Revelação de farsa sobre morte de JK põe STF diante de um imperativo moral

A notícia de que se tentou subornar o motorista do ônibus que, na versão oficial teria provocado o acidente que matou, em 1976, o ex-presidente Juscelino Kubitscheck, coloca o Supremo Tribunal Federal diante da obrigação de rever sua malsinada decisão de considerar prescritos os crimes cometidos durante a ditadura.

Os indícios são cada vez mais indesmentíveis de que houve, ali, não um acidente, mas um assassinato.

O argumento de que aqueles fatos são passado, “são história”, já não servem para que deles fique afastada a apuração com fins de responsabilização que afaste o caráter diletante de uma investigação.

Porque Juscelino – como João Goulart – são a própria história e não há país no mundo que possa se conformar com a obscuridade sobre um assassinato de um Presidente da República.

Não podemos continuar a ter esta história contada por desvãos, metáforas ou livros romanceados como o premonitório “Beijo da Morte”, de Carlos Heitor Cony e Ana Lee, que descreve este complô e assassinato.

A insistir numa visão míope, de que uma anistia possa simplesmente apagar os fatos do passado, o Supremo, em última análise, estará se mantendo como cúmplice de assassinatos premeditados e cruelmente urdidos.

Assassinatos de pessoas, inclusive o de um (ou, quem sabe, dois) Presidente da República.

E assassinato, também, da história brasileira.

E deixando de mostrar aos mais jovens do que é capaz uma ditadura, que a direita vive apresentando como sinônimo de ordem.

Quando é sinônimo de morte.

Fernando Brito:

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  • São essas e mais outra informações que nos levam a cobrar a atuação da justiça em rever o processo de anistia para esses criminosos. Se o mensalão é indiretamente uma vingança contra membros da antiga luta armada, que esse mesmo Supremo haja perante os assassinos da dita DURA.

  • Mas pelo relato do motorista do ônibus, o motorista do JK foi imprudente ao passar pela direita.
    Por que ele fez isso ?
    É preciso uma evidência... Havia um carro da ditadura perseguindo o JK?
    Olhando desta forma, realmente não muda muito. A testemunha (motorista) tem interesse em se inocentar do caso, então seu depoimento não vale uma naba. Quem ofereceu a mala de dinheiro?

  • O Supremo que condena Dirceu revogara a Lei de Anistia para punir torturadores e assassinos da ditadura?

  • JK, Jango, Lacerda, Amarildo e desaparecidos Brasil afora. Marcas da tortura, herança de uma ditadura.

  • Que se faca justica. Que se removam as manchas de nossa historia. Ou estaremos todos compactuando.

  • Assustados como grito de Uhuuuuuu! Getúlio, Goulart, Ulisses e Tancredo voltam-se a tempo de ver o Juscelino socando o ar como Pelé... Ao retornar á nuvem, ele olha para os colegas e diz: Eu não disse que um dia alguém ia Apurar?!!

  • Levando consideração que saiu da boca de um ministro do STF que foi uma "ditabranda", esse final que esta sendo construído tijolinho por tijolinho da História, vai desmoronar a hipocrisia.

  • Constatou-se nos paises Escandinavos, que a maioria dos suicidios eram de pessoas que tinham trabalhado em abatedouros de animais. A vida cobra caro.

  • Isso tem que ser revisto para mostrar aos jovens o verdadeira face da direita brasileira de caráter entreguista e assassina, nunca olharam o Brasil como nação, na ditadura cumpriram religiosamente o pacto com os americanos assassinando as lideranças nacionalistas que defendiam os interesses do país. A elite brasileira lutou e luta contra qualquer transformação que venha fazer do Brasil uma nação livre, soberana e acima de tudo humanista.