do investimento em avestruz...]
Como em todos os setores da economia brasileira, o alto custo dos imóveis decorre do LUCRO BRASIL
Gente vamos nos recolher a nossa insignificância, e ter um pouco mais de humildade para não ficarmos falando besteira.
Afirmar que há bolha apenas observando os preços é um silogismo falacioso tosco. Já que é uma dedução simplifica. (Não se produz conhecimento, ou se faz análise séria com deduções.)
Os preços altos tem duas razões básicas, a especulação imobiliária e a defasagem dos preços dos imoveis devido aos períodos longos de hiperinflação e recessão no Brasil.
Além disso, a bolha estoura e destrói os preços dos ativos, um país com um deficit habitacional como o brasileiro dificilmente irá sofrer isso.
A seguir um texto de um dos maiores especialistas em mercado imobiliário do Brasil, que afirma que não há bolha no Brasil:
http://fernandonogueiracosta.files.wordpress.com/2014/04/teotonio-costa-rezende-bolha-imobilic3a1ria.pdf
Cara, observe que eu falei acreditar em bolha imobiliária. Você, ao contrário, afirma que ela não existe com base num dos maiores especialistas (e, portanto, detentor de verdades absolutas e eternas, suponho).
Se existe uma verdade sobre bolhas, talvez seja o fato de que só temos certeza dela quando ela estoura.
Mas se os especialistas são assim tão importantes, acreditemos no ganhador do prêmio nobel Robert Schiller, citado no artigo do Teotônio, que aliás, é diretor executivo de habitação da Caixa, um interessado direto na não existência da bolha, concorda?
Mas, se o Robert Schiller não serve porque não conhece nosso mercado e tal, está aqui um estudo (com dados econômicos, o que a meu ver é muito mais aplicado ao tema que os argumentos do Teotônio) feito por um brasileiro: http://www.bolhaimobiliaria.com/2013/08/06/bolha-imobiliaria-ii-exuberancia-irracional-no-rio-de-janeiro-bolhadao_rj/
Repito: acredito na bolha, nosso défict é alto, mas entre as classes C, D e E. Alguém que ganha R$ 20 mil por mês e precisa de juntar R$ 250 mil e financiar um apartamento por 30 anos para morar um apto básico de 2/4 na ZS do Rio? Não acho que tenha lógica alguma nesse mercado. Aguardemos.
Tucano em Pó, a última invenção tucana!
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BOLHA está tendo,uns candidato a presidencia,que sumiram,com a chegada do LULA,como cabo eleitoral da DILMA.
Eu também acredito que estamos vivendo em uma bolha. Não somente no mercado imobiliário como em todos os outros setores por um motivo simples: a renda não acompanhou a alta dos preços. E alguns dados do governo estão fora da realidade, como que uma pessoas que ganha 2 salários mínimos pode ser considerada classe média??
O incentivo ao consumo dado pelo governo é baseado somente no crédito, mas vemos que o crédito esta começando a diminuir e as famílias estão endividadas. Ou mesmo o número de distratos, porque o cidadão compra o imóvel na planta e depois não tem o financiamento no banco aprovado por falta de renda. A situação financeira das construtoras também não é das mais saudáveis.