Não tenho – e ninguém tem – condições de prever se haverá ou não segundo turno.
Os intervalos para os quais todas as pesquisas refluíram mostram um quadro bem definido em suas direções, mas com intervalos tão pequenos até a definição de uma maioria absoluta para Dilma que depende de detalhes que fugiriam a levantamentos feitos sem qualquer suspeita de distorção.
Explico: estes 50% são como aqueles jogos que, no futebol, chamamos de “jogo de seis pontos”, que ocorrem quando dois times disputam uma mesma vaga. Um por cento que se ganha, se é ganho dos adversários, vale 2%, porque se tira do “bolo” que forma a soma dos adversários.
Assim, na eleição passada, por exemplo, os 3,08% que faltaram a Dilma para fechar na primeira rodada significariam ela ganhar 1,54% desde que isso fosse retirado dos adversários.
Eu tenho – e não o oculto – lado e torcida, paixão mesmo.
Mas não deixo que isso transtorne meu raciocínio, tanto quanto penso conseguir.
Por que esta euforia da direita com a possibilidade de Aécio enfrentar Dilma num segundo turno?
Como, se numa análise fria ele apenas conseguiu voltar aos patamares que tinha antes do acidente que matou Eduardo Campos, algo em torno de 23 ou 24 por cento dos votos válidos?
Ainda que chegue a 28 ou até a 30%, terá tido um resultado inferior ao que teve José Serra com Marina pouco mais ou menos no patamar de 2010.
Mas não é só isso.
Será um candidato que perdeu onde não poderia perder: Minas Gerais.
E feio, feio.
Num segundo turno, a solidariedade mineira a que poderia aspirar é aquela que Otto Lara Resende, certa vez, definiu de forma mórbida.
Aécio pode ganhar em três ou quatro estados. Ou em nenhum, pois seus números nas pesquisas de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Brasília não permitem assegurar que isso vá acontecer.
No resto, perde longe ou muito longe.
E mesmo ali, quanto o caro amigo e a querida amiga apostaria na solidariedade de um Geraldo Alckmin já eleito e de um Serra ressuscitado como Senador?
Nem vamos falar da capacidade intelectual, dos negócios familiares e da imagem moral do personagem, não é?
Não apenas por isso, mas porque Marina se adonou de um eleitorado que nada tem a ver com a elite paulista, porque aquele que se identifica com este pensamento já migrou de volta para Aécio ou migrará amanhã, à medida em que a ex-senadora deixa de ser uma candidata viável para a continuação do sonho de derrubar o projeto lulista para o Brasil.
Embora ideológica e organicamente mais próxima da direita em 2014, a expressão eleitoral de Marina Silva terminará em patamar quase idêntico aos 20% que teve em 2010, quando também cumpriu a missão de evitar uma vitória de Dilma no primeiro turno.
Então, quem será o adversário para valer, forte e poderoso que Dilma Rousseff enfrentará no segundo turno, já que Aécio é um fraco adversário e Marina muito provavelmente se imobilizará num emaranhado de falta de organicidade e as contradições – e até ressentimentos, rancorosa como é – que carrega?
Está claro que será a mídia e sua já sem limites capacidade de ser partidarizar da pior forma possível: a de construir um noticiário montado sobre intrigas, acusações e, numa palavra, mentiras?
É por isso que venho insistindo aqui que as pesquisas sobre este possível segundo turno são irrelevantes.
O adversário, o partido a ser batido é a mídia, não o cambaleante PSDB que sai das urnas, no qual há mesmo grupos que não desejam que seus adversários internos “corram o risco” de ganhar uma eleição presidencial.
Aécio é apenas o candidato, não o adversário de verdade.
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bela leitura, vc foi brilhante na sua analise concordo com vc.
Caro Fernando, Sendo assim com vc descreveu, melhor seria para Dilma enfrentar a Marina num eventual segundo turno? O que vc acha?
Seja no primeiro turno, seja no 2º, por mais dura que seja a luta, uma coisa é certa: o monturo tirou a máscara, a fantasia, e está nú.
Bom dia Fernando. Nessa hora confusa seria muito interessantes seus digníssimos leitores lerem um artigo brilhante de JT Palhares e ainda mais o link que está ao final do primeiro post. Ele acertará??? Em
http://refazenda2010.blogspot.com.br/
Muito obrigado e torço para que termine amanhã!
Análise perfeita.
Fernando, sei que nunca participastes de nenhum cargo eletivo. Mas acho que serias, caso tenhamos uma constituinte da reforma política, que todos esperamos que saia, um grande candidato. Pense sobre esta possibilidade, com certeza terias apoio de teus seguidores e de todosblogueiros sujos. Serias o representante destes.
Abs e rumo a vitória hoje no primeiro turno.
Sabem de uma coisa depois de ler esta postagem sua, eu fiquei mais acredito no primeiro turno, mas fiquei mais tranquilo e sereno, se por ventura tiver-mos que ir para o segundo turno, e verdade vamos lutar contra o pig, e não contra o playboy, vamos lutar contra os escândalos e as mentiras que eles ainda tentarão jogar pra cima do governo, sim porque nada mais eles tem para oferecer ao eleitor a não ser isso pra eleger um coronel playboy entreguista de pátria como Aécio,Mas eu vou pro voto amanha bem mais tranquilo e pelo caminho com calma e com jeito vou pedindo um votinho pra Dilma.
Graças ao petismo, o Brasil ficou totalmente limpo dessa praga
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O fim da corrupção
http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/155773/O-fim-da-corrup%C3%A7%C3%A3o.htm
E não falta muito. Basta alguns petistas votarem em Aécio que será esse contra Dilma. Vamos garantir isso que o resto é fácil
Mas que é estranho que Aécio tenha subido ver-ti-gi-no-sa-men-te, dos 9% no, início, oscilou entre os 12, 14 e estancou mais ou menos nos 15. Em menos de 3 dias, subiu aos 27%?! ?!!! como é que é? Spilperg anda dirigindo um remake de 'o milagre veio do céu' aqui no Brasil? Outro milagre?Então, vamos combinar que isso está cheirando a outro remake, um atual Proconsult em dimensões nacionais. Vindo de onde mesmo? Da mídia, a mesma velha e asquerosa mídia dos golpes. E com direito a calunistas , como o Josias da FSP, afirmando que o bom das eleições é o que surge de repente? De repente, cara pálida, só mesmo a cara de pau da oposição nacional.
http://mudamais.com/divulgue-verdade/face-face-de-aecio-na-matematica-tucana-quem-sai-perdendo-e-populacao-brasileira
Face To Face de Aécio: Na matemática tucana, quem sai perdendo é a população brasileira
Na sexta-feira (3), Aécio lançou a última parte de seu programa de governo pelo Facebook . Dessa vez, o papo foi sobre economia, com aquele que seria o Ministro da Fazenda de Aécio, caso o tucano fosse eleito, e é um de seus principais conselheiros econômicos, Armínio Fraga.
Armínio é o defensor das “medidas impopulares” de Aécio. A principal delas diz respeito ao salário mínimo. Apesar de dizer no Facebook que Aécio se compromete com a política de valorização do salário mínimo, a opinião do economista ainda em abril deste ano era bem diferente. Em entrevista ao Estado de S. Paulo , Armínio afirma que “o salário mínimo cresceu muito ao longo dos anos. É uma questão de fazer conta (…) mas o salário, em geral, precisa guardar alguma proporção com a produtividade”. Ou seja, para o Ministro da Fazenda de um possível governo Aécio, o salário mínimo está muito alto e tem que ser segurado para garantir a produtividade.
Outros pontos incoerentes entre o que Aécio diz que vai fazer e o que seus assessores querem que seja feito, de fato, diz respeito à participação dos bancos públicos na economia. Assim como Marina, Armínio Fraga defende uma menor participação do BNDES com subsídios. Isso prejudicaria, como já explicou a presidenta Dilma, programas como o Minha Casa Minha Vida e o Plano Safra, além de gerar impacto negativo nos financiamentos da casa própria, do carro, compras a crédito, eletrodomésticos e etc. Para Armínio, “o BNDES vem se agigantando, fazendo empréstimos a taxas muito baixas sem, a meu ver, uma análise do impacto social desses programas, até para que se possa decidir se vale a pena continuar ou não”. Ele também afirma que o papel do BNDES, a médio prazo, será menor na economia.
Apesar de querer confundir o eleitor, a política econômica de inspiração neoliberal seguida à risca pelos tucanos, fica clara em uma resposta que Armínio Fraga deu no lançamento do programa de Aécio. Ao ser perguntado sobre como faria para equilibrar o controle da inflação com a política de juros baixos, o conselheiro do tucano responde que “o governo atual vinha pisando no freio com juros e no acelerador com gasto público e crédito. Alinhando melhor essa política, podemos ter melhores resultados". É fato que os tucanos não acreditam em um Estado forte trabalhando em favor do povo. O próprio Armínio declarou, na mesma entrevista, que “é cético em relação à ideia de que um país como o nosso pode se desenvolver com um Estado grande demais”.
Para Aécio Neves e seus consultores, o mais importante é manter o mercado contente, mesmo que para isso tenha que haver desemprego, corte de direitos e arrocho salarial. Dar à sociedade o que ela precisa, na opinião de Armínio, é fazer populismo : “Mas é fato que se você fizer uma pesquisa, vai identificar que a sociedade quer tudo. Mas isso é uma grande ilusão. É preciso pensar a coisa de uma forma dinâmica (…) Eu não sou político. Vejo apenas a necessidade de um debate honesto. Não populista”.
Na contramão desse discurso neoliberal, Dilma e Lula conseguiram tirar 36 milhões de brasileiros da pobreza extrema, valorizar renda, gerar emprego, manter o país crescendo e a inflação dentro da meta estabelecida. Enquanto a oposição quer cortar os direitos da população brasileira, Dilma já declarou “eu não fui eleita e não serei eleita para demitir, cortar salário e diminuir renda”. A diferença é gritante e o povo não quer voltar ao passado. Quem já mudou muito, vai mudar ainda mais.