Como se vem, há dias, repetindo aqui, os governos estaduais e municipais estão anunciando medidas para restringir a circulação de pessoas e sua aglomeração.
Mas, apenas 11 dias depois de jurarem de pés juntos – até a eleição – que não se fariam novas limitações ao comércio e às aglomerações de pessoas, não têm coragem de fazer o que precisa ser feito e estão meio na base do “me engana que eu gosto”, para livrarem a cara de sua responsabilidade no morticínio que temos pela frente.
No Rio, inventou-se o “lockmóvel”, proibindo estacionamento na orla, mas a orla não lota por causa dos automóveis, exceto na Barra da Tijuca. Copacabana, Ipanema e Leblon lotam com ônibus e metrô, faz muito tempo. Com um ou dois milhões de banhistas num final de semana de sol, talvez nem 15% deles tenha usado o automóvel para chegar ali. Permitir as áreas de lazer do calçadão e do Aterro do Flamengo sem fechar, como de hábito, as avenidas que correm junto a eles só serve para adensar mais o que fica funcionando: mais gente em menos espaço.
Em São Paulo, baixou-se o “decreto antibalada”, que proíbe a venda de bebidas alcoólicas a partir das 20 horas, o que já vai dar belas matérias a partir da noite de amanhã, com todos “chocados” com aglomeração de jovens bebendo nas calçadas, o que todos sabem que vai acontecer, ainda que não estivéssemos – e estamos – em época de festejos de fim de ano.
O fato é que a resistência da população está no fim, o auxílio emergencial terminando. a busca por emprego desesperadora e a época natalina, tudo junto e misturado já criaria problemas mesmo com uma ação incisiva das autoridades públicas.
Mas tudo fica pior porque elas se desmoralizaram, agindo mesmo como se estivéssemos “no finalzinho” da pandemia e com a vacina à vista, contando com uma fórmula mágica que nos livraria do vírus.
E não é assim: o convívio com esta desgraça durará muitos meses, ainda, e ceifará milhares de vidas.