Resposta dos EUA à espionagem foi ridícula. Mas não vamos cair na “pilha”

As “desculpas” norte-americanas oferecidas ontem ao chanceler Luiz Alberto Figueiredo, do Brasil, ficaram – a se acreditar na nota divulgada pela pela Casa Branca, através da porta-voz de Susan Rice, conselheira de Segurança Nacional do governo dos EUA – quilômetros abaixo do que se poderia esperar como mínimo necessário à volta de um diálogo minimamente distensionado entre os dois países.

Dizer que “a culpa é da imprensa” que distorceu informações e que nossas preocupações são legítimas, façam-me o favor, não é?

Luiz Alberto Figueiredo, corretamente, não falou. Talvez fale amanhã, depois de um novo encontro com Rice, mas não deve dizer muita coisa.

Quem vai falar é Dilma Rousseff e vai falar essencialmente na ONU, daqui a 11 dias, na abertura da Assembleia Geral.

Lá é que tem de falar grosso.

Os EUA, claro, nos consideram como a enésima prioridade em matéria de relacionamento externo.

Justamente por isso, não devemos “entrar na pilha”.

O que nos fizeram nos legitima para sermos protagonistas numa reação mundial que se vai formando contra os abusos americanos.

E esta posição convém aos interesses do Brasil.

Por  ela, é importante tanto não vergar a espinha quanto não cairmos num mau-humor radical.

Lula mostrou ontem o que tem que ser questionado.

Depois destes episódios criminosos, o Brasil tem toda a legimidade para defender essas ideias em todos os foruns, sem que isso possa ser contestado.

Ir lá e, com toda a educação, dizer-lhes umas poucas e boas é bem melhor do que não ir e ter este cancelamento registrado em cinco linhas pelas agências internacionais.

Muito melhor é aproveitar o sorriso amarelo de Obama e mostrar o que pensamos.

E, aqui dentro, fazer o que pensamos.

As ambições imperiais americanas não são mais algo que só se podia mostrar pelos olhos da ideologia. Agora, são atos concretos, visíveis, que todos podem perceber. E percebem.

Tanto que até o José Serra posa de antiamericano.

Fernando Brito:

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  • Mentir faz parte da política externa de setores dos EUA: mentiram no 11 de setembro, no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, agora na Síria, Irã, e por que não, o Brasil?!

  • A síria tem armas químicas!
    No dia seguinte que o pano de fundo acabou, com a Síria dizendo que entregaria tudo (mesmo que este pano de fundo seja transparente, com o mundo sabendo que os rebeldes têm Sarin), EUA disse:

    Coreia do Norte reativou seu programa nuclear!!!!

    A credibilidade do WikiLeaks é 10x maior que a da Casa Branca!