A “repatriação” que continua lá fora…

A frase “os proletários não tem pátria” de Marx, citada sempre num contexto que os coloca como antinacionais (porque se elimina a continuação da frase: “pois não se lhes  pode tirar aquilo que não possuem” , se aplica, aí sem nenhuma dúvida ao capital.

A manchete de hoje do Valor mostra que a tão badalada “repatriação de capitais” tem se limitado, grosso modo, à repatriação de multas e impostos necessários para legalizar o dinheiro que continua no exterior.

Diz o Valor – matéria apenas assinantes – que “apenas nos casos de volumes menores de recursos, de até US$ 3 milhões, é que os bancos têm observado com mais frequência o encerramento de aplicações no mercado internacional e a efetiva repatriação dos recursos. Há relatos de que até sexta-­feira, a poucos dias do fim do prazo para adesão ao programa previsto pela Lei 13.254, cerca de 30% dos clientes mapeados haviam concluído o processo em algumas instituições”.

O executivo de um banco consultado pelo Valor calcula que, com base na estimativa do governo de arrecadação de até R$ 8 bilhões em impostos e multas, o total regularizado chegaria à casa dos US$ 100 bilhões. Se metade desses recursos estiver alocada em ativos financeiros lá fora, esse executivo considera que pode atrair até 10% desse valor para sua plataforma de negócios local e internacional. O fato é que, por ora, menos de 5% dos casos submetidos a essa instituição têm resultado em internalização dos recursos.

Isso, creia, não havendo investimento no exterior que sequer chegue perto da remuneração que se dá ao capital no Brasil, com nossa estratosférica taxa de juros.

Quem não tem pátria “seu” Marx, é o capital. Mas não o culpem: é bom menino, que se lava direitinho.

Fernando Brito:

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