Sábado de união; dias de conflito

Infelizmente, nem mesmo uma tragédia imensa foi capaz de fazer com que muitos brasileiros, sequer por um momento,  se deixassem ser menos agressivos e mais solidários.

Espera-se que, ao menos, nas cerimônias fúnebres de hoje, cesse o clima de hostilidade que, há tanto tempo, é insuflado na sociedade brasileira.

Nós, jornalistas, que perdemos vários companheiros no mesmo desastre que vitimou o time da Chapecoense, temos responsabilidade em colocar limites ao ódio político.

Até porque o ódio político tomou conta não apenas do sistema empresarial de mídia, mas das próprias instituições de nosso país.

Passamos a comemorar a morte, a prisão, a condenação, em lugar da vida, da liberdade e da inocência a que todos têm direito que lhe seja presumida.

Estamos produzindo uma deformação dos sentimentos humanos que custará muito a desfazer.

Incrível, pois faz poucos anos, todos – ou quase todos – celebrávamos o despertar nosso país.

Desafortunadamente, a elite brasileira e a pseudoelite que incorpora seu discurso são incapazes de aceitar que a massa excluída do povo brasileiro possa, minimamente, integrar-se ao tecido social.

Enojaram-se dos aeroportos, acham caro garantir uma ração mínima aos que têm fome de séculos, querem um “padrão Fifa” para os hospitais e escolas que não frequentam porque isso desqualifica o que temos, o que conseguimos.

Que ao menos hoje, quando se velam os corpos daqueles esportistas que estavam a caminho de um sonho e foram abatidos pela mesquinhez irresponsável, possamos ter algumas horas em que nos lembremos da sacralidade da vida e de que somos absolutamente iguais em nossas fragilidade e fortes, apenas, quando somos um povo, que reparte mãos e sentimentos.

De alegria ou, como hoje, de tristeza.

Fernando Brito:

View Comments (8)

  • A culpa é da mídia, da Globo principalmente. Não é claro isso?

    A Globo deveria ser processada por crimes contra a humanidade. O ex-minitro Aragão já deu essa senha, pois há um precedente no caso de uma rádio, acho que na África.

    O que a Globo faz não é certo. Eles têm que pagar pelos crimes que cometeram e cometem. O que se vê nas lutas entre brasileiros é abominável.

    • William Santos, mas quem iria processá-la ? Quem, pelo amor de Deus ?

  • Bela reflexão, Brito!
    Tenho pensado que é chegada a vez dos jornalistas se voltarem contra a onda ódio que, de certa forma, ajudaram a insultar (sendo participes de uma cobertura mediática manipuladora), seria um sonho se, em peso, recusassem cobrir as manifestações odientas e fossem, eles mesmos, às ruas pedir união em torno das diretas...seria um sonho.

    • Maria Lúcia Fattorelli: a brasileira que audita a economia grega para o Syriza

      Maria planeja fazer na Grécia o que já ajudou a fazer no Equador: permitir que os gastos sociais superem os gastos com o sistema financeiro.

      30/03/2015

      Uma das pontes entre o Brasil e as novas experiências políticas da esquerda socialista europeia chama-se Maria Lúcia Fattorelli. Auditora da Receita Federal desde 1982, a coordenadora do movimento Auditoria Cidadã da Dívida foi convidada por Zoe Konstantopoulou, deputada do Syriza que ocupa a presidência do Parlamento Grego, a compor o Comitê pela Auditoria da Dívida Grega.
      Maria Lúcia já participou de processo semelhante no Equador, quando o presidente Rafael Correa decidiu pela anulação de 70% da dívida que emperrava o investimento público. “Pela primeira vez na história inverteu-se a equação: os gastos sociais superaram os gastos com a dívida”, lembra em entrevista à Carta Maior.

      (...)

      FONTE [LÍMPIDA!]: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Maria-Lucia-Fattorelli-a-brasileira-que-audita-a-economia-grega-para-o-Syriza/7/33158

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