Um levantamento feito pelo economista Lucas Assis, da Tendências Consultoria, a pedido do O Globo mostra mais um lado cruel do “estado de desemprego permanente” em que vive a sociedade brasileira. Não são apenas as multidões de desesperados por conseguir uma ocupação, mas como o desespero faz com que os “felizardos” que conseguem uma tenham de aceitar remunerações cada vez menores.
Antes de o governo Dilma Rousseff ser paralisado (e depois, derrubado) pelo impeachment, eram apenas 14% entre os que tinham carteira assinada e perto da metade entre os informais (49,8) mas, como o número destes tinha ficado menor que o dos registrados, a média nacional era de 27,7%.
Quase sete anos depois, os números dispararam. Agora, entre os com carteira, quase um em cada quatro ganha só o mínimo e, entre os que “se viram” sem ela são mais de seis em cada dez. Na média, vamos chegando a 40% ganhando menos do que o salário mínimo, mesmo com a perda de valor que este teve no governo Bolsonaro.
A “criação de vagas se deu à custa da precarização do trabalho: surgiram 7 milhões de vagas com rendimento de até um salário mínimo. Em contrapartida, foram destruídos 2,4 milhões de postos de trabalho com rendimento superior a esse patamar. E, dos postos de trabalho, 75% foram sem carteira assinada, sem garantias, portanto.
É quase a realização prática da fala presidencial de que era “melhor algum emprego sem direitos do que direitos sem emprego”. Ou uma versão melhorada: menos emprego, menos direitos, menos salários.
É claro que, se aumenta a proporção de trabalhadores ganhando apenas o mínimo, também há um rebaixamentos dos salários de quem ganha pouco mais que isso.