Ontem à noite a Agência Reuters confirmou o que este blog antecipou há duas semanas: a Petrobras articula uma associação com a chinesa Sinopec para vencer o leilão dos 70% do Campo de Libra, o maior do pré-sal, no dia 21 de outubro.
Segundo a agência, a participação dos chineses se daria através da portuguesa Galp e da espanhola Repsol, “que podem compor um consórcio com a Petrobras, afirmaram à Reuters fontes com conhecimento direto do assunto”. A Sinopec já tem forte participação nas subsidiárias das duas no Brasil.
Diz a reportagem:
“A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, conversou com executivos da Sinopec em viagem recente à China, disseram duas fontes à Reuters, na condição de anonimato.
“Parece que ela convenceu os chineses a participar do leilão, porque, após sua ida à China, a Sinopec mudou de ideia… Eles não queriam entrar no leilão antes dessa visita”, afirmou uma das fontes.
A viagem da presidente da Petrobras à China durou cerca de dois dias e ocorreu há aproximadamente um mês.”
A viagem ocorreu, mas a história não é essa.
Claro que, por tudo o que já se explicou aqui, os chineses querem petróleo até na Lua, se houver. Não apenas precisam dele para mover sua expansão industrial e urbana como precisam diversificar suas fontes – Oriente Médio, Venezuela e Angola – para conseguir estabilidade política e financeira.
Toda a questão está no arranjo de negócio, que eles querem ser o mais possível comprometido com a venda de petróleo futuro.
Foi por isso e na condição de emissária do Governo brasileiro e, mais, da própria presidenta Dilma Rousseff, que Graça foi à China.
Algumas pessoas não estão compreendendo duas obviedades.
A primeira é a de que a Petrobras precisa de aporte de capital para explorar um campo de oito, talvez até doze bilhões de barris, porque já está comprometida com um programa de investimentos próprios que soma US$ 280 bilhões em quatro anos.
É óbvio que ela terá de explorar todas as conjunções geopolíticas para conseguir esse capital com o menor custo e sem perder a hegemonia no consórcio exploratório. E a China é a melhor delas. Eles estão ciscando, tanto que a outra estatal chinesa a CNOOC, entrou e depois saiu do leilão anterior e já comprou os editais de Libra. CNOOC e Sinopec agem separadamente, mas ambas seguem as decisões do governo chinês.
E é com o governo chinês que o acordo, operado via empresas, se dará. Ninguém sabe o formato definitivo do negócio e se haverá também a participação de outras empresas – fala-se muito na norueguesa Statoil, estatal como o nome indica.
A segunda obviedade é que o leilão de Libra não é o de concessão de uma estradinha qualquer. Terá regularidade técnica, jurídica e econômica, mas não vai sair, como dizia a minha avó, no vai da valsa.
A Reuters diz que Graça Foster afirmou “que somente duas pessoas conhecem a estratégia completa da Petrobras para a licitação da área de Libra: ela e o diretor de Exploração e Produção, José Formigli”.
Faltou a terceira pessoa, que está examinando isso quase todo santo dia e que define até onde vai – e vai longe – a ousadia com que a Petrobras vai encarar o leilão.
Dilma Vana Rousseff, presidenta do Brasil.
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O Brasil não pode errar nessa empreitada, o futuro dos nossos filhos está em jogo. Estamos diante de pessoas competentes e honestas e numa hora dessas com enormes responsabilidades, mas que amam esse país e querem torná-la na grande nação que almejamos.
A estratégia é muito clara: Sufocar os EUA pela ausência de petróleo, aliando-se à China ("C" do BRIC). Os EUA não terão coragem de contestar a parceria Brasil-China. A China é, hoje, o maior credor dos EUA; e tem bomba atômica de montão. Valeu, Dilma. Recomendo que as escolas brasileiras comecem a cancelar os cursinhos de inglês, e comecem a oferecer cursinhos de mandarim.
O melhor de tudo é que se a China tiver investimentos comerciais na região, os americanos que nunca reconhecerão o mar territorial brasileiro e já estão com a sexta frota no Atlântico Sul, vão ficar com a pulga atras da orelha.
O BNDES financia Eike Batista, porquê não vende dinheiro barato (nos moldes chineses) para a Petrobrás entrar com força Dragônica nesse óleo?
Sobre a retirada dos Yankes e Ingleses da Licitação do Poço de libra é pura chantagm. Eles estão testando até onde vai a coragem da Presidenta Dilma. Este pessoal vai se dar mal.
Quanto mais conseguirmos nos afastar dos EUA melhor para o Brasil. Nunca poderemos nos afastar muito pela questão geopolitica. Por isso mesmo temos que tentar por outras maneiras. Se não fizermos isso, a dominação dos EUA sobre nós será esmagadora.
Tudo muito empolgante e exemplar. Mas, acho que se deve resolver esta deficiência de médicos em locais longínquos do Brasil, de maneira mais efetiva, ou seja, que se façam faculdades na área de saúde, nas diversas regiões, com critérios de regionalização estratégica. E sós pessoas desta área poderiam prestar exame de vestibular. Agora o intercâmbio com médicos de todo mundo seria sempre bem aceito, e estimulado.
Tá explicado o rebaixamento pela agencia Moody's e o carnaval da CVM contra a PETROBRAS.
DOR DE COTOVELO.
Tenho repetido em vários comentários, pouquíssimas pessoas sabem os detalhes do leilão, sempre disse que confiava na condução pela Dilma, não vejo a hora de saber o resultado disso tudo.