O governo admitiu que só enviará a tal “reforma tributária” – leia-se a recriação da CPMF – depois das eleições de novembro.
Leia-se, outra vez, para 2021 ou, mais provavelmente, never more, porque – mesmo com uma improvável vitória no Congresso, começar a cobrar impostos em ano de eleição para presidente é a última das vontades de Jair Bolsonaro.
As perspectivas de receita pública continuam sombrias e a previsão de déficit público do Governo central, estimada em R$ 871 bilhões, deve ficar significativamente acima disso.
Mesmo com a retomada de impostos como o PIS/Cofins e das contribuições previdenciárias (as de março, por exemplo, tiveram o recolhimento diferido para agosto e as de abril e maio para outubro e novembro) a receita mostrou baixa reação: os recolhimentos administrados pela Receita caíram 15% e o resultado final ficou negativo em R$ 92 bilhões em agosto.
Como o fim das cinco parcelas do auxílio emergencial não abrange todos os beneficiários, mas apernas os que começaram a receber em abril, ainda restam parcelas de R$ 600 reais para cerca de 30 milhões de pessoas, o que diminuirá a economia feita com a sua redução e seu valor.
De outro lado, o adiantamento do 13° vai reduzir a tradicional injeção de recursos na economia, já apertada pelo fim de parte dos auxílios.
Mesmo com a falsa ideia de que a economia se aproxima dos níveis pré-pandemia, estamos longe disso.
E ficaremos mais longe com o impasse criado pela impossibilidade de manter auxílios sociais e manter intocado o teto de gastos, herança maldita do Governo Temer e que é o novo santo do altar do mercado.