Ninguém é tolo de pretender “democratismos” demagógicos, do tipo achar que não se pode, em instituições ou empresas, haver bons salários e até, áreas privativas dos diretores.
É obvio que tem de haver restrições, até para não expor, por exemplo, o (ou a) Presidente da República, no cotidiano do Palácio, a se encontrar com um deputado “mala sem alça” que vai ali cavar alguma coisa.
Mas o Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo, dá um merecido “pau” no coleguinha Fernando Rodrigues pelo fato de ele dizer que o Palácio do Planalto “constrangeu” o presidente da Inbev, Jorge Paulo Lemann, por fazê-lo subir ao gabinete presidencial pelo “elevador comum”.
Ora, elevador “comum” no Planalto não é um trem da Central lotado, para começar. E até nem seria estranho a Lemann, já que, segundo Fernando Henrique Cardoso – na biografia do empresário – “quando o Jorge Paulo precisa ir a Zurique, pega um trem, conta o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”.
Depois, chamar Lemanm de “empresário suíço-brasileiro” é o resultado provavelmente da pesquisa de um funcionário qualquer do Cerimonial de buscar na Wikipédia uma identificação do visitante. Poderia ter sido o inverso (brasileiro-suíço, como fez a Exame, da Abril, ao listá-lo entre os mais ricos do mundo) ou apenas brasileiro, e nada disso certamente iria representar ofensa a um homem que, no seu passado – aliás, brilhante – de tenista defendeu, na Copa Davis, tanto a seleção suíça quanto a brasileira.
Mas, claro, isso tudo foi uma “vingança” de Dilma porque Lemann – ou seus sócios – teriam apoiado Aécio Neves… É capaz de acharem que a própria presidenta orientou o ascensorista e corrigiu o dátilógrafo: “bota aí que ele é suíço-brasileiro”…
O nome do que faz Fernando Rodrigues é, em bom português, sabujice…
Leia o texto de Paulo Nogueira, no DCM.
O dia em que o homem mais rico
do Brasil pegou um elevador comum
Um texto da grande mídia me chamou particularmente a atenção na semana passada.
O motivo é que ele era extraordinariamente revelador da mentalidade que domina as corporações jornalísticas.
O autor do texto é o jornalista Fernando Rodrigues, do UOL.
Ele escreveu sobre o “constrangimento” imposto ao “homem mais rico do país”, Jorge Paulo Lemann, por este ser obrigado a usar o elevador comum numa visita a Dilma no Palácio do Planalto.
Usar elevador comum é fonte de constrangimento: este é o ponto de Fernando Rodrigues.
Um fotógrafo reconheceu Lemann e registrou a cena. Rodrigues classificou-a, triunfante, como um “furo”.
Pobre sociedade brasileira.
Na Escandinávia, como Claudia Wallin mostrou em seus textos, juízes da Suprema Corte se locomovem de bicicleta de casa rumo ao trabalho. Dirigem seus próprios carros, pagam suas contas, lavam suas roupas.
E dividem os elevadores com as pessoas que querem subir ou descer.
Primeiros ministros também.
É uma cultura igualitária – e é aquela pela qual se bate o DCM.
No Brasil, pelo menos no Brasil das empresas de jornalismo, é o oposto. Um empresário pegar o elevador comum é um embaraço.
É uma coisa que reflete o que os jornalistas vêem em seu ambiente de trabalho. Quase sempre, quando os patrões chegam, os elevadores são imperialmente bloqueados aos demais funcionários.
Sua Majestade chegou.
Essa mentalidade está na raiz dos privilégios dados ao chamado 1%. Entende-se que eles não pertencem ao mesmo mundo de todos os outros, mas a uma esfera superior, digna do tratamento dispensado aos Luíses da França pré-Revolução.
Pegar seu próprio café passa a ser um insulto. Lavar sua própria sujeira, pior ainda. Dirigir seu próprio carro, nem pensar.
Aliás: quem falou em carro próprio?
Veja os juízes do STF. Não apenas andam de carros pagos pelos contribuintes como têm motoristas para levá-los a almoços e jantares que não pagarão com o seu dinheiro.
É isso também que leva um senador como Aécio a achar normal requisitar um avião da FAB, sustentado pelos contribuintes, para uma missão patética na Venezuela.
Na classe média, essa mentalidade é uma tragédia. Não lavamos nossos pratos, não fazemos nossa cama. E se quem faz isso por nós ascende socialmente, como aconteceu nos últimos anos, ficamos revoltados e vamos bater panelas.
Na Escandinávia, vigora a Janteloven, um código de conduta derivado do que vigorava nos romances de um escritor antigo local.
O primeiro mandamento é: “Não sou melhor que você e nem pior.” O lixeiro não é pior que o primeiro ministro, o milionário não é melhor que a faxineira.
No Brasil das companhias jornalísticas, um empresário sofre um constrangimento se pegar um elevador ao lado de gente comum.
O dia em que esse tipo de mentalidade desaparecer – e o DCM contribuirá para tanto, na medida de nossas modestas possibilidades – seremos uma sociedade enfim desenvolvida.
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Isso é como eu vivo dizendo faz um bom tempo: Socialmente falando o Brasil parou na Idade Média. A nossa "elite" acha que ainda temos um rei e que eles seriam a "nobreza" medieval e nós - reles mortais comuns - seríamos a "plebe".
A nossa elite é VAGABUNDA
Mas aqui trata-se da indignação de um sabujo-vassalo que tomou as dores do empresário (que, pelo visto não se queixou).
Lembrando os capitãoes-de-mato, os puxa-sacos da elite são bem piores do que a elite.
De fato na Idade Média assim como existiram os "nobres" e "plebeus", também existiram os "vassalos" atendendo caninamente os desejos dos seus senhores na esperança de ganhar privilégios. É o caso do Fernando Rodrigues, assim como os nossos endinheirados acreditam ser "nobres da corte" ele acredita ser um desses "vassalos" fazendo as coisas mais repugnantes e abjetas na esperança de atrair a boa vontade dos seus "lordes". E um "vassalo" pode ter a alma tão podre e corrupta quanto o "lorde" que ele procura agradar.
É isso mesmo Vitor! Temos uma classe média que, pelas migalhas que caem da mesa dos poderosos são capazes de qualquer ignomínia, como essa desse pseudo jornalista da uol. Um sabujo na melhor acepção do termo...
Bom dia,
claro que Lemann não é qualquer um. Seu dinheiro vale mais que o dinheiro da Brahma, skol ou qualquer outra marca que é vendida em um botequim de favela nesses confins de Brasil. Pois aquele dinheiro pego em lugares de favelas são submetidos a rigorosos tratos de purificação para que perda o cheiro de POVÃO e vire uma moeda de rico. Pois no Brasil tens vários dinheiros ( do miseravelmente, pobre, pobre médio(classe média), classe média alta, rico e Lemann)e até chegar nele o money passa por purificações, pois esse senhor é diferente, não pode tocar qualquer money com DNA de pobre ou se quer andar de elevador no Brasil,pois um simples contato de corpo o coloca como pobre.
Não é esse artista que tem uma sorveteria em sociedade com a filha do Cerra? Quer dizer que se não fosse a sorveteria ele estaria quebrado?
E a tal de Dellito. Pelas relações, com quem, já fico com o cachorro atrás da orelha.
É o próprio, Mário alex! Ele mesmo.
E o indignado jornalista Fernando Rodrigues é aquele que se sentou sobre a lista do HSBC!
Então ficou tudo muito claro. Um cafajeste, que trabalha na imprensa -se é que se pode chamar assim- e esconde dos leitores, da sociedade geral, da qual o canalha ganha sua vida e paga sua sabujice, a lista dos corruptos e sonegadores da elite, a qual ele acalanta suas mãos no saco escrotal dos barões...esperar o quê? Me digam? Não seria o contrário, se jornalista ele realmente fosse, daria um furo de reportagem e divulgaria a lista para que a sociedade fizesse seu julgamento, e principalmente cobrasse das autoridades -não do Zé Injustiça- uma investigação séria!
Esse mesmo, um pretenso "dândi" da nossa execrável imprensa!
Caro Fernando
Ha um artigo muito bom no Palavra Livre.Sugiro republicar.Grata.
Só pelo titulo da materia do Fernando Rodrigues nem me dei ao trabalho de le-la. Credo! É cada uma! Minha avó sempre dizia que quando muito se abaixa mais a bunda aparece. A do Fernando Rodrigues está à mostra já tem tempo.Cobre ela moço. Já está ficando feio demais.
O problema Regina é que ele a quer mostrar, pelo menos para o Lemann!
Essa direita no BRASIL é cachorro vira-lata mesmo.Está incrustado na alma destes.Eles odeiam o BRASIL.Sua sina será sempre de um vira-lata submisso,eles não evoluirão.E o pior, tentam incutir no povo brasileiro o mesmo sentimento. É um doença incurável que eles terão que conviver até morrer.O PIG não tem cura.
Conta a história da fusão da Antártica com a Brahma. Tem muita coisa interessante no meio.
Isso mesmo. Alguém um dia ainda vai contar o que rolou para que o CADE permitisse essa fusão, dando de mão beijada mais de 70% do mercado brasileiro de cervejas ao Leman e seus dois sócios.
Algum tempo depois esse mesmo CADE bloqueou a compra da Chocolates Garoto pela Nestlé, alegando que isso daria o controle de 50% do mercado de chocolates à Nestlé. Ou seja, 70% pode, já 50% é oligopólio.
Haja "influência", né, seu Leman?
Fernando Rodrigo ficou indignado que um dos seus ídolos pegou elevador. Se ele soubesse de tal constrangimento provavelmente o levaria nas costas para o empresario não gastar sapato. Falou telefonema.
Ainda estamos aguardando pela queda da Bastilha !
Não, o Haiti não é aqui. É a província colonialista que está mais viva do que nunca. E os senhores tem muitos babaovos de plantão como aquele que se diz jornalista e escondeu a lista do escândalo suíço. Miséria humana é pouco para descrever esses personagens.