A retomada “cauda de cavalo”: a economia “cresce” para baixo e PIB cai 0,8%

O resultado negativo do PIB, como já se comentou aqui, não é o retrato apenas do desastre que passou.

É o sinal de que a ladeira está muito longe do fim.

Não é apenas uma queda de 0,8% em três meses (julho-agosto-setembro).

É -2,9% se comparado ao terceiro trimestre de 2015, quando o desastre Levy tomou força e irreversibilidade (era, então, o tempo em que se previra que, com o arrocho iniciado em janeiro ia “dar frutos”, cujo sabor bem sentimos).

Significa o sepultamento estatístico da tal recuperação econômica, que tinha levado até a uma tímida retomada nos investimentos, registrada nas taxas de Formação Bruta de Capital Fixo, que haviam subido 0,5% na mensuração do PIB do segundo trimestre (o do impeachment e do “agora vai” do mercado) e agora caíram 3,1%.

A Folha, sem dar o braço a torcer, registra hoje:

O terceiro trimestre foi marcado pela alta da confiança de empresários e investidores com a mudança da política econômica. Embora ainda abaixo da média, a confiança passou a subir rapidamente e encorajou expectativas de que os investimentos e o consumo voltariam.

O resultado dos investimentos no segundo trimestre ajudou a alimentar as expectativas mais otimistas. Após trimestres seguidos no vermelho, os investimentos voltaram ao campo positivo. No terceiro trimestre, porém, o número voltou a cair 3,1%.

A razão da melhora da confiança eram as perspectivas de que o governo Michel Temer (ainda interino) conseguiria reverter os efeitos da crise política e econômica e conduziria reformas que controlariam a evolução insustentável dos gastos do governo.

O PIB do quarto trimestre será a missa de sétimo dia desta “retomada” que não houve.

Não houve porque não poderia haver com uma política contracionista alucinada, que ainda nos primeiros meses de 2015, a gente já mostrava que não poderia dar certo.

Mesmo que se registre zero, será zero sobre a terra arrasada do final do ano que vem. Pessoalmente, acho que zero será muito.

A percepção pública disto, embora esteja atenuada pela queda dos índices de inflação – que o senhor Levy, em nome dos mesmo déficit público faz disparar, com a insânia de reajustar os preços administrados – , começa a ocorrer dentro de um quadro de instabilidade política como o que marcou o breve segundo governo Dilma.

Não é que se inicie uma tragédia, porque ela começou faz tempo.

Significa que ela está se aproximando de seu auge dramático – e Trump vem aí – e, por consequência, de seu desfecho.

Fernando Brito:

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