Relatórios provam: Ministro sabia do fim do oxigênio em Manaus

Passou da hora de o Ministério público instaurar inquérito – e não simples investigação – sobre as responsabilidades do senhor Eduardo Pazuello na tragédia da morte por asfixia de diversos pacientes na rede hospitalar de Manaus, asfixiadas pela falta de oxigênio nas unidades em que estavam internados.

Vinícius Sassine, na Folha, mostra que ele foi diretamente informado pelos funcionários do Ministério que atuavam na capital do Amazonas muito antes do desfecho trágico daquela situação:

Documentos dos dias 8, 9, 11, 12 e 13 registram com detalhes o tamanho do problema, inclusive com previsão exata de quando ocorreria o colapso.

E o colapso aconteceu dia 14, seis dias depois do primeiro aviso e com tempo mais que suficiente para uma intervenção efetiva.

No dia 8, os documentos da Força Nacional do SUS, mandada pelo próprio Pazuello para atuar em Manaus registram que há “dificuldade crítica nos respiradores (oxigênio)” dos hospitais que atendem pacientes com Covid-19″.

No dia seguinte, diz que médicos e enfermeiros “estão preferindo não medir a saturação dos pacientes na sala rosa 1, pois, ao medir, vários pacientes precisarão de oxigênio e não terão como suprir a demanda.”

Dois dias depois, 11 de janeiro, já com a presença física do ministro, declara-se a exaustão das reservas de oxigênio e a “necessidade de transporte de balas de oxigênio por via aérea, terrestre e fluvial”.

Mas a única coisa que o Ministério enviou foi um ofício aviando que mandaria uma força-tarefa de médicos negacionistas para percorrer as unidades de saúde oferecendo cloroquina.

No dia 13, véspera do desastre, o relatório do Ministério anuncia a chagada da morte por asfixia para daí a algumas horas: ““O colapso vai acontecer na madrugada de hoje. Não existe O2 para repor durante a madrugada. Todas as médias de projeção foram quebradas hoje durante o dia”.

O crime está descrito e documentado em toda a sua perpetração.

A não ser se aceitarmos que adiante da morte iminente de pessoas se possa dizer “para que a pressa, para que a angústia?”, Pazuello deve responder por ele.

Fernando Brito:
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