A normalidade da vida brasileira não voltará enquanto não se achar e tratar como anormal tudo o que vem se passando desde que o Dr. Sérgio Moro inaugurou o “vale-tudo” que se se entronizou como “esperança do Brasil” e, agora, espalhou-se por toda a vida política.
A irresignação dos tucanos – ou mais precisamente de Aécio Neves e da extrema-direita – com os resultados eleitorais foi a chave para que aquilo que estava no campo policial se mudasse de bagagens e armas (ainda figuradas, felizmente) para o terreno da institucionalidade em crise.
Com Eduardo Cunha e Renan Calheiros encontrando suporte político para as ações de sabotagem e um governo com escancarada inapetência para a política fomos chegando a um quadro de – não é possível usar outra palavra que não o clichê – descalabro institucional.
Que não entra em recesso com o Congresso, como diz hoje Ricardo Melo, em seu artigo na Folha:
Conspiração não entra em recesso
Ricardo Mello, na Folha
Esta Folha (14/07) noticiou um fato da maior gravidade. Na residência oficial da Presidência da Câmara dos Deputados, o chefe da Casa, Eduardo Cunha, dividiu o “breakfast” com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o impagável Paulinho da Força, do partido Solidariedade. Além de guloseimas habituais, constou do cardápio nada menos que o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Boquirroto como sempre, Gilmar confirmou o debate sobre o assunto. “Ele [Cunha] falou dos problemas de impeachment, esses cenários todos”. Perguntados pela reportagem, Paulinho da Força e o presidente da Câmara tergiversaram, sem convencer. O texto afirma que o deputado do Solidariedade especulou que a derrubada da presidente (pois é disso que se trata) supõe um acordo entre Eduardo Cunha, o vice Michel Temer, Renan Calheiros, chefe do Senado, e o presidente do PSDB, Aécio Neves.
Se isto não é conspiração, é bom tirar a palavra do dicionário. Que diabo pode representar a reunião entre o terceiro nome da linha de sucessão do Planalto, um ministro da mais alta corte da Justiça e um parlamentar adversário obsessivo do governo –os três para discutir a deposição de uma presidente eleita?
A qualidade dos interlocutores dissipa dúvidas. A capivara é geral. O presidente da Câmara, de currículo mais do que suspeito, foi acusado de embolsar milhões de dólares em negociatas. O ministro Gilmar, dono de um prontuário de atitudes controversas, é conhecido por travar o fim do financiamento empresarial nas eleições.
A presença de Paulinho da Força mostra-se tão exótica quanto reveladora. Exótica porque se desconhece, pelo menos em público, qual credencial do insignificante Solidariedade para participar no colóquio. A contribuição mais relevante da legenda vem sendo a de responder “impeachment” a qualquer questão do cenário político.
Reveladora quando se sabe que o ex-sindicalista protagoniza vários processos e membros do seu grupo estão enrolados até o pescoço na Lava Jato. Detalhe: o partido destacou-se como o único a soltar nota de solidariedade, sem trocadilho, ao pronunciamento destemperado de Eduardo Cunha após ser acusado de beneficiário da corrupção. Nem a legenda dele, PMDB, atreveu-se a tanto.
Nesse clima, nenhum recesso parlamentar coloca tropas em descanso. A coisa é bem maior. Na verdade, a conspiração sempre prefere trabalhar à sorrelfa. Limites constitucionais, veleidades jurídicas e direitos elementares mais atrapalham do que ajudam num cenário de vale tudo.
As denúncias contra o ex-presidente Lula trazem novo exemplo. Vão das baixarias das “nove digitais” esgrimidas num documento tucano até acusações de… ajudar a expandir negócios do Brasil no exterior quando já havia deixado o cargo público! Por causa disso, Lula virou alvo de ação estimulada por um procurador notório pela campanha nas redes sociais contra o PT; e por outro que tem mais de 200 ocorrências de negligência no exercício da função. Já a fundamentação judicial nem zero tiraria em redação de vestibular.
Quem vai assumir a responsabilidade por tanta irresponsabilidade? A sensação é a de um conjunto de forças sem liderança. Sua única bandeira parece ser Delenda est PT. Em torno dela, cada um opera a seu bel prazer –Sergio Moro, Rodrigo Janot, procuradores excitados, Polícia Federal desgovernada, parlamentares paroquiais– tudo isso diante de um governo entre atônito e preocupado, mas sem iniciativa face à degradação das condições de vida da maioria. Cabe lembrar: nem sempre do caos nasce a ordem.
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A meu ver, muitos severinos e muitas heloísas ainda surgirão no cenário político, nesse cenário escasso de oposicionistas ou pseudo aliados.
E somente o tempo dirá como será o destino político de cada um deles.
COM esta inapetência política, o governo está pior do que bêbado sem equilíbrio, andando na corda bomba de sombrinha, sem rede de anteparo abaixo. Neste circo de horrores, a cena seguinte é a volta dos mortos-vivos do pensamento único requentado do consenso de Washington.
Dilma não pode continuar oferecendo à História apenas o seu exemplo pessoal de valentia,
heróico e admirável, de resistência nos porões da ditadura, mas assumir agora a defesa épica do seu povo. Agora ou nunca mais!
Como se vê, um colunista da Folha.
De opiniões pueris. Conspirar é verbo intrínseco da política. Políticos conspiraram noite e dia. Assim foi os bastidores do impeachment de Color, assim foi Dilma lá em Lisboa com Cardozo e Lewandovsk. Prefiro conspiração pela disputa do poder do que conspiração para roubar direitos trabalhistas e previdenciários, jogando o povo na miséria. Arrancar o mandato de uma presidenta tão irresponsável para com as contas públicas, tão catalisadora dos escândalos de corrupção, tão nociva para as condições de vida do brasileiro pobre, é uma obrigação que qualquer adversário político tem que fazer, o povo agradece esses tipos de conspirações.
Outro verbo da política pueril Ricardo é o de trair. Bendita traição que nos traz à tona a maior corrupção, online e à cores, do país, é, a aliança PT-PMDB tá dando muito trabalho à Justiça e aos policiais..
Quanto ao Barba, não adianta lamentar, a batata já assou.
Assim foi o inicio da Lava-Jato. Todos os blogs e colunistas petófilos criticavam e desmereciam a Operação mediada pelo Moro. E a Operação mostrou que está certa pois desmantelou a quadrilha na Petrobrás com a prisão de seus ex-diretores e dezenas de outros.
Assim vai ser a justiça federal para com o Lula. As provas já estão lá. De forma sádica serão vazadas aos poucos e-mails, depósitos, transferências bancárias com as datas da celebração dos empréstimos e assim por diante. Já sabendo disso os advogados criminalistas do Barba sigilo no inquérito, que não vai adianta.
A prisão do mercador de maracutaias é uma cônica anunciada.
Volta para o esgoto "clovis"...
Cloves,
No mundo cinza em que vives os verbos conspirar e trair parecem ser os que mais o regozijam.
Ademais, você parece muito bem informado a respeito das provas produzidas. Prém o que se tem, por enquanto, são depoimentos de delatores (!).
Você deve ter vivido os anos 90, por certo. Se não, procure nos sites da imprensa golpista que o subsidiam. A tal da crise de hoje tão apregoada pela imprensa golpista não é nem fichinha perto do que acontecia naqueles anos de triste lembrança. A corrupção grassava pelas terras tupiniquins e jamais foram apuradas. É notória a não atuação do chamado "engavetador geral da república".
E arrancar o mandato de Dilma, democraticamente eleita pelo voto popular é golpe. E seus comentários deixam claro. Você apoia o golpe.
Se você insistir em mentiras, quem acaba processado é você. Lula não é investigado na lava Jato, mas se você disser que é, pode ser processado por calúnia e difamação. E já que acredita tanto na eficiência da justiça brasileira, melhor contratar advogado.
By the way, Lewandowski é presidente do STF, chefe de um poder, e pode se encontrar com a Presidenta do Brasil e chefe do Executivo quando quiser. Gilmar Mendes é apenas ministro e nessa condição não tem nada a negociar com deputados. Para quem se julga tào probo, o que teria GM a conversar com deputados indiciados e acusados diversas vezes de crimes? Me lembra a historinha do amiguinho Demóstenes.
Por isso que sempre insisto: é besteira dar importância para os militares.
E tem mais: esse pessoal que sai às ruas pedindo golpe militar não é tão bobo quanto pensamos.
É puro jogo de cena. Falam dos militares para desviar o verdadeiro foco golpista.
Eles sabem que o golpe, hoje, vem do Judiciário, MPF, PF.
Está escancarado.
E vou além: mesmo Renan e Cunha podem estar sendo vítimas dessa conspiração.
Sei que é um pouco de neurose, mas, cá entre nós, faltou “neurose” por parte da resistência em 1964.
Vejamos: Se Dilma caísse por irregularidades de campanha, Temer iria junto. Na linha de sucessão, viriam os presidentes da Câmara e do Senado, ambos passíveis de ser deletados de cara. Quem assumiria a presidência da República? O presidente do STF, ou seja, o representante maioral do Judiciário! Atualmente está lá um homem honrado, mas…
Ah, mas ele teria que convocar novas eleições e blá blá blá.
Sim, é claro. Os militares em 1964 também: só iam botar ordem na “bagunça” e marcar eleições em 1965. Pois é, o fim da história todo mundo já conhece.
Gente como Adhemar de Barros e Carlos Lacerda não somente apoiaram como patrocinaram o golpe militar porque acreditavam poder chegar ao Planalto pelo voto. Resultado: foram cassados!
Vejam bem: os figurões do MPF, Judiciário e PF são vendidos como reserva moral da nação, quase como antípodas perfeitos da “canalha política”. Não vai ficar difícil para eles, depois de um “legalíssimo” golpe hondurenho-paraguaio, cometerem um golpe dentro do golpe.
Sei, sei, é teoria da conspiração demais. Bem, em 1964 também era.
A história, aqui, pode se repetir como… tragédia mesmo.
Ricardo Melo ainda têm o emprego dele na Folha? Porquê a nossa imprensa é famosa por demitir quem aponta que o rei está nú (ou para os incapazes de entender, a nossa imprensa não aceita que um repórter dela fale a verdade).
Sim, Daniel, o emprego dele está garantido.
Mas, por via das dúvidas, tem um revisor bem esperto procurando acrósticos em seu texto.
Se não bastasse a ode de conspiradores, a Luciana Genro numa crise dessas chamando um novo 13 de julho. Para você entender, pelo poder todos são irresponsáveis, o povo é só um detalhe. Aliás o que vale é a grana entupindo barões da mídia e grupos políticos infiltrados em todas as esferas republicanas para conspirarem. As conspirações não são só para derrubar governos é para encher a barriga dessa turma com dinheiro público, dinheiro de impostos, a coisa é tão violenta que o que se vê são artistas medíocres, até laranjas de ladrões ou vigaristas da política comprando casas de milhões nos EUA quiça até com dinheiro duvidoso, quem sabe. Um presidente da câmara tentar esconder por anos quem tem dinheiro não declarado no exterior, sonegado ou até envolvido em ilegalidades de toda ordem, tem algo muito errado, ou ele tem ou algum laranja conhecido tem, antigamente laranjas eram só em pomares, agora, nossa, tem laranja federal, estadual, municipal e universal. Os campos são diferentes, as conspirações são as mesmas para o mesmo povo.
O Globo omitiu deliberadamente trechos fundamentais da explicação dada pelo Instituto Lula acerca das acusações que aquele jornal vem repercutindo contra o ex-presidente Lula. Esta é a prova final das intensões golpistas da Globo. É a prova mais contundente de que as Organizações Globo estão no centro do golpe contra a democracia e contra o povo brasileiro. Ela - a Globo, é a mentora e a promotora do golpe. Que agora, neste momento, concentra-se em tentar fazer do grande líder nacional Lula um reles condenado inelegível, para tentar interromper a marcha do Brasil rumo à inclusão social de seus marginalizados e ao status de país de classe média, condição fundamental para alcançar seu grande destino de potência mundial. Se a Globo está a manipular o noticiário para destruir a figura de Lula, e se ela é a mais poderosa arma da comunicação no Brasil, então podemos também acreditar que é ela - a Globo - que está com o leme do Golpe.
Esta gentinha só tem tanto poder porque conta com o respaldo da mídia golpista que promove diuturnamente lavagem cerebral na população, desde as camadas mais baixas, via os programas sensacionalistas de TV e telejornais, até a classe média alta através das "excelentes" revistas e jornais que eles assinam. Sempre foi a mídia quem se ocupou de dar legitimidades aos golpes em qualquer lugar do mundo. Que fique a lição para os progressitas do futuro: não se deve perder tempo buscando conciliações com a extrema direita e os entreguistas.
O papel do Paulinho é tentar dar legitimidade
como se a classe trabalhadora estivesse apoiando o golpe.
É um contraponto à reação da CUT.
Mas ainda não prenderam um dos três conspiradores?? (aquele, o achacador das 5 milhas...)
Para quem ainda não sabe, bem vindos a um golpe de estado.
O trio golpista já se reuniu (CUnha do legislativo, Gilmau do judiciário e Pauzinho da industria) e avança sua pauta de direita (inimiga do Brasil) dia após dia.
Alguém precisa chamar os progressistas às ruas para mantermos o governo eleito no poder, é hora de se unir senão tomaremos mais retrocesso e ficaremos novamente à margem da história.
Chamem os movimentos, trabalhadores, estudantes etc progressistas do país. Convoque-os, vamos ver quem topa (pq tá cheio de traidor do país, por ex. partido que pediu novas 'manifestações de junho', os acalma-greve, etc).
Chamem por ações anti-golpistas e anti-impítima e pela CF/88 e democracia que tão indo pro lixo.