A jornalista Malu Gaspar, em O Globo, diz que Bolsonaro teria, definitivamente, desistido de ir ao debate marcado pela Bandeirantes para este domingo.
Mesmo sem a confirmação oficial, muita gente discute – ainda sem saber se Bolsonaro estará ausente mesmo ou se é uma “molecagem” do atual presidente para “fazer que ia, não fui, mas acabei fondo“, como dizia Dadá Maravilha – se Lula deve ir, mesmo sem seu principal adversário.
Penso definitivamente que não.
Não creio que estejamos discutindo o dever de debater suas ideias e de levar seu pensamento ao eleitor. Não está faltando oportunidade para isso.
A questão é que sem Bolsonaro não indo, Lula não tem razão para arrastar uma audiência que Ciro Gomes e Simone Tebet estariam a anos-luz de ter.
Para os que gostam de futebol é o mesmo que Palmeiras e Flamengo aceitarem disputar um torneio quadrangular com o São Cristóvão, do Rio, e o XV de Piracicaba, de São Paulo: o Palmeiras ou Flamengo desistem e o outro vai lá, arriscar-se a uma contusão e ainda levar público para o adversário?
Porque é mais sério um torneio de futebol que a eleição decisiva para um país?
Bolsonaro, como escrevi bem cedo, está furioso – e a Folha registra a cachoeira de palavrões que soltou numa reunião pública com empresários – e pode, mesmo, estar fugindo do debate. Mas pode – não há forma de prever com o mau-caráter que tem – apenas montando uma armadilha com este suspense.
Cautela e canja de galinha nunca mataram ninguém. Lula tem o direito pessoal de correr riscos, mas nós podemos preferir, porque há mais em jogo para todos, que não deve.